Por que ocorreram as manifestação na Rede Globo?
7 de Março de 2016, 2:28 - sem comentários aindaFoto de Francisco Proner Ramos
Hoje (6) duas mil pessoas fizeram em frente à sede da Rede Globo, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, uma grande manifestação pela democratização da mídia, contra o monopólio da Rede Globo e contra a seletividade da emissora no ataque a seus adversários e adversários de seus patrocinadores. Centrais sindicais, partidos políticos, militantes, juristas, estudantes e membros de movimentos sociais fizeram um belo evento.
Por que protestar contra a Globo?
Alguns motivos você pode ter ao ver no documentário “Beyond Citizen Kane” (Muito Além do Cidadão Kane) assista aqui, de 1992, que foi exibido no Canal Quatro da BBC de Londres, emissora pública do Reino Unido. Na época foi censurado pelo Poder Judiciário no Brasil, a pedido do fundador e então presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho, sendo posteriormente um pouco mais popularizado via internet. Roberto Marinho foi comparado a Charles Foster Kane, personagem de 1941 de Orson Welles no filme Cidadão Kane, uma ficção baseada na trajetória de um magnata da comunicação nos Estados Unidos da América, Willian Randolph Hearst.
As Organizações Globo apoiaram o golpe militar de 1964 e a ditadura que durou até 1985.
Até 1988 as concessões de rádio e TV no Brasil ocorriam por livre escolha do Presidente da República, e a Globo foi beneficiada pelos ditadores.
No início a Globo foi financiada pela Time-Life estadunidense, que participava dos lucros da Globo e fazia assistência na elaboração do conteúdo da emissora, o que era proibido pela Constituição de 1946, mas um processo foi engavetado durante a ditadura.
A ditadura garantiu o aumento da audiência da Globo, viabilizando crédito para a população de maioria analfabeta pudesse comprar televisores, ao mesmo tempo que precarizava a educação pública no país.
A TV Excelsior, que se opôs ao golpe, em 1970 teve a sua concessão cancelada pela ditadura.
Já a Globo ia além do que era requisitado com relação à censura e exaltava o regime militar, reforçando a censura, tanto é que proibiu a citação do nome de Chico Buarque.
O assassinato do jornalista Vladimir Herzog da TV Cultura foi preso e assassinado pela ditadura, mas isso não apareceu na Globo.
Até 2003 a Globo sempre foi governista. O presidente Médici, durante a ditadura militar, dizia: “Todas as noites quando vejo o noticiário sinto-me feliz. Por que? Porque no noticiário da TV Globo o mundo está um caos e o Brasil está em paz, é como tomar um calmante depois de um dia de trabalho.”
Durante a ditadura a Globo se tornou a quarta maior rede de TV do mundo.
A ditadura auxiliou a Globo com as transmissões via satélite pela Embratel.
A Rede Globo, vendo que a ditadura militar estava no fim, rompeu com os militares e não apoiou o candidato governista Paulo Maluf nas eleições indiretas, mas sim Tancredo Neves. Era tão grande o poder da Globo que, horas depois de sua eleição indireta, Neves almoçou com Roberto Marinho e Antônio Carlos Magalhães, e anunciou que esse seria o Ministro das Comunicações. Como Ministro, ACM perseguiu uma empresa, que depois foi vendida muito barato para a Globo. Em 1987 Roberto Marinho cancelou seu contrato com a TV Aratu na Bahia, que era a afiliada da TV há 18 anos, e passou para a TV Bahia da família e amigos de ACM.
A Constituição de 1988 tirou das mãos do presidente o poder de decidir pelas concessões, mas antes o então presidente José Sarney distribuiu 90 concessões para aliados, e Sarney ficou com duas.
No documentário são mostrados quatro exemplos de manipulação da Globo:
- Lula: Globo mentia sobre greves dos movimentos sindicais de 1979, sem mostrar posição dos sindicalistas, só com posição dos líderes patronais. Confessado pelo Armando Nogueira (1967-89 na Globo), que era uma recomendação da ditadura. Mas em vários casos sem interferência do governo, só pela diretoria da Globo.
- Brizola: tentou boicotar sua eleição para governador do RJ.
- Diretas Já: no começo boicotou, dizendo que manifestações eram pelo aniversário de São Paulo.
- Eleições de 1989: PT fez Rede Povo no horário eleitoral gratuito. Globo fez propaganda para Fernando Collor de Mello desde 1987. No segundo turno Lula venceu o primeiro debate de Collor. No segundo debate, a poucos dias do pleito, o JN editou o debate e foi especialmente montado para deter Lula e eleger Collor, com 64% da audiência. Depois apresentou pesquisa telefônica dizendo que Collor venceu Lula no debate. No Jornal Hoje, mais cedo, o resumo foi diferente, mas diretores da Globo alteraram a edição para a noite. Armando Nogueira confirmou a edição alterada da noite, que inclusive foi protestar no dia seguinte para Roberto Marinho. “A Rede Globo foi infeliz e fez uma edição burra”, disse Armando Nogueira para Roberto Marinho, e logo depois foi aposentado e outro funcionário que também questionou foi demitido. Lula perdeu, quando estava subindo nas pesquisas e no dia do debate estava apenas 1% com Collor na frente, mas depois da edição da Globo a diferença parou de cair e subiu para 4%.
A Globo elegeu Collor, mas o abandonou em 1992 quando viu o povo contrário ao neoliberal presidente.
O documentário é finalizado pelo Canal Quatro com a seguinte frase, logo depois aparecendo a imagem da Globo sendo comida por baratas e aparecendo a imagem de Roberto Marinho: “A Globo começou a dominar a televisão no Brasil durante a ditadura militar, manteve o silêncio sobre as verdades daquele regime, agora está começando a falar mais. Mas será que a Globo e Roberto Marinho podem realmente se libertar dessa herança, ou será que o Brasil deveria libertar-se da dominação da Globo?”.
Ao final, música da banda de Rock brasileira Titãs, com a música “Televisão”, com composição de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Tony Belloto: “A televisão me deixou burro, muito burro demais. Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais”.
A Globo apoiou o governo FHC, que privatizou o Estado brasileiro, comprou deputados para a aprovação da reeleição e precarizou a Administração Pública.
E, desde 2003, com o governo Lula e depois Dilma, a Globo nunca aceitou que estivesse no poder um presidente de um partido popular. A oposição foi mais realizada pela Globo do que dos próprios partidos de oposição.
A tática é simples. Políticas públicas favoráveis à população são escondidas. Denúncias contra o governo federal são apresentadas com destaque na programação, dia-a-dia, enquanto que denúncias contra políticos amigos da Globo ou contra empresas que patrocinam a Globo são engavetadas ou transmitidas de forma tímida. Manifestações pró-governo federal são divulgadas com antecedência e superestimadas, enquanto que as manifestações contrárias aos interesses da Globo são censuradas ou subdimensionadas.
É bom lembrar que a Constituição proíbe o monopólio da Globo e os serviços de TV e rádios são serviços públicos. Serviços esses que dependeriam do Congresso ou da Justiça, reféns da Globo, para qualquer mudança ou rescisão.
Sim, a Globo hoje tem uma certa qualidade em novelas ou alguns programas, mas as custas de muitos privilégios da ditadura militar, do Estado brasileiro, em todos os níveis, que gasta milhões de dinheiro público com a empresa.
Por isso a necessidade de uma democratização na mídia no Brasil, já realizada nos Estados Unidos da América, Alemanha, Inglaterra, Portugal, Espanha, mas nunca realizada no Brasil.
Será que há motivos para que o povo brasileiro se indigne contra a Globo?
O problema é que em países ainda em desenvolvimento, normalmente as vítimas acabam defendendo os opressores.
Até quando?
Tarso Cabral Violin – advogado, professor de Direito Administrativo e Ciência Política, autor do Blog do Tarso e presidente da ParanáBlogs
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Lula virá a Curitiba a convite do PT
4 de Março de 2016, 19:26 - sem comentários aindaEm coletiva realizado hoje na sede do Partido dos Trabalhadores do Paraná, a vice-prefeita de Curitiba, Mirian Gonçalves, o deputado estadual Tadeu Veneri, e membros do partido e dos movimentos sociais informaram que o ex-president Lula virá para Curitiba, a convite do partido. Todos foram unânimes ao dizer que os acontecimentos de hoje animaram a militância em defesa de Lula e das políticas sociais.
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Jurista estadunidense palestrará na UFPR sobre a garantia dos direitos de trabalhadores migrantes
3 de Março de 2016, 15:00 - sem comentários aindaTodos os dias, os noticiários mostram o drama vivido pelas famílias que migram de seus países de origem em busca de uma vida melhor, distante de guerras, catástrofes e perseguições das mais diversas naturezas e que têm enfrentado conflitos tão violentos e desumanos quanto os que as expulsaram de suas cidades quando se deparam com as portas fechadas nos países que não querem acolhê-las.
No Brasil, a grande dificuldade não está na autorização para entrada dessa população, mas na sobrevivência em si de milhares de migrantes contemporâneos – sírios, haitianos e mesmo os vizinhos latino-americanos -, que vêm para cá atrás de trabalho e vida digna, mas também encontram condições por vezes degradantes e crueis logo após a primeira recepção. A mais recente fronteira nesse debate, com vistas à produção do conhecimento e à formulação de propostas, políticas públicas e ações institucionais, é tema da abertura das atividades em 2016 do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Paraná (PPGD/UFPR).
O PPGD/UFPR traz na próxima segunda-feira (7 de março) à Curitiba a professora norte-americana de Direito do Trabalho e Migração, Jennifer Gordon, da Universidade de Fordham, em Nova Iorque. Ela fará uma conferência sobre “Migração Contemporânea: direito e organização dos trabalhadores migrantes”, voltada para a comunidade acadêmica, mas também para operadores do Direito, com o intuito sensibilizar e conscientizar para transformações necessárias na realidade e na garantia de direitos fundamentais a essas milhares de famílias de migrantes no Brasil.
Jennifer Gordon, além de especialista nessa questão, é também coordenadora de projetos sociais na área da organização dos trabalhadores, que têm alcançado resultados expressivos nos Estados Unidos, por meio da ação de ONGs e fundações, e coordena os chamados “worker centers” e serviços de “advocacy”, que prestam auxílio aos imigrantes e trabalhadores do chamado “underground” (submundo) da economia em diversas áreas, como o ensino do idioma local, a consultoria jurídica e o estabelecimento de políticas públicas efetivas, que dêem conta de minimizar o drama das famílias.
“Já se avançou na conquistou de alterações significativas na legislação da cidade de Nova Iorque para punir empregadores que não cumprirem as obrigações trabalhistas com os migrantes”, conta a professora de Direito Internacional da UFPR, Tatyana Friedrich, que acaba de retornar de um pós-doutorado na Universidade de Fordham e conheceu de perto os trabalhos desenvolvidos por Jennifer Gordon.
Friedrich também participa de um programa de extensão da UFPR que assessora trabalhadores migrantes que vivem em Curitiba por meio de aulas de Português, assistência jurídica e administrativa, aulas de informática, de História do Brasil e do atendimento em psicologia aplicada à área de recursos humanos. “A ideia é extrair desse contato e das experiências da professora Jennifer conhecimentos que venham a contribuir com os trabalhos feitos aqui e com a ampliação do debate em torno do trabalho decente”, explica a professora da Federal. “O migrante chega no País já em condições desfavoráveis e tem de se submeter a sobreviver no submundo das relações de trabalho. Mora na periferia, fechado em guetos e vive nas cidades brasileiras alijado do processo político e da cidadania, sem a garantia de direitos sociais ou acesso precário às políticas públicas existentes para ele e sua família, isso sem levar em conta o preconceito e a discriminação que sofrem constantemente”, informa Friedrich.
A iniciativa de extensão universitária da UFPR já fez com que 18 imigrantes que haviam interrompido seus cursos e formações acadêmicas pudessem continuar os estudos dentro da universidade.
A conferência de Jennifer Gordon acontecerá no dia 7 de março de 2016 (segunda-feira), às 10h, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, que fica no Prédio Histórico da universidade – na Praça Santos Andrade – 1º andar – e as inscrições estão abertas pelo site www.ppgd.ufpr.br. A palestra será em espanhol. Jennifer Gordon é professora da Escola de Direito da Fordham desde 2010 e atua como consultora para outras universidades e instituições nessa área do Direito do Trabalho e da Migração, além dos projetos sociais voltados à agenda do trabalho decente.
Além da conferência na UFPR, a professora norte-americana também participará de um encontro na terça-feira (8 de março) para debater com advogados, na sede da OAB-PR, as garantias do trabalho decente no mundo globalizado, com vistas às abordagens coletiva, pública e privada. O convite foi uma iniciativa da Comissão de Direito Sindical da entidade e o encontro acontecerá na Sala do Conselho, às 19h. A OAB-PR funciona na rua Brasilino Moura, 253, no bairro do Ahú.
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Inscrições abertas para o #5BlogProg que ocorrerá em BH
3 de Março de 2016, 3:25 - sem comentários aindaEstão abertas as inscrições para o #5BlogProg – 5º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais, que ocorrerá em Belo Horizonte/MG, nos dias 20 a 22 de maio de 2016, com o tema #MenosÓdioMaisDemocracia. O evento está sendo realizado e pensado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, pela Comissão Nacional de Blogueiros e por blogueiros e ativistas digitais de todo o Brasil.
Foram convidados para o evento a presidenta Dilma Rousseff (PT), os ex-presidentes Pepe Mujica (Uruguai), Cristina Kirchner (Argentina) e Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), os ministros Edinho Silva (Comunicação Social), André Figueiredo (Comunicações) e Juca Ferreira (Cultura).
Participarão dos debates os blogueiros progressistas e profissionais da comunicação. O Blog do Tarso, a Associação dos Blogueiros e Ativistas Digitais do Paraná – ParanáBlogs e o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Baronesa de Itararé (Barão Paraná) também estarão presentes.
A programação detalhada e o local do evento serão divulgados em breve.
Na sexta-feira, o tema a ser debatido são os desafios da democratização da cultura e da mídia. No sábado, as forças políticas e a democratização da comunicação estarão em pauta, seguidos de discussão sobre mídia e democracia no continente. Também estão planejadas rodas de conversas sobre experiências e desafios do ativismo digital. À noite, haverá atividade cultural. No domingo, dia que encerra o #5BlogProg, os estados farão relatos de suas reuniões e será aprovada a carta do Encontro.
Inscrições
Para garantir sua participação, basta entrar na página de inscrições do #5BlogProg, preencher o formulário online e fazer o pagamento. O valor das inscrições é de R$ 100,00, sendo que estudantes pagam R$ 50,00 – é preciso enviar comprovante de matrícula na instituição indicada para contatoblogprog@gmail.com.
Os 200 primeiros inscritos que tiverem o pagamento confirmado contarão com hospedagem e alimentação gratuita.
O pagamento pode ser feito com cartão de crédito ou boleto bancário. O sistema de pagamentos solicita que seja informado um endereço de e-mail, que deverá ser o mesmo que informado no formulário de inscrição do Encontro.
Se você gosta de debater política, cultura, Democracia, democratização da mídia, soberania nacional e outros temas de interesse público, pelas redes sociais, blogs, Telegram, WhatsApp e pessoalmente, participe!
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Cardozo vai para a AGU e membro do MP é o novo Ministro da Justiça
29 de Fevereiro de 2016, 19:25 - sem comentários aindaO novo ministro da Justiça
A presidenta da República, Dilma Rousseff (PT), transferiu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para a chefia da Advocacia Geral da União, em substituição ao ministro Luiz Inácio Adams, que solicitou o seu desligamento para atuar na iniciativa privada.
Assumirá o Ministério da Justiça o ex-Procurador-Geral da Justiça do Estado da Bahia, Wellington César Lima e Silva. Fontes do Blog do Tarso informam que é uma pessoa progressista e muito competente.
Assumirá o cargo de ministro-chefe da Controladoria Geral da União, o Sr. Luiz Navarro de Brito.
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