Um relatório publicado pelo especialista Ben Edelman pode dar uma grande dor de cabeça para grandes empresas, como Google, Yahoo e Microsoft, além de colocá-las mais uma vez sob a mira das agências regulatórias americanas. O estudo mostra que, muitas vezes, existe muito pouca distinção entre anúncios e conteúdos orgânicos pesquisados pelos usuários, o que constituiria uma forma de enganar as pessoas a clicar nos conteúdos patrocinados, gerando lucros para as empresas.
O pesquisador, que trabalha com marketing online, aponta que muitos dos elementos que identificavam anúncios e os tornavam diferentes dos resultados tradicionais estão desaparecendo. É o caso, por exemplo, de indicações em texto, links ou bordas com cores diferentes ou alterações na fonte, que mostrariam aos usuários que o conteúdo está sendo exibido ali mediante pagamento e pode – ou não – ser interessante para ele.
Uma simples análise de tela, porém, mostra de que forma as companhias estão lidando com as propagandas. O especialista fez buscas simples, como “vestidos” ou “calças”, de forma a enxergar claramente de que forma propagandas são exibidas. E o resultado foi exatamente o esperado: os links cada vez mais são dispostos de forma a tentar enganar o usuário, gerando cliques em conteúdo patrocinado, dólares nas contas das empresas e resultados que nem sempre são aquilo que a pessoa está procurando.
Foi estarrecedor, porém, um resultado de busca exibido pelo Yahoo, que mostrou apenas anúncios na primeira rolagem do usuário. Para encontrar o conteúdo que busca, o usuário teria que continuar descendo pela página, um comportamento visto como negativo para muitos, e que já está gerando críticas à companhia pela forma como os resultados foram apresentados.
É uma situação problemática, aponta Edelman, já que as companhias avaliadas não apenas estão agindo de forma nociva, mas também estão desrespeitando advertências que já foram emitidas por órgãos federais de regulação. O especialista também critica a atuação do governo que, apesar de já ter notificado Google, Microsoft, Yahoo e outras sobre a questão, não tomou ações concretas para fiscalizar e até mesmo punir aquelas que agirem de forma desonesta com seus usuários.
Em junho do ano passado, por exemplo, a FTC (Federal Trade Comission) não apenas apontou um aumento nas irregularidades, como também indicou que estava começando a minguar os contatos com as companhias sobre os assuntos. Segundo o órgão, as empresas estariam pouco dispostas a cooperar em prol de uma normatização, principalmente por se tratar de um mercado tão lucrativo que, em 2014, deve alcançar a marca dos US$ 55 bilhões.
De acordo com as leis de defesa ao consumidor nos Estados Unidos, citadas pelo site Business Insider, anúncios online devem ser “marcados de maneira explícita e sem ambiguidades, com sombras ou bordas proeminentes”. Além disso, as indicações devem ser consistentes e sempre iguais, de forma a evitar figuras de linguagem ou alterações de palavras que possam confundir os usuários. Claramente, não é o que está acontecendo.
Por enquanto, os reflexos do estudo ainda não vieram, mas a imprensa internacional já está falando sobre o assunto. Nem os órgãos federais envolvidos nem as empresas se pronunciaram até o momento, mas com o assunto ganhando força, a expectativa é que todos falem sobre isso em breve e, mais do que isso, comecem a tomar atitudes para tornar a utilização de propagandas online mais direta e clara para os usuários.
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