Ir para o conteúdo
ou

Software livre Brasil

Tela cheia
 Feed RSS

SAVEPOINT

27 de Maio de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

Reta final na chamada de trabalhos do PGConf.Brasil 2019

15 de Fevereiro de 2019, 12:30, por Savepoint - 0sem comentários ainda

Fevereiro tem sido um mês emocionante para o Postgres, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Depois de ser declarado o “banco de dados do ano” pela segunda vez consecutiva em janeiro, a Microsoft comprou a CitusData, uma solução Open Soruce para Postgres, voltada para BI.

Inscrições Early Bird


O nosso PGConf.Brasil, que vai se realizar nos dias 1, 2 e 3 de agosto já está a pleno vapor. Os ingressos “Early Bird” serão vendidos até 28/02. Aqueles que fizerem sua inscrição até lá, vão ganhar um boneco em 3D do mascote do evento:

Chamada de trabalhos

Eu sempre digo que a chamada de trabalhos é a alma do evento. Se tivermos boas palestras, teremos um evento bacana, senão, não importa se haverá happy hour, brindes bacanas, patrocinadores, etc. Os palestras são as estrelas do evento, sempre.

E os eventos de Postgres foram mudando de cara com o tempo. De 2007 para cá, vemos cada vez mais gente experiente vindo aos eventos e cada vez mais desenvolvedores. Em 2018, os desenvolvedores já eram maioria e a tendência é só aumentar.

Sempre que eu divulgo a chamada de trabalhos de um evento, as pessoas dizem que não tem nenhuma ideia sobre o que palestrar… bom eu tenho sempre dezenas delas… vou citar aqui alguns exemplos:


  • Nuvens e mais núvens… esse assunto rende:
    • Serviços estilo DBaaS: AWS RDS e Aurora, Azure, Google Cloud, Digital Ocean, Heroku, ElephantSQL, EnterpriseDB, Aiven, etc;
    • DBaaS x IaaS;
    • Comparações de desempenho e custo;
    • Ferramentas de migração;
    • Arquiteturas complexas, escalabilidade, HA, etc;
    • Microserviços;
  • DevOps está na onda e os bancos de dados não poderiam fugir dessa:
    • Continuous delivery e Continuous integration;
    • Conteiners? Sim conteiners!
    • Automação de testes;
    • Versionamento;
    • Estratégias de automação;
    • Deploy sem downtime, lenda ou realidade?
    • Como monitorar essa zona toda?
  • Dev Dev Dev:
    • Tipos de dados no Postgres e suas funções maravilhosas;
    • B-Tree, Hash, GiST, SP-GiST, GIN e BRIN: qual tipo de índice usar e quando;
    • Text Search: a vida antes e depois de usar FTS no PostgreSQL;
    • EXPLAIN it again Sr.
    • Como melhorar minhas consultas?
    • Internacionalização:
      • collate e codificação de caracteres;
      • A zona do timezone;
      • Formatos de data, hora, números, etc;
    • Json, jsonb e seus índices maravilhosos;
    • Arrays salvam o dia mais uma vez!
    • Enum, network, geometric e outros tipos de dados que você nem sabia que existiam;
    • Trabalhando com domains;
    • Partitioning like a girl!
    • Locks, Dead Locks e concorrência: Soluções para o caos no trânsito;
    • pg_hba.conf, GRANT, roles e row level security,
    • Criptografia e anonimização de dados;
    • O dilema do SaaS: uma base por cliente, um esquema por cliente ou mistura tudo nas mesmas tabelas?
  • Persistência poliglota:
    • O PostgreSQL como noSQL;
    • Integrações complexas com o universo para o infinito e além;
    • Usos inovadores do FDW;
    • Construindo o seu próprio FDW;
  • HA, replicação, clusters e bases distribuídas geograficamente. Essse saco de gatos envolve um universo inteiro, então nem vou abrir aqui em subitens;
  • Tuning like a boss;
  • BI e Big Data;
  • PostGIS, time series, CitusDB, Greenplum, ToroDB, PG-Strom e outros universos paralelos;
  • Backup em ambientes críticos, uma missão peso pesado!
  • Ferramentas, IDEs e outros bichos;

Vou parar um pouco por aqui… se quiser alguma outra sugestão, é só chamar!

Mulheres no PGConf.Brasil

Em 2018 me questionaram sobre a participação das mulheres no evento. Respondi que 100% das palestras enviadas por mulheres foram aprovadas na chamada de trabalhos. Infelizmente foi apenas uma. Está na hora de mudar isso, certo? Fizemos uma mascote ninja para a nossa campanha de divulgação do evento justamente visando atingir esse público. Bora encarar?

Por mais mulheres na TI!



Sobre as comunidades de TI

4 de Fevereiro de 2019, 12:00, por Savepoint - 0sem comentários ainda

Neste sábado eu participei de um evento bastante inusitado. Sob o convite do Sr. Marcos Sungalia, com quem tive o prazer de trabalhar no inicio da minha carreira, fui num evento chamado de “Oracle Groundbreakers”, com o intuito de ouvir a opinião de várias comunidades de TI e buscar uma proximidade com elas. Foi um evento bastante interessante. Além da oportunidade de rever grandes amigos de varias comunidades, conheci outros mais e sobretudo ouvi um pouco sobre a atuação de diversas delas.

E depois do churrasco e da cerveja, me veio a ideia de que tem muita gente entrando e querendo construir alguma coisa enquanto há muita gente que já está nessa estrada há um bom tempo como eu. Então achei que seria interessante compartilhar um pouco mais dessa experiência e juntar pessoas de diversas comunidades, não apenas envolvidas com Software Livre, mas de TI em geral.

Então resolvi criar um grupo no Telegram para juntar essas pessoas e trocar figurinhas. Além de divulgar ações de diversas comunidades, acho que podemos nos ajudar de diversas formas. Já durante o evento vimos pessoas procurando palestrantes, patrocínio, local para fazer eventos, etc e tal. Então a ideia não é criar um fórum técnico, pois cada comunidade já tem o seu, mas criar um ambiente onde pessoas que estão engajadas na organização destas comunidades possam trocar figurinhas livremente, fazer parcerias e ajudar nesse processo de construir comunidades e lideranças.

Estou aqui me adiantando um pouco em relação ao pessoal da Oracle, que foram as pessoas que deram essa ideia, pois gostaria de criar um ambiente independente de uma empresa específica, como são a maioria das comunidades que eu conheço ou participei.

Então quem estiver interessado, podem entrar no grupo do Telegram: t.me/lideres_ti_br



PostgreSQL: o banco de dados do ano, pelo segundo ano consecutivo!

8 de Dezembro de 2018, 11:10, por Savepoint - 0sem comentários ainda

Em janeiro de 2018, o DB-Engines (site com o ranking mais respeitável sobre bancos dados que eu conheço) publicou um artigo com os bancos de dados do ano, e o PostgreSQL estava finalmente em primeiro lugar. Com o maior crescimento de popularidade no ano, um aumento de 56 pontos ou 17%,  garantiu um primeiro lugar com folga!

Com os dados de dezembro, o PostgreSQL subiu cerca de 74 pontos até agora, ainda sem contar o último mês. Em segundo lugar está o MongoDB que cresceu 48 pontos até agora. Desta forma, a não ser que haja uma mudança radical na tendência, Teremos o PostgreSQL em primeiro lugar novamente, MongoDB em segundo e um terceiro lugar disputado entre Redis e Elasticsearch que nos próximos anos devem fazer o DB2 despencar de 6º para 8º lugar no ranking.

Tendências

Queda dos líderes: Oracle, MySQL e SQL Server

Olhando os gráficos de tendências vemos que os 3 líderes do continuam na frente com boa folga para o 4º lugar, mas com uma queda consistente nos últimos anos. O SQL Server se recuperou bem em 2016 com o lançamento da versão em Linux e uma política agressiva de preços para concorrer com o Oracle. Mas é claro que essa política de preços não durou muito, e quem migrou para SQL Server viu a conta chegar salgada logo depois. Em 2018, o Oracle caiu 58 pontos, MySQL caiu 156 pontos e SQL Server caiu 132 pontos. Em 5 anos, o Oracle caiu de 1516 pontos para 1283 pontos (~15%), o MySQL caiu de 1324 para 1161 (~13%) e o SQL Server caiu de 1313 para 1040 (~21%). Todos tiveram quedas acentuadas em 2018.

O crescimento dos bancos de dados livres

Eu sei que muita gente ainda diz que não existe substituto para uma base corporativa de grande porte como um Oracle Exadata… mas o mundo está mudando. E sempre mudou. Na década de 80 ninguém imaginaria que a IBM seria destronada e que a Apple viria a ser maior. E vejam, a IBM continua sendo líder entre os supercomputadores, vejam a lista do Top500 por exemplo. Ninguém está dizendo que os líderes não tenham tecnologias fantásticas, um baú cheio de patentes patentes maravilhosas e tudo o mais. Mas se você olhar a comparação entre bancos de dados proprietários X livres… vai ver que em 2019 o jogo vai virar. Há 5 anos a popularidade dos bancos de dados proprietários eram de 64%, contra 36% dos bancos de dados livres. Uma diferença de 29%. Hoje, temos 52% contra 48%, uma diferença de 4%. Em 2019 veremos a mesa virar. 

E na verdade essa mesa virou faz tempo. O que acontece é que não se troca de banco de dados tão facilmente quanto se troca de sistema operacional. Trocar de SGDB dá muito trabalho. Em geral isso acontece quando:

  • Você vai começar um novo projeto;
  • Você vai modernizar um sistema já existente e vai remodelar toda a arquitetura dele para uma nova plataforma, como em sistemas client/server;
  • O seu SGDB antigo já não atende mais suas necessidades, diante do crescimento das demandas;
  • Quando um novo cliente quer comprar seu sistema, mas exige que ele seja suportado em determinado ambiente;
  • Quando você vê a sua margem de lucro cair frente a outros outros competidores que já usam software livre.

Mudar um sistema já existente é um trabalho pesado. Na Timbira, ajudamos empresas a migrar para PostgreSQL com muito sucesso. Mas é sempre um trabalho de pelo menos 6 meses. O resultado é bastante encorajador, mas dá trabalho, claro. 

Em novos projetos, o crescimento do Software Livre é avassalador. A nuvem, os microserviços, a cultura DevOps, estão deixando a indústria de bancos de dados proprietários de cabelos em pé. Não é à toa que vemos o Sr. Larry Ellison (CTO da Oracle) fazendo ataques constantes à AWS. E convenhamos, a Oracle está comendo poeira feio quando o assunto é nuvem.

Uma coisa que eu sempre digo é: olhem para as startups. Atendemos várias delas, cada vez mais. São ambientes inovadores, descontraídos e onde só sobrevivem aqueles que tomam decisões inteligentes. Afinal, uma grande empresa sobrevive tranquilamente à decisões ruim de seus gestores. Empresas muito pequenas morrem num piscar de olhos. Olhem para as Startups que dão certo. O Skype, antes de ser comprado, usava (ou usa ainda, não sabemos) PostgreSQL. O Instagram: PostgreSQL. Nubank usa PostgreSQL e Datomic. Ifood, PostgreSQL e varias bases NoSQL livres. E por aí vai.

Say goodbye to Oracle!

A verdade é que gestores não gostam da Oracle. Ninguém quer ficar na mão do titio Larry. Eles tem uma tecnologia fantástica, verdade. Mas tem uma política de licenciamento, de vendas e de marketing que deixa qualquer gestor emputecido da vida. Eles já eram assim na década de 70 quando copiavam o System-R da IBM enquanto vendiam um sistema que ainda não existia (ok, isso era moda na época, a Microsoft também vendeu um SO para a IBM que não tinha).  Eles vão continuar no topo do mercado por um bom tempo. Sistemas grandes e antigos vão levar muito tempo para serem substituídos, assim como o COBOL sobrevive até hoje. Mas a maioria dos novos sistemas não usa Oracle!

A tentativa desesperada de empurrar clientes para a nuvem da Oracle é um sinal claro de que o barco está fazendo água. Boa parte dos usuários da nuvem da Oracle são pessoas que sofreram ameaças de multas milionárias por causa das armadilhas de licenciamento da Oracle, ou ganharam créditos astronômicos para usar tudo de graça ou quase de graça (e vocês sabem onde vai dar esse negócio de distribuir drogas de graça, né?). Por mais que a Oracle tenha concertado muitas das falhas graves na sua nuvem, a sua fatia nesse mercado é uma piada. Não importa o quanto eles esperneiem. E quando você quer escolher um banco de dados PaaS na nuvem da Oracle, adivinhe? Você só tem bancos de dados da Oracle! Acha que é normal né? Olhe para o lado e veja os líderes na nuvem: AWS e Azure. Ambos oferecem um amplo leque de serviços baseados em diversos bancos de dados, livres ou não. Não é por acaso que AWS e Microsoft investem pesado em PostgreSQL! Alias, ambas foram patrocinadoras do nosso PGConf.Brasil 2018

Lembram desta piadinha?

Então… quando perguntarem: “Onde ficam armazenados os dados na nuvem?”. Você poderá responder: “Em bancos de dados livres, meu filho!”



PGConf.Brasil 2019 lançado!

3 de Dezembro de 2018, 23:55, por Savepoint - 0sem comentários ainda

Você sabe que em 2018 fizemos um evento de arromba certo? Não viu? Bom, você pode olhar o site do PGConf.Brasil 2018 para dar sua espiada lá. Deixamos também uma Galeria de fotos no Facebook, a grade com descrição de todas as palestras com os slides de cada uma, a avaliação final do evento, incluindo a descrição das despesas e receitas do evento, e por fim algo esperado por muitos, que deve ter passado desapercebido por muita gente… todos os vídeos das palestras disponibilizados para todos! Isso mesmo 45 vídeos completos com todas as palestras do evento separadas em 6 playlists. Por último, deixei aqui no blog a minha avaliação pessoal do evento, como sempre faço… há uns 15 anos! 

Depois disso, a gente fez outra coisa que está virando uma tradição, gravamos um “Papo de índio” falando sobre as novidades do “PostgreSQL 11 lançado em outubro/2018.

Hoje, 3/12/2018, lançamos oficialmente o PGConf Brasil 2019. Temos pronto:

  • Chamada de trabalhos, aberta até o final de fevereiro de 2019.
  • Inscrições no Estilo Early Bird que vai dar de brinde à uma miniatura em 3D feita em resina do nosso mascote do PGConf Brasil 2019! 
  • Media Kit pronto para patrocinadores interessados em patrocinar o evento.

Enfim, o evento já está todo organizado. Só falta arrumar a parte internacional (inscrições e Media Kit) que devem ficar prontos semana que vem. Uma das novidades importantes do evento serão os 4 Workshops que vão acontecer em um dia separado, em 1/8/2019, em duas salas simultâneas:

  • SQL Avançado e Performático, ministrado pelo Matheus Oliveira;
  • Banco de Dados Espaciais com PostGIS, ministrado pelo Luis Fernando Bueno;
  • Backup / Restore, ministrado pelo Jefferson Santos;
  • Replicação, Alta Disponibilidade e Balanceamento de Carga, ministrado pelo Euler Taveira.

Os quatro workshops terão duração de 4 horas cada e vão acontecer em salas pequenas, com capacidade de 12 lugares apenas. Então as vagas devem acabar logo. Na verdade, enquanto estou escrevendo, as vagas já estão sendo preenchidas, sério. Então não bobeie!



Sobre o PGConf Brasil 2018

2 de Setembro de 2018, 22:23, por Savepoint - 0sem comentários ainda

O começo

Há um mês, demos início ao PGConf Brasil 2018. Credenciamento, welcome coffee, estandes de patrocinadores, canecas, camisetas, etc e tal. Claro que a história não começa bem aí… começa em 2017, no PGBR2017, organizado pelo Sebastian Webber em Porto Alegre / RS. Fazia um tempo que eu não organizava um grande evento, a brincadeira começou longe, o primeiro evento de Software Livre que organizei foi em 2003 em seguida houve a criação do PSL-ABCD com 3 edições do “Fórum Regional de Software Livre do ABCD” em 2004, 2005 e 2006. Em 2007, começamos a organizar o primeiro evento nacional de PostgreSQL no Brasil. Depois vieram os de 2008, 2009 e em 2011 foi o último grande evento que organizei. O PGBR 2011 foi considerado pelo sr. Magnus Hagander o maior evento de Postgres do planeta. Claro que eu fiquei feliz pacas com o reconhecimento. Mas fiquei exausto também. A comunidade de Postgres na época já não tinha o mesmo pique e eu acabei centralizando a maior parte da organização, assumindo uma carga enorme de trabalho. Em 2013, o Luis Fernando Bueno (e uma equipe incrível junto dele), fez o que muitos acharam uma loucura: levaram o PGBR para Porto Velho / RO. Foi assim que eu passei o bastão e o evento saiu de SP. Foi um sucesso, com uma mobilização local excelente e quem topou viajar até Porto Velho não se arrependeu. Depois foi o Fabrízio de Royes Mello, que assumiu a organização em 20015 em Porto Alegre / RS. Em 2017, Sebastian Webber foi o nosso Kahuna da vez. E foi participando do PGBR2017 – que diga-se de passagem foi um excelente evento –  quando eu tomei coragem para retomar essa história.

De 2007 para cá muita coisa mudou. Muito da história destes eventos trazem um pouco da minha história pessoal e da minha minha trajetória profissional. Foi no PGBR 2009, em Campinas, que nos reunimos para criar a Timbira, com a ideia de construir a primeira empresa no Brasil focada em PostgreSQL. As pessoas com as quais trabalhamos na Timbira, são as pessoas que conheci e/ou ajudaram a organizar eventos de Software Livre pelo Brasil: Fernando Ike, Euler Taveira, Fabrízio de Royes Mello, Dickson Guedes, Sebastian Webber, Felipe Augusto van de Wiel, Jefferson Alexandre e outros que estão chegando! A decisão de assumir a organização do PGConf Brasil 2018 veio de uma série de fatores que foram amadurecendo e eclodiram em 2017. Vejamos…

O crescimento do PostgreSQL no Brasil

Em 2003, quando organizei meu primeiro evento de Software Livre, era um momento de efervescência no país, o Linux estava despontando com novos modelos de negócios, com a possibilidade de incluir mais gente no mercado, compartilhar o conhecimento e remunerar mais os serviços e competência profissional do que papel ( licenças, patentes e certificações). Hoje, a comunidade internacional de PostgreSQL mantem os princípios da ética hacker e ao mesmo tempo incorporando demandas de um mercado corporativo que utiliza bancos de dados em diversos segmentos. Atualmente, grandes empresas usam o PostgreSQL e grandes empresas prestam serviço também. Há 15 anos, nós éramos entusiastas, estávamos começando a trabalhar profissionalmente com Software Livre e sonhávamos em trabalhar em uma das poucas empresas que prestavam serviços em PostgreSQL. Ainda somos entusiastas, mas temos a nossa própria empresa e estamos contratando novos entusiastas!

A visão do gestor de TI

Meu trabalho na Timbira tem mudado gradativamente nos últimos anos. Cada vez mais eu me dedico à tarefas como gestor e isso traz consequências no dia-a-dia. Você começa a olhar as coisas num plano maior e se preocupar com outros aspectos. É claro que existe muito o que melhorar no código do Postgres, novas funcionalidades, menos gargalos, mas temos que pensar em outros aspectos não técnicos que são grandes barreiras na expansão do PostgreSQL. Entre eles temos a necessidade de ter uma comunidade mais ativa, com mais profissionais qualificados, divulgação de casos de sucesso, treinamentos, material didático, etc. Continuamos hackeando, mas está na hora de dar mais fôlego para outras questões igualmente importantes.

Aprender a enxergar as coisas sob a ótica do marketing

Existem muitas coisas divertidas sob o ponto de vista de um hacker ou mesmo de um nerd que trabalha com informática. Mas nem todas são realmente relevantes para todos. A primeira versão dos cartões de visita da Timbira incluíam uma fingerprint das nossas chaves GPG. Na prática, quase ninguém sabia o que era isso. Ao dar o nosso cartão para um gestor de TI, aquilo não agregava nenhuma informação relevante. Hoje, embora a maioria dos hackers da comunidade internacional ainda utilizem o IRC e listas de discussão por e-mail, muitos usam grupos do WhatsApp, Telegram, Facebook e tem crescido muito o uso do Slack. Trabalhar junto a uma empresa de marketing, no caso a Klavo, ajudou muito a dar um salto de qualidade no evento. Aprendemos muito e certamente estaremos juntos novamente em 2019. A atenção a alguns detalhes foi um diferencial em 2018.

A política internacional de reconhecimento para eventos que contribuem para a comunidade

Nós sempre organizamos eventos a partir da comunidade. Nos filiamos à ASL.org e com isso tivemos respaldo jurídico para captar recursos e contratar fornecedores. Mas, a ASL foi diminuindo enquanto o mercado corporativo foi crescendo. Hoje, boa parte dos eventos de Software Livre são organizados por empresas e não apenas por comunidades. Em 2018 resolvemos utilizar a Timbira como organizadora. As diretrizes da comunidade internacional nos deram um caminho seguro para percorrer. Não é pelo fato de uma empresa organizar o evento, que este se tornará uma grande propaganda. E de fato, isso realmente ocorre em outros eventos. Nós tomamos claramente um outro caminho, decidimos adotar todas as recomendações e recebemos o reconhecimento da comunidade internacional por isso. Dentre as exigências, podemos citar:

  • Foco no PostgreSQL e não em outras tecnologias;
  • Adotar um código de conduta que garanta um ambiente saudável e seguro para todos os participantes;
  • Publicar quais são as pessoas que fazem parte da banca avaliadora das palestras;
  • A banca avaliadora deve contar com menos de 50% de pessoas de uma única empresa;
  • Todos os membros da banca avaliadora devem ter o mesmo poder de voto e a suas decisões devem ser soberanas;
  • Os patrocinadores devem ter acesso público ao mesmo plano de captação com os mesmos direitos e deveres;
  • Qualquer patrocinador que atenda os requisitos do plano de captação deve ser aceito sem discriminação;
  • Prover acesso aos registros financeiros do evento, bem como comprovantes aos membros centrais da comunidade de PostgreSQL;
  • Declarar publicamente a destinação de qualquer lucro obtido com a realização do evento, sendo obrigatoriamente revertido em prol da comunidade.

É claro que se você faz parte da comunidade e está organizando um pequeno evento regional isso não muda muito a sua vida. Mas, se você é uma empresa que ganha dinheiro vendendo serviços relacionados ao PostgreSQL, as coisas mudam bastante. Não há nenhum problema em uma empresa organizar um evento que não tenha esse reconhecimento, inclusive há grandes eventos assim. A principal diferença é que estes não podem usar o nome da comunidade nacional ou internacional para promover seu evento, seus negócios e não precisam ter nenhum compromisso com a comunidade em si.

Desta forma, tomamos e sempre vamos tomar, o cuidado de preservar os interesses da comunidade. Acreditamos firmemente que ao apoiar o crescimento da comunidade, todos ganham, inclusive a Timbira. Acreditamos firmemente nos princípios da ética hacker, no compartilhamento do conhecimento e na transparência das nossas ações. Temos clareza de que sempre vamos continuar apoiando a comunidade: escrevendo novas funcionalidades, revisando código de outras pessoas, organizando eventos, escrevendo artigos e ajudando pessoas com dúvidas, como sempre fizemos. No entanto, ao invés de utilizar a ASL.org para dar respaldo jurídico e financeiro, estamos utilizando a Timbira.

A grande verdade

Ok, é verdade que a gente quer impulsionar a comunidade, gerar conteúdo relevante, compartilhar conhecimento, etc e tal. Mas vamos falar a verdade: juntar essa turma toda para tomar uma cerveja é legal para caraleo! Botar esse monte de malucos no mesmo lugar é algo que só quem participa sabe. Por isso demos uma atenção especial ao happy hour. Trazer os palestrantes internacionais, juntar gente de vários estados diferentes, gente com novos desafios, isso sim é o que me fez retomar tudo isso. A cerveja une as pessoas! E se você não gosta de cerveja não tem problema, participar da confraternização, compartilhar o momento é o que vale. De repente, você não está mais preocupado apenas com o trânsito, com o aumento que não veio ou com as contas para pagar no final do mês. Você está lá, contando suas aventuras com o PostgreSQL e conhecendo as histórias de outras pessoas que você nunca viu na vida. Um grande educador um dia disse que o importante no aprendizado não é a quantidade de momentos em que você se depara com o conhecimento, e sim a qualidade desses momentos. Um evento de troca de conhecimento não seria válido sem encontros como esse, de descontração, sorrisos,  boas histórias para contar e claro, boa cerveja! São esses encontros que a gente leva para a vida e não esquece jamais.

Blá blá blá… e como foi o evento afinal?

Foi exaustivo pra variar. A aproximação do evento coincidiu com a chegada de alguns clientes novos e críticos na Timbira, além de problemas de saúde em família. Então foi tudo bem corrido. Eu estava um caco. Para se ter uma ideia, eu não consegui terminar a minha própria palestra em pé. Pelo menos não estava usando muletas e uma bota ortopédica como em 2008. Mas vejamos alguns pontos em particular…

Sobre a chamada de trabalhos

Faltando uma semana para encerrar a chamada de trabalhos, havia pouquíssimas propostas de palestras inscritas. A gente já estava pensando em adiar o prazo em uma ou duas semanas. E como sempre, o pessoal (eu me incluo nisso) deixa muita coisa para a última hora. No final houve um recorde de propostas de palestras: 82. A banca avaliadora teve bastante trabalho para escolher tudo, mas quando terminaram… vimos uma grade com mais de 40 palestras de tudo quanto é tipo. A maior grade que já montamos por aqui. Aí eu já sabia que o evento seria phoda. Phoda mesmo! Uma grade assim enche os olhos de qualquer um. Teve gente reclamando que teve dificuldades para escolher o que assistir.

Sobre o público

Olhando para o evento em 2011 realizado exatamente no mesmo lugar, tivemos um público menor. Eu diria que tivemos umas 300 pessoas no máximo em 2018, contra umas 380 em 2011. Mas quantidade não é tudo… vejamos algumas informações importantes:

  • Apenas 30% dos inscritos moram em SP, o que significa que a maioria dedicou tempo e dinheiro para se deslocar até o evento. Isso demonstra um grande engajamento. Tivemos inscritos de outros países da América do Sul também;
  • A média de idade dos participantes é de 35 anos e em média 14 anos de experiência no mercado de TI. Haviam pessoas mais novas e inexperientes, mas a maioria do público é bastante qualificada na área;
  • A maioria dos participantes não são DBAs!
    • 39,1% são desenvolvedores;
    • 24,5% são DBAs;
    • 6,6% são gestores;
    • 6% são sysadmins;
    • e…. 12,6% disseram que são Chuck Norris!
  • 72,8% trabalha principalmente com PostgreSQL, 7,9% com Oracle, 7,3% com MS SQL Server e 4,6% com MySQL e similares.

É pessoal, as coisas mudam. Temos mais gente experiente, mais desenvolvedores, mais gente que trabalha principalmente com PostgreSQL e uma parcela significativa de profissionais ninjas (lembra dos 12,6% que se disseram Chuck Norris?).

Sobre os pontos positivos

O evento foi muito bem avaliado. Tivemos 157 avaliações gerais do evento pelo formulário, e quase 500 avaliações de palestras pelo App do evento. Alguns pontos de destaque:

  • As palestras tiveram destaque quanto à qualidade técnica e a pontualidade;
  • Muitas pessoas citaram o domínio e a postura motivada dos palestrantes sobre o assunto;
  • A diversidade de temas abordados na grade também foi muito elogiada;
  • 46% disseram que virão para o PGConf Brasil 2019 e 52,9% disseram que virão dependendo das circunstâncias;
  • A organização do evento recebeu muitos elogios e avaliações muito positivas;
  • Divulgação, site, sistema de inscrição e material promocional tiveram avaliações muito positivas também;
  • Até mesmo o preço da inscrição não sofreu muitas críticas;

Um dos grandes destaques positivos foi o happy hour, claro. Encomendamos 150 litros de chopp artesanal da cervejaria Moby Dick com uma Blond Ale feita com uma receita exclusiva para o evento. Só quem estava lá experimentou. Quer dizer… ainda fizemos 100 garrafas que foram vendidas a preço de custo no evento. Vira e mexe eu ainda vejo fotos de uma ou outra garrafa sendo aberta lá no grupo do evento no Telegram. Se alguém ainda tiver uma fechada, pode me convidar que eu aceito um copo! A cerveja ficou realmente boa, não é por nada não.

Sobre os pontos negativos

Nem tudo são flores, e vários erros foram cometidos, mesmo tendo organizado vários eventos, sempre tem o que melhorar! Entre os itens que sofreram mais críticas temos:

  • A presença feminina entre inscritos e palestrantes foi realmente baixa. Abaixo do normal. Estamos bolando uma estratégia para mudar isso em 2019!
  • O App do evento teve várias sugestões de melhorias;
  • A conservação do hotel gerou uma reunião depois do final do evento com o diretor do estabelecimento, na qual eles se comprometeram a reformar algumas coisas e corrigir algumas falhas até o evento em 2019;
  • Algumas palestras também foram criticadas por serem superficiais. Quando vemos o perfil do nosso público vemos que a demanda por palestras mais avançadas e com maior profundidade é grande. Então tivemos algumas palestras que sofreram este tipo de crítica, embora seja em pequena quantidade, é um ponto de atenção para 2019.
  • Algumas pessoas reclamaram das palestras em inglês ou de não haver tradução. Bom, devo dizer que isso não deverá mudar para 2019… você pode optar por estudar inglês (você sabe que deveria) ou de assistir outra palestra no mesmo horário. O custo da tradução simultânea é muito alto. Muito alto mesmo. Preferimos manter o valor da inscrição baixo e deixar as pessoas assistirem as palestras em inglês;
  • Houve poucas citações, mas alguns reclamaram que palestrantes ficaram fazendo muita propaganda durante a sua palestra. Não tenho como saber em qual foi, mas isso é algo que combatemos fortemente durante toda a organização. O evento é técnico e não comercial. Como exemplo, limitamos a 2 slides na palestra e 5 minutos de tempo para se apresentar e apresentar a empresa na qual trabalha. Talvez tenhamos que ser ainda mais rigorosos em 2019. Se por um lado não pretendemos fazer censura prévia, por outro lado realmente acontece de um palestrante ou outro exagerar;
  • Problemas com o som nos auditórios foi uma reclamação que certamente vamos corrigir em 2019. Colocamos apenas 2 operadores de som para 3 salas grandes. Foi uma economia besta. A qualidade dos cabos também ficou a desejar, algo que prejudicou muito a gravação de áudio de algumas palestras, infelizmente. Isso não pode se repetir de jeito nenhum;
  • Dificuldade de inscrição de estrangeiros. Isso temos que avaliar com o pessoal do Eventize para ver o que é possível fazer. O sistema atualmente pede um CPF válido;
  • Uma reclamação pertinente também foi não ter água disponível o tempo todo no andar dos auditórios. Algumas pessoas reclamaram disso e foi realmente uma mancada besta.

E valeu a pena?

Cara, valeu muito. As pessoas fazem toda a diferença. O retorno entre inscritos, palestrantes e patrocinadores foi muito bom. Acho que conseguimos entregar um evento com um bom nível, com uma grade bastante significativa e uma organização que agregou valor para as pessoas. Mas fiquem tranquilos… isso foi um ensaio para o que vamos aprontar em 2019!!!

O que esperar do PGConf Brasil 2019

O planejamento para 2019 já começou e se o hotel confirmar as melhorias que pedimos, pode ir reservando aí na agenda: 2 e 3 de agosto de 2019 no Hotel Century Paulista. Enquanto isso, algumas coisas que possivelmente estarão no nosso roadmap:

  • Adicionar um ou dois dias com minicursos de 4 e 8 horas. Fazer uma pesquisa para ver quais temas as pessoas gostariam de ver nos minicursos;
  • Promover um aumento no nível técnico das palestras;
  • Continuar focando o evento também em desenvolvedores e gestores, não apenas em DBAs;
  • Continuar trazendo  grandes palestrantes internacionais;
  • Ampliar as ações no Open Space. O Open Space traz um novo tipo de interação. Devemos apostar em novos formatos de atividades com maior participação do público;
  • Melhorar algumas questões de infra no hotel;
  • Colocar em cada sala um operador de áudio, um microfone de lapela (ajuda para quem vai fazer algo hands on)  e um microfone sem fio;
  • Criar uma equipe de “embaixadores” do PGConf Brasil, com mais pessoas de fora da Timbira. Acho que em 2018 eu centralizei muito a organização, seria bom descentralizar.
  • Criar novos materiais promocionais para divulgar o Postgres pelo país afora (aceitamos sugestões);
  • Incentivar a realização de PGConfs regionais em várias cidades;
  • Promover um bom happy hour com boa cerveja, claro! Talvez tenhamos que aumentar de 150 litros para 200 litros chopp. Quem sabe trazer dois tipos de cervejas diferentes…

Espere, o PGConf Brasil 2018 ainda não acabou…

Na verdade ainda temos algumas coisas para fazer antes de começar a organização do evento em 2019:

  • Vamos publicar em breve um relatório com a avaliação geral do evento, incluindo um demonstrativo de gastos;
  • Vamos divulgar para todos os participantes que responderam a pesquisa de avaliação do evento o link com a playlist das 45 palestras que foram gravadas. Sim, gravamos todas as palestras nos 3 auditórios principais e os vídeos já estão no Youtube!
  • Vamos terminar de publicar as fotos do evento na página do Facebook;
  • Vamos fazer uma última reunião de avaliação com os organizadores, aí sim, já dando o pontapé inicial para 2019!

Na verdade o PGConf é como louça para lavar… não acaba nunca!

Um grande abraço para todos e vejo vocês no evento em 2019. Ou no Facebook! Ou no Twitter? Ou será no Telegram? Não sei… a gente se vê por aí, certeza!

Happy Hour do PGConf Brasil 2018 em time lapse

Vídeo com resumo do PGConf Brasil 2018