E quando parecia que as coisas que iam começar a caminhar de novo, eis que mais problemas se avizinham. Enquanto investidores de todo o mundo se preparam para dar os primeiros passos rumo à regulamentação das moedas virtuais como uma alternativa viável de negócio, o mais novo diretor da Bitcoin Foundation, Olivier Janssens, veio a público para afirmar que a organização está bem próxima da falência.
Esse foi, inclusive, seu primeiro ato como membro do comitê gestor da associação, que apesar de não atuar como regulamentadora ou controladora dos negócios com as moedas virtuais, serve como uma entidade pública para fomento de sua utilização. Segundo o executivo, foi justamente esse caráter aparentemente aberto que fez com que ele trouxesse a situação financeira real da Bitcoin Foundation a público, já que tais informações vinham sendo ocultadas até mesmo de seus membros mais próximos.
Segundo Janssens, a falência da organização acompanha a flutuação da própria moeda. No auge da cotação, em 2013, a fundação foi capaz de acumular US$ 4,7 milhões em fundos por meio de doações e mensalidades de seus membros, sejam eles pessoas físicas ou empresas. Todo esse montante levou a empresa a contratar desenvolvedores e especialistas, em busca de criar carteiras e métodos de transação seguros e confiáveis, que poderiam, mais tarde, servir como base de um sistema central de Bitcoins que daria à organização controle sobre as negociações realizadas com a moeda.
O problema é que toda essa fonte secou rapidamente, quando a moeda começou a perder valor e, com isso, também teve o interesse drasticamente reduzido. Enquanto o mercado começava a buscar outras maneiras de trabalhar com as Bitcoins, a fundação acabou se vendo em maus lençóis e, desde novembro do ano passado, opera no vermelho, mas sem revelar isso para nenhum de seus associados.
Foi daí que veio o que, para Janssens, se tornou um grande problema. Ele afirmou que a diretoria da organização esperava algum tipo de “solução mágica” para a questão, que, desde novembro, insiste em não aparecer. E isso, para ele, mais do que mina a confiança das pessoas, mas também da própria moeda, já que não seria a primeira vez que uma instituição que lida com ela tenta ocultar a própria situação negativa em prol de livrar o próprio pescoço.
Em uma situação como a atual, isso seria ainda mais grave. Em 2015, começaram a despontar as primeiras iniciativas em prol de uma regulamentação maior do dinheiro virtual, com os gêmeos Winklevoss – os mesmos dos problemas com o Facebook – iniciando seu próprio banco de investimentos com apoio federal, além do leilão de moedas apreendidas com o fechamento do Silk Road, um mercado virtual de drogas que operava na Deep Web, realizado pelo próprio governo.
É importante lembrar que, como já dito, a Bitcoin Foundation não possui nenhum tipo de autoridade sobre a moeda em si. Sendo assim, em teoria, sua queda não muda em nada a cotação atual nem a percepção sobre o dinheiro virtual. Por outro lado, estamos falando de uma das principais organizações a trabalhar com esse tipo de fundo, com problemas desse tipo acabando por tornar a percepção sobre ela mais negativa.
A primeira hipótese, porém, acaba sendo o caso. No momento em que essa reportagem é escrita, as moedas virtuais operam com alta de 2%, a US$ 250,99. O movimento sucessivo de crescimento e queda parece se manter, como sempre. Ou seja, a notícia da falência da Bitcoin Foundation parece não ter mudado tanta coisa assim.
Com informações de Bitcoin Foundation, Ars Technica, Slash Gear e Canaltech.
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