Na tarde do primeiro dia da 12º OID, o professor e pesquisador da UFRJ Henrique Antoun trouxe sua perspectiva história sobre os processos políticos e suas relações de confluência com as ruas para a mesa "As redes, as ruas a as políticas públicas", junto com Diogo de Sant'ana, secretário executivo da Secretaria Geral da Presidência da República, e Beá Tibiriçá, integrante do Coletivo Digital.
Para ele, o processo que vivenciamos agora, de diluição de grupos e de sentidos, teve sua origem nos primórdios da internet, onde os grupos de discussão da Usenet transformaram tudo, cristalizando uma mudança que já vinha surgindo individualmente e encontrou eco na rede. Para eles, estes debates extremamente localizados em grupos muito específicos podem ser vistos como uma espécie de prelúdio ao esfacelamento dos partidos e à formação de coletivos diversos.
E, nesta lógica, também encontra-se a resposta para uma pergunta repetida inúmeras vezes no Brasil (e no mundo) sobre as manifestações que ocorreram em junho de 2013. A idéia de um sentido unitário, pragmático e superior, que seja seguido por todos e leve adiante a movimentação social, é substituída pela união de muitas microlutas em torno de causas pontuais e transitórias, sejam elas a passagem do ônibus, o parque virando shopping ou a luta pelo casamento igualitário.
Mais ou menos como disse o filósofo esloveno Slavoj Zizek: “O que a maioria das pessoas que participaram dos protestos compartilha é um sentimento fluido de desconforto e descontentamento que sustenta e une demandas particulares”.
Texto: Mari Messias Foto: 3MC Fotografia