O PSL-PI tem por objetivo incentivar o uso e a produção de software livre no Piauí como política de combate à exclusão digital. Acreditamos que a distribuição de conhecimentos proporcionada pelo Open Source/Software Livre tornará nossa sociedade mais justa e próspera, exatamente por dar a todos as mesmas condições de conhecimento e desenvolvimento.
Software Livre é uma grande oportunidade de construirmos uma sociedade produtora de ciência, independente e efetivamente competitiva. Estamos reconstruindo as bases da nossa sociedade, não mais calcados nos braços do Estado, mas sim, amparados pela iniciativa própria, pela auto-determinação. Nós somos capazes de nos auto-governar. Somos capazes de construir uma sociedade efetivamente Livre. Esta é a essência do PSL-PI.
O PSL-PI é formado pela articulação de indivíduos que atuam em instituições publicas e privadas, grupos de usuários e desenvolvedores de software livre, empresas, governos ou ONGs, e demais setores da sociedade. O importante é a consciência e disposição para propagar o uso de software livre e a cultura colaborativa nas diferentes esferas da sociedade.
Filipe Saraiva: Sistema permite atividades motoras a tetraplégicos
5 de Junho de 2010, 0:00 - sem comentários aindaSistema permite atividades motoras a tetraplégicos
Fonte: site da USP São Carlos
Agora fica a expectativa que estes estudos avancem e seus produtos consigam chegar a população que necessita destes. Certamente, este deve ser o desejo de todos que ingressam nesta linha de pesquisa.
Para os interessados, o laboratório da EESC-USP para pesquisas nessa linha chama-se LABCIBER. No site você encontra descrição dos trabalhos e contatos dos alunos e professores dessa área.
Filipe Saraiva: Dica de Texto: Colaboração e Open Source dentro da empresa
5 de Junho de 2010, 0:00 - sem comentários aindaUma abordagem interessante é a construção de um ambiente open dentro da própria empresa. É uma forma de "experimentar aos poucos" o modelo, diria em doses homeopáticas. Essa estratégia é adequada em especial para aquelas softhouses onde os desenvolvedores não estão acostumados com o desenvolvimento em forma de comunidades.
Assim, eu trago uma dica de texto escrita pelo Guilherme Chapiewski sobre a implantação de um ambiente open interno aos times de desenvolvimento da Globo.com.
No texto, Guilherme começa falando sobre o GitHub e como se dá a dinâmica de desenvolvimento na comunidade daquele site. Em seguida, ele conta da instalação do Gitorious nos servidores internos da Globo.com e como se deu a migração dos antigos repositórios em CVS ou SVN para o git.
Enfim, gerentes de projetos, líderes de equipes, desenvolvedores e mais: vale muito a leitura. O texto está aqui e, após lê-lo, que tal ponderar sobre o que achou aqui neste blog?
Aracele Torres: Hello world! Nós somos o KDE Piauí
3 de Junho de 2010, 0:00 - sem comentários aindaÉ com muita satisfação que formalizamos por meio deste blog a criação do grupo piauiense de usuários e contribuidores do KDE. O grupo foi formado oficialmente durante o Akademy-Br 2010, realizado em abril na Bahia e tomou proporções maiores depois das atividades sobre o KDE desenvolvidas no FLISOL 2010 Teresina.
O nosso propósito ao criar este grupo é o de poder contribuir, em todos os aspectos possíveis, no desenvolvimento, melhoria e divulgação do KDE SC e do software livre de forma geral. Pra isso, contamos atualmente com a ajuda de colaboradores das mais diversas áreas: Leonardo e Ângela (estudantes de artes); André (estudante de farmácia); Bianca (estudante de química); Filipe, Gustavo e Francisco (estudantes de computação); Aracele (estudante de história); Sérgio (estudante de filosofia) e Antão (estudante de direito).
Pra começar estamos nos organizando pra estudar programação, por que todos demonstraram interesse em contribuir com o KDE fazendo bons códigos, mas também estamos dedicados às traduções, à promoção e a parte de artwork e de reportar bugs. A expectativa é que criemos um braço forte do KDE aqui no Piauí que possa mostrar às pessoas o que o KDE tem e por quê devemos usá-lo e/ou contribuir com ele.
Pra nos representar fizemos uma arte que mistura a velha e conhecida engrenagem, marca oficial do KDE, com a carnaúba, uma das plantas simbolo do nosso estado nordestino. A arte foi feita pelo nosso artwork, Pedro Leonardo e, de agora em diante, será usada como símbolo oficial do KDE-PI.
Bom, é isso! Estamos só começando.
Cláudio Torcato: Decken no Launchpad
3 de Junho de 2010, 0:00 - sem comentários aindaHavia prometido publicar o codigo-fonte do MaginBook (agora Decken) somente quando o mesmo atualizasse sua base de dados sozinho. Ele ainda não faz isso, mas publiquei o código com que venho trabalhando e há scripts para realizarem esta tarefa. De qualquer modo, o arquivo database.db já vem com o cadastro de uma grande quantidade de cards de Magic, então não haverá problemas com isso. Uma vez que ele esteja executando, baixará automaticamente as imagens.
Vocês podem ver e baixar o código aqui. Lá vocês encontraram o Decken propriamente dito e mais o plugin para Magic.
Quando baixarem o plugin, não esqueçam de executar python setup.py develop dentro da pasta.
Vocês terão mais chances de executar o programa no Linux, ok? Pelo fato de está trabalhando no Mac ainda não tenho noção de quais os nomes das dependências via apt-get (no Ubuntu) eu preciso baixar. Tenho de informar no setup.py do Decken quais dependências ele deve baixar via easy_install. Por enquanto, só informei uma dependência: BeautifulSoup.
Depois que eu tiver com um programa capaz de ser funcional e instalável via easy_install, informo por aqui.
Aracele Torres: Peter Burke e o nascimento da propriedade intelectual
1 de Junho de 2010, 0:00 - sem comentários aindaMuita coisa mudou na minha cabeça desde que defendi a minha monografia. As formas de abordar o meu tema, os aportes teóricos usados para costurar minhas análises e outras coisas de caráter mais intimo, como, por exemplo, o gosto por alguns assuntos em detrimento de outros que também fazem parte do vasto universo da cibercultura. Na monografia eu abordei a questão da propriedade intelectual na contemporaneidade, falando do movimento software livre e do movimento peer-to-peer. Então, a grosso modo posso dizer que falei de dois campos: cultura e conhecimento. No almejado e sonhado mestrado as minhas pretensões de pesquisa se afunilaram. No decorrer da produção da monografia eu acabei me apaixonando mais pelas questões que envolvem a produção e o consumo do conhecimento no contexto das tecnologias digitais. E então agora estou dedicada a isso, pesquisando e lendo coisas que possam me informar sobre o tema.
Esses dias eu estava/estou relendo um livro maravilhoso feito por um historiador inglês (um de meus gurus intelectuais) chamado Peter Burke. O livro intitulado Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot fala sobre a produção e o consumo do conhecimento na Europa moderna, abordando questões como: quem produzia e onde era produzido esse conhecimento, de que forma ele era controlado pelo Estado e pelas instituições de ensino como as universidades e como ele era classificado, comercializado e adquirido.
Embora o livro todo seja interessantíssimo há uma parte que me desperta maior interesse, que é justamente a que se refere à comercialização do conhecimento. Isso por que esta é uma das questões centrais da minha pesquisa e também ponto de pauta importante do movimento contemporâneo que luta pelo acesso ao conhecimento e aos bens culturais. Nessa parte, Peter Burke, localiza historicamente várias discussões presentes na contemporaneidade, discussões que muitas vezes tendemos a achar que são novas, coisas do nosso tempo, que são fruto, por exemplo, da revolução tecnológica em curso.
Peter inicia a sua fala no texto da seguinte forma:
Uma das razões para se afirmar que vivemos numa sociedade da informação é que a produção e venda das informações contribui de maneira considerável para as economias mais desenvolvidas. Alguns economistas norte-americanos já tinham chegado a essa conclusão há algum tempo. Na década de 1960, um deles argumentava que seus colegas tinham negligenciado “os aspectos mercantis do conhecimento” e descrevia as máquinas como “conhecimento congelado”, sugerindo que o desenvolvimento econômico era “essencialmente um processo de conhecimento”. Quase ao mesmo tempo, outro economista publicava um estudo em forma de livro sobre o conhecimento como produto, considerando seus estoques, custos e preços. Em época mais recente, ocorre uma inundação de livros e artigos sobre a indústria da informação: o marketing da informação, os serviços de informação e a administração da informação.
Uma vez mais, uma pergunta recorrente neste ensaio é digna de ser recolocada: qual, exatamente, a novidade de tudo isso? Não pretendo negar a importância das tendências recentes para a mercantilização do conhecimento. Mesmo assim, vale a pena tentar situar essas tendências na perspectiva de mudanças graduais a longo prazo.
O que Peter sugere nesta fala e no decorrer de todo o livro é que esse debate a respeito da comercialização /acesso da informação não é privilégio nosso, não somos os primeiros a colocar o conhecimento como pauta política importante, essa discussão precede a criação das tecnologias digitais, hoje responsáveis pelo debate de contestação da lógica da propriedade intelectual. E ele explica:
A idéia de comercializar o conhecimento, por exemplo, é pelo menos tão antiga como a crítica de Platão aos sofistas por essa prática. A idéia do conhecimento como propriedade (possessio) foi formulada por Cícero. Na Roma antiga, o termo plagiarius, que originalmente designava alguém que roubava um escravo, foi aplicado ao poeta Marcial ao roubo literário; o termo compilatio também se referia ao plágio, visto como um esbulho do autor original. Na Idade Média, “compilar” se tornou respeitável, sugerindo que o sentido da propriedade intelectual se tornava menos agudo, mas no século XIII o argumento legal tradicional de que o conhecimento era “um dom de Deus que não pode ser vendido” (Scientia donun Dei est, unde vendi non potest) era desafiado pelo novo princípio segundo o qual os professores deviam ser pagos por seu trabalho. No século XIV, o poeta Petrarca, em seu livro Dos remédios da fortuna, denunciava as pessoas que viam os livros como mercadorias (quasi mercium).
As disputas sobre plágio nessa época eram mais difíceis de serem resolvidas, por que ainda não se tinha bem definido o que era propriedade intelectual e o que não era. Essas disputas se acirraram com a invenção da prensa de Gutenberg, quando escritores e impressores passaram a disputar entre si sobre os direitos de propriedade do texto. No final da Idade Média o conhecimento vai se tornando um produto cada vez mais explorável e vendável, então se o seu potencial de lucro aumenta, aumenta também a necessidade de resguardar a propriedade dessa “mercadoria” valiosa. Assim, a primeira lei de patentes é aprovada na Veneza de 1474, o primeiro direito autoral registrado de um livro é concedido em 1486 e o primeiro direito autoral artístico em 1567.
Trazendo um pouco pro contexto atual, acho que podemos encontrar muitas semelhanças. Na minha visão o que ocorre hoje com a informação é parecido com o que ocorreu na Europa moderna no contexto da criação da prensa tipográfica. Assim como a prensa agregou ainda mais valor à informação, a internet e as mídias digitais provocaram também este mesmo efeito. E o que presenciamos hoje como ,por exemplo, a criminalização do compartilhamento das informações e a perseguição aos compartilhadores, além de criação de novas leis que tentam reprimir essas práticas, nada mais são do que uma (mais uma) tentativa de resguardar a velha propriedade privada.
Ler o livro de Peter Burke longe de nos distanciar do nosso tempo nos torna mais conhecedores dele. A história social do conhecimento na Europa moderna parece não ser tão diferente da história do nosso tempo. As lutas que travamos hoje contra a tirania da propriedade intelectual e contra o controle do estado sobre nossas informações é bem mais antiga do podemos imaginar. Vale a leitura!