Se já é impossível negar que a tecnologia é parte fundamental da nossa vida, como será essa relação no futuro? Continuaremos conectados a partir de diversos tipos dispositivos ou teremos algo diferente e único? Para alguns a resposta é clara: estaremos tão dependentes das facilidades do digital que vamos tentar integrá-las ao nosso corpo.
Pode parecer algo assustador à primeira vista, mas é o que um professor da Universidade de Jerusalém acredita que nos aguarda. No entanto, ele não trata isso como algo negativo — muito pelo contrário. Yuval Noah Harari prevê que a evolução humana pode seguir tanto pelo rumo genético quanto pelo tecnológico, o que significa que podemos ser um planeta de ciborgues em alguns poucos séculos.
Durante uma palestra em um festival no Reino Unido, Harari diz acreditar que a nossa espécie vai se transformar ao longo dos próximos 200 anos e que, segundo ele, isso pode acontecer de duas formas. A primeira seria se aproximar da ideia de um ser divino que controla a vida partir de manipulação e engenharia genética. Já a outra, a qual ele diz achar mais possível, é a partir da inserção de partes não orgânicas dentro do corpo, fazendo literalmente um upgrade em nossas funções básicas.
E, por mais assustador e impossível que isso possa parecer, o professor alega que já está acontecendo. Segundo ele, buscamos sempre melhorar nossos corpos assim como tentamos sempre conseguir o modelo mais atualizado de iPhone ou de qualquer outro gadget. Essa constante busca por melhoria é um reflexo dessa eterna insatisfação do ser humano que sempre vai tentar ir além em busca de algo maior e melhor — e isso vai nos levar a um ponto em que vamos perceber que a nossa estrutura biológica chegou a um limite e que é preciso dar um salto e evoluir de verdade.
Assim, Harari acredita que essa transformação da sociedade em ciborgues vai ser o maior acontecimento dentro da história da evolução desde o surgimento da própria vida. Segundo ele, o ser humano não se transformou nos últimos quatro bilhões de anos e esse estacionamento evolutivo vai fazer com que essa mudança seja ainda mais grandiosa. Para o professor, a integração entre homem e máquina nos tornará tão diferentes do que somos hoje que será como olhar para um homem e um macaco.
Só que ele não para por ali. Ainda em sua visão sobre o futuro da humanidade, ele entra em questões sociológicas e antropológicas, imaginando que essa transformação vai também afetar noções de religião ou dinheiro. Para Harari, não precisaremos de deuses enquanto tivermos a tecnologia — algo que muita gente já abraçou como verdade.
Por outro lado, isso não significa que viveremos em um mundo utópico em que todo mundo é feliz com seus sorrisos robóticos sonhando com ovelhas elétricas. De acordo com sua previsão, apenas os ricos conseguirão fazer esse salto evolutivo e melhorar com seus corpos com elementos mecânicos.
E isso é bem assustador, pois nos faz imaginar uma sociedade dividida em pelo menos duas castas: a de ciborgues em um mundo luxuoso, limpo e tecnológico e outra de humanos normais marginalizados em bolsões de pobreza com seus corpos defasados. Uma realidade digna dos contos de Philip K. Dick.
Com informações de Telegraph, CNET e Canaltech.
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