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27 de Maio de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

Direita Miami, por Juremir Machado da Silva

29 de Janeiro de 2014, 11:01, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

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Por Juremir Machado da Silva, no Correio do Povo

Esclarecimentos sobre a Direita Miami

O mais comum é que cada personagem não tenha consciência da sua personalidade. O Brasil vem sendo dominado, na classe média e na mídia, por um tipo muito especial, o lacerdinha, representante da direita Miami.

É um pessoal que se acha sem ideologia, pois, para o lacerdinha autêntico, ideologia é coisa de esquerdista comedor de criancinha. A direita Miami acredita que todo esquerdista é comunista de carteirinha e que sonha com uma sociedade no modelo da Coreia da Norte.

O ideal da direita Miami é comer hambúrguer na Flórida, visitar a Disney todos os anos, ler a Veja, ver BBB, copiar e colar artigos de colunistas que falam todo dia da ameaça vermelha – e não é o Internacional nem o América do Rio -, esbaldar-se em shoppings sem rolezinhos, salvo de patricinhas e mauricinhos, e denunciar programas governamentais, exceto de isenções de impostos para ricos, como esmolas perigosas e inúteis.

A direita Miami tem uma maneira curiosa de raciocinar.

– Se você é esquerdista, por que vai à Europa?

– Não entendi a relação – balbucia o ingênuo.

– Se você é esquerdista, por que tem plano de saúde?

A direita Miami contabiliza as mortes produzidas pelo comunismo, no que tem razão, mas jamais pensa nas mortes produzidas pelo capitalismo no passado e no presente. Mortes por fome, falta de condições sanitárias e doenças evitáveis não impressionam os lacerdinhas. Não parece possível à direita Miami que se possa recusar o comunismo e o capitalismo brasileiro. A social-democracia escandinava, por exemplo, não chama atenção dos sacoleiros de Miami. É uma turma que quer muito Estado para si e pouco para os outros. De preferência, muito Estado para impedir greves, estimular isenções fiscais para grandes empresas e reprimir movimentos sociais.

O mais curioso na direita Miami é que, embora defenda o Estado mínimo na economia, salvo se for a seu favor, gosta de Estado robusto em questões morais como consumo de drogas e de sexualidade, aquelas que, mesmo criticando, costuma praticar e exigir tratamento diferenciado quando o Estado flagra algum dos dela em conflito com a lei. A direita Miami fala ao celular, dirigindo, sobre a sensação de impunidade no Brasil e, se multada, denuncia imediatamente a indústria da multa.

A direita Miami é contra cotas, Bolsa-Família, ProUni e todos esses programas que chama de assistencialistas e eleitoreiros. Vive de olho no impostômetro e, para não colaborar com a excessiva arrecadação dos governos, faz o que pode para sonegar o que deve ao fisco. Roubar do Estado que gasta mal parece-lhe um dever moral superior.

Um imperativo categórico.

A direita Miami vive denunciando Che Guevara, mas nunca fala de Pinochet. Se dá uma melhorada na economia dos camarotes, pode torturar e matar. As vítimas são esquerdistas mesmo. A direita Miami adora metrô em Paris, quando vai até lá, apesar de achar que tem muito museu chato e pouco shopping bacana, mas é contra estação de metrô no seu bairro. Tem medo que atraia “marginais”. A última moda da direita Miami é o sertanejo universitário. Quanto mais a tecnologia evolui, mas a direita Miami se torna primária. O que lhe falta, resolve com silicone.

Outras características da direita Miami

A direita Miami, integrada por lacerdinhas de todos os tipos, é engraçada. Parece um roteiro humorístico de programa de tevê, um misto de piada pobre de duplo sentido com reality show pragmático e cínico.

Adora rotular, mas quando rotulada reage com um clichê:

– Cuidado com os rótulos. Eles simplificam.

Uau!

Rotular não é o problema. Viva o rótulo. Faz parte do jogo. O problema é conseguir afirmar a pertinência dos rótulos. O resto é malandragem ilógica ou joguinho de cena para tentar impressionar os que se assustam com palavrório fácil. A direita Miami parece adolescente emburrado.

– Não generaliza, tá!

Só ela pode generalizar. Lê “todos” onde essa palavra não aparece. O máximo de artimanha “lógica” da direita Miami é fingir  ponderação:

– Não se pode corrigir erro com erro. Assim você faz como os que critica.

Tudo para tentar não ser criticada e ficar com a exclusividade do ataque.

– Malandrinhos, né?

A direita Miami acha que tem o monopólio do rótulo e do insulto. Ultimamente, ela se delicia com um quase plágio: esquerda caviar. Trata-se de um rótulo usado pela extrema-direita francesa há mais de 30 anos. Um brasileiro com cérebro de ervilha e falta de criatividade chupou a expressão. A direita Miami, que lê pouco, salvo as opiniões altamente ideologizadas e anacrônicas da Veja, acha que é uma ideia muito original.

Caviar é de direita. Só certa direita tem bala para comer caviar.

A velha direita, pois a nova só chega ao nível do sushi. Esta prefere mesmo é comer um hambúrguer na Flórida ou, quando é metida a andar na linha, tomates secos com folhas verdes num shopping “bacana” de Miami.

A direita Miami tem seus intelectuais orgânicos. Uma turminha paquidérmica contratada pelos jornalões para escrever com as ferraduras. Destrói um teclado a cada semana. Mas fabrica a realidade desejada pelos consumidores. Nela, estamos às portas do comunismo soviético.

Só escaparemos dele se Joaquim Barbosa nos salvar.

A direita Miami se lixa para a corrupção. Fica feliz mesmo é em ver petista na cadeia, pois para ela todo petista é comunista e merece prisão.

Alguns são comunistas. Outros, merecem prisão.

Cadeia não pelo mensalão, mas pelos programas “assistencialistas”, que tiram dos pobres ricos para dar aos pobres pobres, quando, no entender da direita Miami, deveriam continuar a fazer o contrário como incentivo ao ócio produtivo das classes abastadas e abastardadas desde o escravismo.

Em 2012, os gastos com a dívida pública consumiam R$ 2,52 bilhões por dia, alimentando a preguiça especulativa. Maria Lucia Fattorelli faz uma comparação interessante a esse respeito: o gasto com o Bolsa-Família, no mesmo período, “correspondeu a apenas oito dias do Bolsa Rico”.  A direita sushi, do capitalismo à brasileira, não vive sem as tetas do Estado. Quando ganha, o mérito é dela, embora amparada em benefícios públicos como juros camaradas do BNDES e isenções. Quando perde, quer socializar os prejuízos.

Na direita Miami, não há comunistas, mas não faltam merecedores de prisão. A Alstom que o diga. A cobrança de propina é suprapartidária.

A turma da direita Miami tem problemas cerebrais de conexão com a realidade. Alguém diz que é contra o comunismo, mas, ao mesmo tempo, critica o capitalismo do século XIX praticado no Brasil, a resposta do perfeito cérebro de ervilha lacerdinha de shopping center não se faz esperar. Vem prontinha como um combo do “maravilhoso” Mc Donald’s:

– Bom mesmo é o modelo cubano, né?

Uau!

A direita Miami ainda está nos anos 1950. Teme a ameaça vermelha. Critica o gosto da esquerda pelas tetas do Estado, mas adora essas boquinhas citadas, que vão da isenção fiscal a empréstimos baratinhos do BNDES terminando na Bolsa-Rico, um esquema para ganhar dinheiro em cima de papéis do governo, que gasta mal, por vários caminhos, enchendo os bolsos de banqueiros, especuladores, espertalhões, empreiteiras, etc. Os lacerdinhas da direita Miami defendem o capitalismo sem riscos.

Para eles.

A classe A da direita Miami é a classe C com silicone comprado em Orlando.

Os intelectuais da direita Miami tem a profundidade de um pires de cafezinho. Apanham todo dia de economistas como Paul Krugman e Stiglitz. Não se dão por vencidos. São pagos para estar errados.

Na internet, a direita Miami tem seus trolladores. É um bando com tendência psicopata e total falta do que fazer. São aqueles que espalham falsas capas da Forbes dizendo que Lula é bilionário. Fazem um bullying primário. Quando cortados, só para vê-los desesperados e ainda mais divertidos, ficam amuados e fazem beicinho e chantagem barata:

– Estão me censurando.

Chega a dar pena. O trollador lacerdinha, representante da direita Miami, volta sempre, ora com o rabo entre as pernas, lambendo o chão para tentar furar o bloqueio, ora rosnando para impressionar, ora se humilhando ainda mais, pedindo desculpas e apresentando justificativas, lambendo as mãos do inimigo, ora bancando o pitbull comedor de criancinhas, ora com uma dezenas de fakes idiotas para não ficar fora da brincadeira. Patético.

Os “pensadores” da direita Miami são os mais que perfeitos indigentes intelectuais lacerdinhas de shopping center da esquina sonhando com um JK nos States. Melancólico mesmo é vê-los ofegantes, à beira da ejaculação precoce, tentando copiar e colar artigos e comentários feitos com 50 anos de atraso por seus ídolos esquálidos, risíveis e oportunistas, Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Merval Pereira, Lobão, Raquel Sherazade, qualquer um que os tranquilize com um discurso de extremo direita contra cotas, bolsa-família, programas sociais, Cuba, Venezuela, Cristina Kirchner e outras misturas esotéricas feita para assustar e confundir.

A direita Miami precisa de um novo imaginário. Vive na Guerra Fria. Como se ampara em velhos espíritos, padece com a maldição da múmia: alimenta-se de uma ideologia retrógrada achando que é neutra. O lacerdinha é um crente ideológico xiita, fundamentalista, extremista, terrorista mental, que não tem a menor consciência do seu estado de submissão. Acha que é livre e que só expõe a verdade, mas reza por uma cartilha ideológica disseminada pela mídia, especialmente a Veja, e reproduzida fartamente.

A bibliografia da direita Miami inclui a Caras e a Contigo. As estrelas de referência são a Ana Maria Brega, a Xuxa e a Fátima Bernardes.

A direita Miami é um remake indigente de si mesma.

É um pessoal especulativo: quer ganhar muito e trabalhar pouco.

Direita Miami, direita sushi, direita Barra da Tijuca, direita shopping center, direita siliconada ou direita Mc Donald’s. É só escolher, leitor.

Chora, Larcedinha.

Tua fúria e tua baba me fazem rir.

Que comédia pastelão!

Pastelão, não, hambúrguer.


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#NãoVaiTerCopa

28 de Janeiro de 2014, 10:20, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

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Ministério Público vai investigar se irmão de Beto Richa é propineiro

27 de Janeiro de 2014, 21:19, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

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Após o “suposto” escândalo de corrupção no governo Beto Richa (PSDB) publicado na revista Istoé desta semana, em matéria jornalística que informa que uma empresária denunciou que o irmão do governador e atual secretário de Beto Richa, Pepe Richa, recebeu propina de R$ 500 mil, o Ministério Público do Estado do Paraná divulgou nota oficial informando que vai investigar o caso.

Leia a nota oficial do MP-PR sobre a abertura da investigação:

“A respeito dos fatos veiculados pela imprensa envolvendo suposto pagamento de propina no caso AGX Log/Renault, o Ministério Público do Paraná abriu nesta segunda-feira (27/01) investigação sobre o assunto. A apuração está a cargo da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Curitiba.”

Pepe Richa disse que não é corrupto e nem propineiro, e que vai processar a revista Istoé para tentar calar a revista.


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Aeroporto estatal de Curitiba é o melhor do país, melhor do que os privados

25 de Janeiro de 2014, 3:56, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

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O aeroporto internacional de Curitiba (São José dos Pinhais), Afonso Pena, um aeroporto estatal, com gestão estatal realizada pela Infraero, foi eleito pela terceira vez consecutiva pelos passageiros como o melhor do país, segundo levantamento da Secretaria de Aviação Civil, com nota 4,10, mesma nota dada para outro aeroporto estatal, o de Natal/RN.

A escala é de 1 a 5 e é a terceira edição do Relatório Geral dos Indicadores de Desempenho Operacional em Aeroportos (Indaero, versão integral aqui), pesquisa coordenada pela Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República – SAC. Lançada em 2013 e realizada trimestralmente, a pesquisa foi feita junto a 19.850 usuários da aviação civil, no momento em que estavam dentro dos aeroportos (72% nos terminais domésticos e 28% nas áreas de embarque internacionais). Atribuíram notas a itens como preço do estacionamento, disponibilidade de carrinhos para bagagem, tempo de espera na fila, cordialidade no atendimento, limpeza dos banheiros, restituição de bagagem, informação de voo, internet e também a satisfação geral com o aeroporto. A amostra foi colhida em 15 dos maiores aeroportos do país: Manaus (AM), Fortaleza (CE), Natal (RN), Recife (PE), Brasília (DF), Salvador (BA), Cuiabá (MT), Confins (MG), Guarulhos (SP), Congonhas (SP), Viracopos (SP), Curitiba (PR), Galeão (RJ), Santos Dumont (RJ) e Porto Alegre (RS).

Enquanto isso o maior aeroporto do Brasil, o de Guarulhos, que é gerido por empresas privadas, cada vez piora mais a sua gestão, que é considerada ineficiente, com nota 3,45. Sua colocação vem piorando, era o 9º, depois 13º, e agora está em 14º lugar entre os aeroportos analisados.

Infelizmente o governo federal, pressionado pelo mercado financeiro e políticos neoliberais, concedeu para a iniciativa privada os aeroportos de Viracopos/Campinas, Guarulhos/SP e Brasília/DF, e no final do ano passado os do Galeão/RJ e Confins/MG.

A pesquisa desmente novamente a falácia de que a iniciativa privada é mais eficiente do que a Administração Pública.


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Empresária diz que irmão/secretário de Beto Richa recebeu propina de R$ 500 mil

25 de Janeiro de 2014, 2:48, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

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A Revista Istoé desta semana (edição  2305, de 24 de janeiro de 2014) informa que a empresária Ana Cristina Aquino registrou em cartório uma denúncia de um esquema do qual participou junto com Pepe Richa, irmão do governador do Estado do Paraná, Carlos Alberto Richa (PSDB), vulgo Beto Richa, e seu atual secretário de Infraestrutura e Logística.

O suposto esquema de corrupção e improbidade administrativa envolve também outro homem de confiança de Beto Richa, o senhor Amaury Escudero, representante do escritório do governo do Paraná em Brasília.

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Segundo a revista queriam fechar um contrato milionário com a montadora Renault do Brasil, empresa que recebeu uma série de isenções ficais concedidas pelo governo Beto Richa nos últimos anos.

A empresária informa que o irmão do governador recebeu propina de R$ 500 mil e Pepe emprestou o seu nome para figurar no convite da festa de inauguração da empresa de transportes AGX Log no Paraná, e o distribuiu aos políticos.

Pepe Richa disse que as declarações de Ana Cristina são “infundadas, caluniosas e irresponsáveis”. Disse ainda que a AG Log não é prestadora de serviços da Renault no Paraná.

Acompanhe a matéria completa publicada na Istoé:

Esquema paranaense

Empresária Ana Cristina Aquino diz que negociatas para abrir filial de sua empresa no Paraná incluíam pagamento de propina para Pepe Richa, irmão do governador do Estado

Izabelle Torres

Em depoimento registrado em cartório sobre os esquemas dos quais participou, a empresária Ana Cristina Aquino envolve a cúpula do governo do Paraná. Em pelo menos quatro páginas desse registro, Ana descreve um emaranhado de ligações de políticos com empresários em torno do interesse em negócios milionários e suspeitos e diz temer pela própria vida desde que decidiu contar o que sabe. Segundo ela, Pepe Richa, hoje secretário de Logística e irmão do governador do Paraná, o tucano Beto Richa, e Amaury Escudero, atual representante do escritório do governo em Brasília, se tornaram seus parceiros no ambicioso plano: o de abrir uma filial da sua empresa no Estado com a finalidade de fechar um contrato com a montadora Renault do Brasil. Um negócio que poderia render milhões por mês.

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MILHÕES EM JOGO
Segundo a empresária, Pepe Richa (abaixo), secretário de Logística
e irmão do governador do Paraná, Beto Richa (acima), queria lucrar com o contrato entre
a AGX Log e a montadora Renault. Acima, cópia da agenda entregue ao MP listando as propinas

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De acordo com o depoimento da empresária, a negociação era intermediada pelo advogado João Graça, que é do PDT e chegou a ser cotado para a vaga de suplente da senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, em 2010. Segundo Ana Aquino, João Graça se aproximou do poder no Paraná depois de comandar a Superintendência Regional do Trabalho, entre 2007 e 2009. No segundo semestre de 2012, disse a empresária, o advogado marcou uma reunião entre ela e Amaury Escudero. O objetivo era arquitetar como agiriam em grupo para viabilizar o negócio com a Renault. No encontro, segundo a empresária, ficou decidido que o secretário Pepe Richa e Escudero pressionariam a montadora para contratar a transportadora de Ana, usando como instrumento de barganha uma série de isenções ficais concedidas pelo governo a montadoras nos últimos anos. O apoio, entretanto, custaria alto. “Eu perguntei ao Amaury (Escudero): ‘O que o senhor ganha com isso? O senhor vai me botar na Renault de graça, do nada?’ Ele então falou que eles ficariam com 20% da empresa. Mas que colocaria em nome do advogado João Graça. Seriam 10% de um e 10% do outro”, afirmou em entrevista à ISTOÉ.

Documento da Junta Comercial referente à empresa AGX Log – criada também por ela – mostra que João Graça se tornou dono de 20% das cotas em julho de 2012. O advogado apresentou duas versões para o fato. Na primeira, disse que nunca foi sócio da Ana Aquino e nem sequer conhecia a empresária. Confrontado com os registros oficiais, admitiu a sociedade. Graça oficializou sua saída em agosto do ano passado, depois de um desentendimento com Ana Cristina. Procurado novamente na quinta-feira 23, disse que não se manifestaria sobre as denúncias até conhecer o teor das escutas. Na sexta-feira 24, Escudero disse à ISTOÉ que as acusações são falsas e que jamais houve as reuniões citadas pela empresária. Ele afirma que os acessos a seu gabinete são todos registrados e que pode comprovar que a empresária está mentindo. “Não posso aceitar ser objeto de um jogo político que nem sei qual é. Essa pessoa não tem credibilidade para me acusar”, afirma Escudero.

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O depoimento da empresária revela outra faceta do negócio. Em troca do apoio para que o grupo AG Log entrasse no Paraná e conseguisse o contrato da Renault, o irmão do governador também teria recebido propina. “O Pepe Richa recebeu R$ 500 mil. Não foi da minha mão, foi da mão da Suzana Leite, uma lobista. O Gabardo (Sergio) me entregou o dinheiro para eu levar ao Paraná. Dei o dinheiro para ela e fiquei dentro do carro esperando”, diz ela. A entrega teria ocorrido na semana anterior à inauguração da sede da AGX Log no Estado, em 11 de abril de 2013. Segundo Ana, Pepe estaria tão envolvido com os negócios da transportadora que emprestou o seu nome para figurar no convite da festa de inauguração, a pretexto de fazer uma palestra, e ainda se encarregou de distribuí-lo aos políticos. “ Como ele estava ganhando, deu essa ajuda porque eu não era conhecida. Não levaria os políticos para o evento”, disse. Suzana Leite afirmou que as acusações não têm fundamento. Já Pepe Richa classificou as declarações de Ana Cristina de “infundadas, caluniosas e irresponsáveis”. Disse ainda que a AG Log não é prestadora de serviços da Renault no Paraná.

Em encontro no segundo semestre de 2012,
ficou decidido que Pepe Richa pressionaria  a montadora
para contratar a transportadora de Ana CRISTINA

No documento que registrou em cartório, a empresária confirma que a negociata não deu certo. O contrato não saiu, mas as dívidas da empresa se multiplicaram. Incentivada pelo grupo a buscar dinheiro no mercado para montar a frota exigida pela montadora, Ana Aquino recorreu a agiotas. Para validar os empréstimos, ela diz que apresentava um contrato assinado pelos integrantes do governo e pelo funcionário da Renault Julio Barrinuevo, que também teria recebido propina para facilitar o negócio com a montadora. O contrato não tinha validade jurídica nem veracidade. “Só quem se deu mal fui eu”, disparou.

“O Pepe Richa recebeu R$ 500 mil. Eu saquei esse dinheiro”

As dívidas acumuladas por Ana Cristina Aquino são, em boa parte, originadas no Paraná. Nas conversas com ISTOÉ, ela contou que montou uma frota de caminhões para ganhar um contrato com a Renault e que pagou R$ 500 mil para o irmão do governador. A seguir, trechos da entrevista:

ISTOÉ – A senhora manteve negócios com integrantes da cúpula do governo do Paraná?
Ana Cristina Aquino – 
O João Graça me chamou e disse que tinha um negócio para mim. Viajei até Londrina e, chegando lá, ouvi que havia um projeto grandioso com a empresa Renault. A proposta era que eu levasse a AG Log para o Paraná. João Graça disse que não tinha problema porque havia muitos políticos envolvidos nesse negócio.

“Para tratar sobre dinheiro, ela (Suzana Leite) falava: o boss  (Pepe Richa)
pediu para você conseguir um agrado  de tantos mil”

ISTOÉ – Mas quem eram esses políticos?
Ana – 
Uma semana depois, foi marcado meu encontro em Curitiba com o João Graça e com o Amaury Escudero. Tivemos uma reunião fechada para discutir esse contrato. Amaury se propôs a pressionar a Renault para colocar a AG Log no negócio. Ele disse que cobraria a conta de uma série de benefícios fiscais que o Estado teria dado à empresa, e que, se a montadora se negasse, ele teria como pressioná-los. Eu disse: e o que o senhor ganha comisso? Ele então explicou que teria 20% da empresa, mas que colocaria em nome do João Graça. Mas seriam 10% de um e 10% do outro. Depois dessa conversa houve mais uns três encontros e aí fui entendendo o negócio. Tinha muita gente do governo do Paraná envolvida. Posso dizer que o Pepe Richa (irmão do governador do Paraná) recebeu R$ 500 mil. Eu saquei esse dinheiro.

ISTOÉ – Recebeu da sua mão?
Ana –
 Não foi da minha mão, foi da mão da Suzana Leite. Ela é uma lobista, uma espécie de Marcos Valério.

ISTOÉ – A senhora tratou sobre esse assunto com o governador Beto Richa?
Ana –
 Cheguei a encontrar com o governador, mas não tratei nada com ele. Era só com o Pepe mesmo. A Suzana Leite chama o Pepe de “boss”. Para tratar sobre dinheiro, ela falava: “O boss pediu para você conseguir um agrado de tantos mil”.


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