Julian Assange, criador do WikiLeaks e responsável pelo vazamento de milhares de documentos confidenciais de governos, empresas privadas e organizações, estaria tentando conseguir asilo político na França. De acordo com informações extra-oficiais publicadas nesta semana, porém, o país teria negado o pedido após avaliar a situação jurídica do delator.
Assange reside na embaixada do Equador em Londres, no Reino Unido, desde junho de 2012 para escapar de investigações relacionadas a espionagem depois de revelar vídeos e documentos que relatavam a morte de civis após ataques dos Estados Unidos a supostas bases terroristas no Afeganistão e no Iraque, como parte da guerra ao terror. Na época, o governo norte-americano categorizava as mortes como um “efeito colateral”. Revelações sobre o que ocorria dentro dos muros de Guantánamo, a prisão cubana para terroristas, também vazaram por meio do WikiLeaks.
Além disso, pesam sobre Assange acusações de abuso sexual durante uma visita dele à Suécia, em 2010. Na época, ele chegou a ser preso pelas suspeitas e até mesmo sua extradição para a Suécia, seu país de origem, foi considerada antes dele ser liberado após pagamento de fiança. O retorno das investigações sobre o caso e a emissão de um mandato de prisão motivaram protestos populares e chegaram a ser apontadas por alguns como uma tentativa de trazer o delator para a Europa, onde ele também poderia ser preso por espionagem.
Foi justamente esse mandato que impediu que o presidente francês Francois Holland atendesse ao pedido. De acordo com o governo do país, o governante teria analisado pessoalmente o pedido e, devido à existência de provas materiais e um processo criminal corrente contra o delator, não poderia acatar à solicitação. Em contrapartida, considerou que Assange não apresenta nenhum tipo de perigo à soberania do país e seus cidadãos.
Por outro lado, usando o Twitter, o WikiLeaks negou veemente que Julian Assange teria feito qualquer pedido de asilo político para o governo francês. Ao contrário, o serviço afirma que ele publicou uma carta aberta no jornal Le Monde, endereçada ao presidente Hollande e a todo o público, falando sobre sua situação e sobre a maneira utilizada pela União Europeia para impedir que ele saia da embaixada do Equador.
Oficialmente, o país sul-americano concedeu asilo político a Assange, permitindo que ele embarque em um avião em direção a este lado do mundo. Por outro lado, desde 2012, a embaixada londrina permanece com a presença de agentes policiais ingleses, que possuem a ordem de prender o delator no momento em que ele sair do prédio, em uma situação que o WikiLeaks considera uma flagrante violação dos direitos individuais do acusado e também de leis internacionais e tratados entre os países.
No final das contas, após toda a movimentação, tudo permanece como está. Julian Assange deve continuar residindo na embaixada do Equador por tempo indeterminado – até que a polícia permita sua passagem segura para o país. O processo por abuso sexual deve prescrever em 2020, então ainda falta um longo tempo até que a situação do delator fique pelo menos um pouco mais leve.
Com informações de Reuters, WikiLeaks e Canaltech.
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