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Sim, talvez haja uma saída!

19 de Julho de 2016, 14:33 , por Sady Jacques - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
Licenciado sob CC (by-sa)

(Discurso proferido na Abertura do Fisl17, em 13 de julho de 2016)

Este ano, tivemos duas perdas particularmente importantes: em nível internacional, a morte de Ian Murdock, criador da distribuição DEBIAN, o qual dispensa maiores apresentações; em nível local, o falecimento de Luiz Osório Moraes Waldow.

Waldow foi fundador e militante histórico na formação da APPD – Associação dos Profissionais em Processamento de Dados, as quais deram origem nos Estados, aos sindicatos estaduais e à FENADADOS, federação nacional; foi diretor do SINDPPD-RS; trabalhou como profissional de Tecnologia da Informação no MBI (Banco Meridional do Brasil); foi gerente da filial Rio Grande do Sul da DATAPREV; foi Coordenador do Centro de Reciclagem de Computadores (CRC) do Serviço Social Marista (SESMAR) em Porto Alegre; foi Assessor de TI no Gabinete do ex-governador Tarso Genro; e um militante da luta pela Anistia, Contra a Ditadura Militar e pela Redemocratização do País. Sócio-fundador da ASL.Org, defendeu o software livre em todas instâncias onde atuou nos últimos 15 anos.

Em homenagem a eles, peço a todos uma salva de palmas!

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Sim, talvez haja uma saída!

Vivemos em um mundo em crise, após a falência de um modelo econômico clássico e hegemônico; contudo, novas alternativas se insinuam em um mundo em expansão.

O bloco sugerido pela relação entre Brasil, Rússia, Índia e China, complementado mais recentemente pela aproximação da África do Sul, está construindo um novo cenário, o qual, de um lado ameaça substituir um modelo esgotado; enquanto de outro, ameaça produzir uma nova hegemonia, trocando simplesmente seis, por meia dúzia.

É preciso com urgência, uma correção de rota!

Se um outro mundo é possível, então uma nova economia é necessária: uma que seja sustentável e, portanto, inclusiva, colaborativa e resiliente, para dar conta das graves exigências de nosso tempo!

Neste contexto, a Internet das Coisas não é para as pessoas-sujeito, que são construídas no reconhecimento do outro; é para as pessoas-objeto, coisificadas pela lógica de mercado.

É claro que um mundo hiperconectado, onde o controle tecnológico extende-se sobre quase tudo a partir da nuvem e do acesso que pudermos fazer a ela, é instigante e provoca um certo "delírio de autonomia"...

Mas o Brasil, que é uma amostra estatisticamente suficiente do planeta Terra, com seus quase 220 milhões de habitantes, tem pouco mais de 10% de sua população com pleno acesso às tecnologias, e capaz de beneficiar-se deste nirvana tecnológico que sinaliza capacidade de crescimento da ordem de 210 bilhões de dólares até 2030 no país.

Logo, conclui-se que é preciso retomar a construção de uma Internet das Pessoas, o que significa instaurar uma outra lógica, a partir de uma nova ética: de compartilhamento e colaboração do conhecimento humano ao limite.

Ao mundo não é possível crescer, quando a maior parte dele, perde. Só é possível crescer, quando todos, sem exceção, ganham. E a única coisa que faz com que todos ganhem, é a troca intensa e permanente de conhecimento!

Pela lógica da competição, nosso país, nosso Estado e nossos municípios estão falidos. Pela lógica da colaboração, podemos apontar uma saída para o mundo.

Temos profissionais qualificados em tecnologia da informação por toda parte, em número suficiente para operar uma pequena e avassaladora revolução.  Precisamos despertar essa nossa inteligência "deitada em berço esplêndido"... parar de vender "licenças de uso" da "inteligência relativa" dos outros...

Precisamos lançar mão de softwares livres, que são o "Pré-sal" do conhecimento humano, para promover o desenvolvimento local e nacional através da identificação e fomento de uma Cadeia Produtiva do Software Livre. Em pouco tempo, podemos gerar milhares de empregos de alto valor agregado, qualificar milhares de micro, pequenas e médias empresas, e governos, gerando milhões em riqueza, qualificando e aumentando os serviços, a receita e os impostos necessários à retomada do crescimento local e nacional.

Isto terá dois caminhos possíveis: aquele que torna-se realidade depois de muito tempo e a muito custo, pelo valor intrínseco que possui; e aquele que viceja enquanto fruto de políticas criativas e inovadoras, elaboradas por homens e mulheres com visão estratégica e sentido de urgência pelo bem comum.


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Para concluir, quero agradecer a todas as instituições empresariais e públicas aqui representadas, mas sobretudo, a todas as pessoas que as representam, bem como a todos os indivíduos que presencial e virtualmente representam este vasto coletivo que significa o Projeto Software Livre Brasil, por continuarem acreditando que colaboração, compartilhamento e conhecimento livre podem tornar melhor o nosso mundo!

Obrigado a todas e todos,

E um ótimo Fisl !!!


(sem posts)