Olá!
Há algum tempo escrevi um texto sobre mulheres na tecncologia para a revista Atittude. Na semana passada recebi a edição impressa, como já foi publicada, compartilho com vocês essa reflexão sobre o nosso papel fundamental para a computação, a redução da quantidade de mulheres nessa área e como estamos trabalhando para contornar esse problema. Confira o texto abaixo. :-)
Nos últimos anos estamos acompanhando o fenômeno de iniciativas para aumentar a participação de mulheres na área de tecnologia da informação e comunicação. Isso pode fazer com que algumas pessoas acreditem que as mulheres sempre desempenharam papéis menores nesse campo atualmente com maioria masculina. Porém, muita gente não sabe que as mulheres foram responsáveis por contribuições essenciais para o avanço da computação. A descoberta que levou ao desenvolvimento do Wifi e bluetooth foi feita por Hedy Lamarr, a invenção do compilador foi feita pela Grace Hopper e a mais famosa delas a Ada Lovelace que é considerada a primeira programadora da história.
Hedy Lammar | Grace Hoper | Ada Lovelace |
Com essas contribuições tão significantes para o nosso avanço tecnológico, pode causar estranhamento notar que a área de tecnologia TI costuma ser rotulada como um campo exclusivamente masculino. Embora não seja possível estimar uma data e os motivos exatos que levaram a redução da participação das mulheres na tecnologia, é possível notar que essa mudança ainda impacta negativamente nos dias atuais. Um exemplo disso pode ser confirmado no último vestibular da USP dos 50 aprovados no curso de Ciência da Computação apenas 4 são mulheres.
Entre os argumentos para explicar a pequena quantidade de mulheres na tecnologia atualmente, algumas são absurdas como aquela que diz que mulheres são mais capazes para a área de humanas do que para exatas. Sabese que as mulheres desde crianças não são estimuladas a conhecerem artefatos tecnológicos tanto quanto os homens e ainda existe preconceito quando elas ingressam em cursos superiores. Pois é comum os relatos de garotas que ouvem dos colegas comentários machistas do tipo “ali não é lugar de mulher” ou que “não precisam estudar porque é certo que vão tirar nota boa com o professor”.
Durante a minha graduação em Desenvolvimento de Sistemas para a Internet no IFMT a turma iniciou com 25 pessoas. Na formatura éramos apenas 6, sendo 4 mulheres e 2 homens e isso foi em 2010. Acredito que até hoje a nossa turma foi a que teve a maior proporção entre homens e mulheres e isso não é comum em cursos de informática.
Gosto de lembrar que na minha turma não houve relatos de preconceito contra as mulheres mesmo quando éramos minoria. Isso é interessante pois acredito que o número reduzido de mulheres na TI não é algo que pode ser explicado apenas pela questão do preconceito. Vale ressaltar que em geral é comum enfrentar obstáculos quando você faz parte da minoria em determinado grupo e isso vale tanto para homens quanto para as mulheres.
As dificuldades encontradas ao longo dos anos pela minoria feminina na computação serviram para as mulheres se unirem para enfrentar esses problemas e assim estão descobrindo formas de modificar esse cenário. Existem várias inciativas pelo mundo com o objetivo de fortalecer a presença feminina nas áreas de exatas e tecnologia, esse é um passo importante principalmente para as garotas que ainda estão decidindo sobre qual campo desejam atuar. O papel desses grupos é fundamental para informálas de que não há limites, elas podem fazer qualquer escolha e não existe uma área exclusivamente para homens ou para mulheres.
O trabalho desses grupos acontece na área acadêmica, em eventos que possuem propostas de atividades estimulando o aumento de mulheres palestrantes e voltados para o empreendedorismo feminino, outros com oficinas de programação ou então com encontros informais para debater ideias.
Na área acadêmica o projeto Meninas Digitais – Regional Sul sediado na Universidade Federal de Santa Catarina tem desenvolvido um trabalho muito interessante com alunas do ensino médio,abordando palestras com profissionais da computação e também oficinas de robótica e jogos digitais. Já o grupo PyLadies é internacional e no Brasil iniciou os trabalhos em Natal – RN e hoje tem diversos grupos pelo Brasil com o objetivo de criar um ambiente amigável as mulheres na comunidade python.
Outro grupo que é bem atuante na questão de gênero é o PoliGen da Universidade de São Paulo que discute questões de gênero e promove também o hackathon que é uma competição com pessoas de diversas áreas para propor uma solução para determinado problema, muitas vezes o resultado desse trabalho pode ser codificado em forma de aplicativo.
O grupo Mulheres na Tecnologia – MNT mantem um site para a divulgação de notícias e organiza um encontro anual com mulheres ministrando palestras técnicas e não técnicas. Esse tipo de evento é importante para manter a visibilidade feminina na tecnologia mostrando que existem profissionais qualificadas desempenhando papéis relevantes na área.
O desafio desses grupos é imenso, pois precisam trabalhar contra estereótipos e vícios culturais que não são simples de resolver. Entretanto, para que essas atividades continuem é fundamental que as pessoas também colaborem visando o fortalecimento e a manutenção desse trabalho. As mulheres estão conseguindo, aos poucos, conquistar lugares de destaque no mercado da tecnologia. Para que esse processo seja contínuo devemos prosseguir estimulando a participação delas na tecnologia, pois a diversidade é a melhor opção para a construção de soluções melhores para a indústria como também para a formação de cidadãos conscientes do seu papel na sociedade.
22 comentários
Abraços!
obrigada