Recentemente, o Jornal Meio Norte, um jornal lá de Teresina Piauí, entrou em contato comigo através da jornalista Luana Sena para uma entrevista instigante: software livre vs software pirata.
Infelizmente ocorre que as vezes, na pressão para fechar uma matéria, o jornalista acaba sem tempo para levar algumas informações que obteve ao texto final. "Ainda mais infelizmente", isso é bastante comum. No caso, eu recebi as perguntas na terça pela manhã e consegui respondê-las na terça a tarde, mas o caderno sairia na quarta - ou seja, a entrevista simplesmente acabou não sendo aproveitada.
Quer dizer, não foi aproveitada pelo jornal. Este blog, prontamente, irá colocar na íntegra em duas partes. Como tratamos bastante aqui sobre tecnologia e software livre, o contraponto com o software pirata e minha opinião sobre o tema poderá ser de interesse de quem visita esta humilde página.
Segue:
1) Nome completo, idade, o que faz e tal.
Me chamo Filipe de Oliveira Saraiva (Filipe Saraiva), tenho 23 anos. Sou Bacharel em Ciência da Computação pela UFPI e atualmente faço mestrado em Engenharia Elétrica na USP. Faço parte da Associação Piauiense de Software Livre, do Projeto Software Livre - Piauí e mais alguns grupos.
2) Qual a diferença entre software livre e pirata?
Software livre é um modelo diferente, onde todos aqueles que utilizam o software dispõe de garantias e permissão para uso em qualquer plataforma e de redistribuição desse mesmo software. E, além disso, possuem acesso ao código-fonte - a forma como o software é construído - e tem permissão para estudá-lo, modificá-lo, e redistribuí-lo.
Então, quando você distribui um software proprietário sem licença, você está pirateando este software; já se você distribui um software livre, você está agindo dentro das liberdades permitidas para esse software. Distribuir software livre não é "pirataria", segundo o conceito que a mídia e a indústria construíram sobre este termo.
3) Entre os usuários há tolerância com softwares piratas?
Entre as pessoas que usam software proprietário, a pirataria é bastante tolerada por um motivo: é de nossa natureza compartilhar. E em especial, esses bens culturais digitalizáveis como o próprio software, música, filmes, etc, fortalecem essa prática do compartilhamento por uma característica intrínseca a estes meios: eles são não esgotáveis e não degradáveis. Copiar um software num CD e dar para um amigo não irá reduzir a qualidade do mesmo, nem do que você ofereceu nem do original a partir da qual a cópia foi feita. E você poderá fazer isso milhões de vezes, distribuir para milhões de pessoas, e seu software continuará do mesmo jeito.
Então, a questão do software pirata é uma consequência do modelo de negócios do software proprietário.
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