Relatório elaborado pelo grupo canadense Science-Metrix a pedido da Direção Geral de Pesquisa e Inovação da Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, diz que cerca de 50% dos artigos científicos publicados em periódicos com revisão pelos pares tornam-se disponíveis gratuitamente até dois anos após sua aparição original.
Esse resultado representa mais que o dobro das estimativas anteriores da proporção da literatura científica em livre acesso, que geravam números da ordem de pouco mais de 20%. De acordo com o trabalho do Science-Metrix, já estão disponíveis gratuitamente a maior parte dos artigos que tratam de ciência pura, pesquisa biomédica, biologia, matemática e estatística. O campo no qual o acesso livre é mais restrito é o das humanidades e ciências sociais, e no das ciências aplicadas, como engenharia. O setor no qual há menos abertura é o das artes visuais (apenas 13% de artigos disponíveis gratuitamente), seguido pelo de comunicação e estudos textuais (21%).
O relatório aponta ainda que o crescimento mais intenso tem ocorrido nas publicações do chamado “padrão ouro”, onde o artigo se torna disponível no ato da publicação, geralmente financiada pela mesma instituição que custeou a pesquisa. O crescimento no chamado “padrão verde”, quando o trabalho é liberado após um intervalo de embargo, e os custos de publicação cabem à editora do periódico, tem sido menor. Os autores especulam que o descompasso detectado pode ser um efeito artificial, causado pelos longos períodos de embargo.
O trabalho canadense foi criticado por outros estudiosos da área, ouvidos pela revista Science. Autor de um artigo sobre o assunto publicado no periódico de livre acesso PLoS, que encontrou uma taxa de livre acesso de 20%, Bo-Christer Björk disse que a metodologia usada não lhe permite considerar a taxa de 50% “convincente”.
Com informações de Telescópio | Unicamp.
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