Hoje na Folha de S. Paulo
Linha privatizada do Metrô tem nova pane
Problema elétrico causa fechamento das seis estações da linha 4-amarela, afetando cerca de 16 mil passageiros
Muitos deixaram trens e caminharam pelos túneis após queda de energia e desligamento de ar-condicionado
CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO
Uma pane elétrica causou o fechamento das seis estações da linha 4-amarela do Metrô de São Paulo na manhã de ontem, afetando cerca de 16 mil passageiros. Muitos deles deixaram os trens -parados por conta da falta de energia- e andaram pelos túneis.
A linha é a primeira privatizada do Estado. Ela é operada pela ViaQuatro, do Grupo CCR, e recebe 550 mil passageiros ao dia, em média.
Desde que teve seu primeiro trecho inaugurado, em maio de 2010, a linha já passou por ao menos outras cinco panes de grande impacto.
De acordo com a ViaQuatro, uma “falha no sistema de alimentação elétrica de um trem, ainda em investigação”, fez com que a circulação fosse interrompida em toda a linha a partir das 8h18.
Sete minutos depois, o problema já tinha sido solucionado, mas a circulação continuou parada até as 9h. A concessionária diz que fez isso “por questões de segurança”, já que alguns usuários desceram para os trilhos.
A concessionária informou que o percurso parcial entre as estações Paulista e Luz foi reestabelecido às 8h45.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse se tratar da “linha mais moderna” do sistema. “É a mais bem avaliada pela população.” Ainda segundo Alckmin, houve apenas uma “interrupção”.
Passageiros ouvidos pela Folha reclamam de não terem recebido informações ou orientações sobre como proceder. A concessionária nega que não tenha orientado os usuários (leia texto ao lado).
Passageiros dizem que o trem “deu um tranco” entre as estações Faria Lima e Pinheiros. As luzes se apagaram e o ar-condicionado desligou.
“Eu estava tentando manter o autocontrole. Mas meu coração começou a disparar, comecei a tremer, tive um início de pânico”, diz a advogada Marina Almendro, 27, que se sentiu mal com a falta de ar e o calor depois de dez minutos fechada no trem cheio e sem janelas abertas.
“Quando abriram a porta, não pensei duas vezes: fui atrás.” Ela diz que seguiu com outras cem pessoas, inclusive idosos e crianças, pela lateral dos trilhos, sem ver nenhum funcionário no caminho.
Andaram cerca de 200 metros até a estação Faria Lima, onde viram outro trem parado, com os passageiros dentro e as portas abertas.
A passageira Raquel Inácio, 20, também disse que não recebeu informações na meia hora em que esteve num vagão na estação da Luz, parado, com as portas abertas. Ela disse ter chegado com uma hora de atraso no trabalho.
Concessionária diz se tratar de situação ‘isolada’
Perguntada sobre o excesso de panes em tão pouco tempo, a ViaQuatro, concessionária responsável pela linha 4-amarela do Metrô, disse que “esta foi uma situação isolada” que, depois de sanada, “não se repetirá”.
A empresa não confirmou quantas foram as panes desde que a linha foi inaugurada. Disse apenas que “foram problemas pontuais e isolados que não guardam relação com o ocorrido hoje (ontem)”.
Segundo a ViaQuatro, “os usuários foram informados por avisos sonoros, tanto nas estações quanto nos trens” e agentes foram “prontamente deslocados para conduzir as pessoas que desceram do trem que estava na via”.
A Folha perguntou ao Metrô, que fiscaliza o contrato com a concessionária, quais as punições previstas para a concessionária pelo prejuízo causado pela paralisação.
Em resposta, a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos afirmou apenas que o contrato prevê “redução de remuneração com base em indicadores de desempenho além de perda de receita no caso de falhas e/ou paralisação da linha”.
O governo estadual não disse quanto a concessionária vai deixar de receber pela pane de ontem e pelas anteriores nem respondeu se a linha 4-amarela apresenta mais falhas que as demais.
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