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Fazer humor e comer carne também são opções políticas - entrevista com Gregorio Duvivier

13 de Novembro de 2014, 17:44 , por Gabriel Galli - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Licenciado sob CC (by-sa)

Usar o humor como uma forma de enfrentamento ao poder opressivo e entender que fazer política não se resume ao momento do voto. Com essas e outras ideias, o humorista e escritor Gregorio Duvivier participou da Feira do Livro de Porto Alegre na última quarta (12), em bate papo com o público na Tenda de Pasárgada. Abaixo você confere alguns trechos de uma entrevista coletiva concedida antes do evento.

 

OUÇA A ENTREVISTA COMPLETA:

 

  

 

Foto: Sheila Uberti / Rádio Software Livre 

Opressão no humor

Questionado pela Rádio Software Livre sobre críticas de pessoas contra o respeito à diversidade, Gregório afirmou que o politicamente correto só incomoda que não oprime. "Quem reclama geralmente não são as vítimas do politicamente incorreto. Dificilmente você vai ver um negro dizendo que tem saudades da época em que faziam piadas racistas com ele. Quem tem saudade é o homem branco, heterossexual, morador do sudeste. Quem reclama da patrulha não percebe que não é uma patrulha, é um processo de conscientização, evolutivo, civilizatório”, diz.

Fazer humor de uma forma diferente

Gregório diz ainda que o mais difícil na hora de inverter os papeis do humor é não ficar óbvio, panfletário, e deixar a tentativa aparente. “Você não pode deixar a ideologia transparecer quando faz um humor crítico. Quando o humorista deixa a ideologia aparecer na piada ele a está barateando. É difícil você rir de uma coisa politicamente motivada”, argumenta.

Durante a coletiva, Gregório ainda fala sobre como é escrever para diferentes espaços - os roteiros do canal Porta dos Fundos, crônicas para o jornal Folha de São Paulo e também criar poesias. Nos três ambientes ele tenta dar espaço ao humor, à subversão dos estereótipos, pois acredita que o público deve parar de se acostumar com os absurdos do mundo como se eles fossem naturais.

Mídia tradicional x mídia alternativa

Sobre o cenário da comunicação no Brasil, o humorista afirma que a distância entre a midia tradicional e a midia alternativa está diminuindo. Para ele, as movimentações dos profissionais entre os dois ambientes está fazendo com que o reconhecimento por parte do público seja direcionado aos comunicadores, e não apenas aos veículos: “Cada vez mais vale a voz do jornalista e a credibilidade dele como ser humano. Isso é muito bom. Há muita opressão da grande mídia, é uma voz só. É bom você ter outras vozes”, explica.

Outro tema de destaque durante a entrevista foi a forma como o Porta dos Fundos tenta subverter o humor preconceituoso tradicional: “O Brasil é um país muito machista e racista. O machismo no Brasil está muito entranhado em todas as classes sociais e meios de comunicação. Nós ainda temos poucas humoristas mulheres e isso definitivamente não é culpa delas", disse.

Debates sobre eleições

Sobre seu posicionamento nas recentes eleições presidenciais, conta como percebeu a experiência: “Eu achei lindas essas eleições, apesar de todo mundo ter achado que foi uma carnificina. Finalmente as pessoas estão brigando por política, em geral elas brigam por futebol, por questões bobas. Se tem alguma coisa que vale a pena brigar é por política”. 


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