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Bolívia: Mídia Ploítica e Sociedade

3 de Setembro de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

Cinco jornalistas, câmera e roteiro nas mãos. A partir do dia 4 de agosto desembarcamos na Bolívia para produzir um web-documentário. Serão mais de 40 dias rodando o país em busca de personagens e respostas que norteiem o cenário das principais propostas e ações políticas do governo Evo Morales com destaque para quatro temas da atual agenda pública de debate boliviano: a ação do movimento cocalero e a disputa de terra, a ação do movimento dos mineradores e a luta pela exploração do solo, a política de nacionalização dos hidrocarbonetos e a aprovação da nova constituição do país. Acompanhe aqui nossa trajetória.


O homem é do povo

31 de Agosto de 2007, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

“Sua excelência senhor presidente está chegando”. Depois de armarmos o set de filmagem numa sala do Palacio Quemado, foi assim que um segurança informou a chegada pontual de Evo Morales. Ele se apresentou com sorriso tímido, camisa branca e o típico casaco preto com listras coloridas.

Apertou a mão de todos e antes de se sentar na cadeira ao lado da bandeira boliviana, fez piada com nosso amigo Lucas. “Esse é o africano do grupo. Só porque é o mais moreno faz o trabalho duro”, brincou pelo fato de Lucas cumprir a tarefa de segurar a haste do microfone.

Para a produção do documentário nos interessava falar da história de Evo até chegar à cadeira mais cobiçada da república, de como articulou o movimento cocalero com todos os outros movimentos sociais do país e de como se posicionava frente à forte oposição da direita. “Nosso maior inimigo atual são os grandes meios de comunicação”, definiu sem rodeios.

E não precisa ser ele a dizer isso. Assistindo aos telejornais das grandes redes, percebe-se uma campanha sistemática contra o governo e contra o processo de transformação exigido pelos movimentos sociais. Os diários impresos também nao ficam pra trás e quase sempre editorializam a cobertura política, esquecendo da informação factual.

Evo falou ainda da luta cocalera e de como os movimentos organizados se fortaleceram num processo de reação às políticas de neoliberiais dos governos anteriores. Falava do mal papel norte-americano enquanto relaxava os ombros e deixava os braços cairem no contorno lateral da cadeira. Reclamava do protocolo e da segurança que tinha que se submeter enquanto enfregava uma mão na outra e as guardava entre as pernas.

Apesar do cansaço aparente (enfrentou o maior Paro Cívico do país no dia anterior), em poucas ocasioes desviou os olhos dos meus. Visão firme, falava sem capas e sem esconderijo. Uma entrevista franca, mas sem palavras excessivas, cuidado natural de um chefe de estado acostumado a ser qualificado de "índio incompetente".

O tom intimista foi uma constante e a impressão mais forte é de que estávamos diante de um homem simples, real representante das classes populares: um homem do povo. Ele despreza as técnicas comunicativas utilizadas pela maioria dos habitantes do campo político e fala com naturalidade.

As suas origens de pastor de lhamas, quando criança, e de campesino cocalero, já adulto, não ficaram, ao menos aparentemente, do lado de fora do palácio presidencial. Numa tentativa definir sua própria representação nacional, ele emendou. “Os movimentos sociais são muito mais importantes que Evo Morales”.



Exclusivo!

29 de Agosto de 2007, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda



Entrevista com o presidente Evo Morales. Essa é outra cena do filme que você nao pode perder. Gravada hoje no Palácio Quemado em La Paz.



A periferia se mobiliza

25 de Agosto de 2007, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda


Por Vítor Rocha

A cidade de Cochabamba é cercada por morros áridos, muitos deles povoados por casas sem reboco. Da praça 14 de Setembro, referência onde está localizada a sede do governo departamental (Prefectura), pode-se ver os morros em ângulo de 360º. Como no Brasil, são as regiões relegadas aos pobres e migrantes. São locais com precária infra-estrutura urbana, esquecidos pelo poder público e endereço de meio milhão de pessoas apenas em Cochabamba.

Inúmeras famílias saíram em penitência da região do Altiplano, a partir de 1980, agredidas pelas secas e baixas extremas de temperatura provocadas pelo El Niño. Mais de 70% das plantações e 50% dos animais desapareceram. Muitas famílias foram para as periferias das grandes cidades, outras tantas para Santa Cruz e ainda muitas para a região amazônica do Chapare, destino do pai de Evo Morales depois de perder quase todo seu rebanho de lhamas.

Na segunda passagem por Cochabamba conhecemos um desses morros. Fomos guiados por um migrante e agente de uma Missão de Jesuítas. Fomos numa caminhonete emprestada pelos padres para enfrentar um caminho coberto por poeira fina e agressiva aos pulmões. Chegamos de carro, mas os moradores do local usam os coloridos e divertidos miniônibus Dodge, uns dos tantos meios de transporte público da cidade. Pelo menos isso chega por lá.


Mas falta água encanada, energia elétrica, assistência à saúde, escolas. Esgotamento sanitário nem se fala. No meio de tantas necessidades, um poder organizativo muito forte pode ser encontrado. Os vecinos formam grupos para tentar resolver os problemas locais. São diversos níveis organizativos. Os mais avançados são as Organizações Territoriais de Base, as famosas OTBs. Elas são oficializadas e, apesar de não pegarem em dinheiro, viabilizam obras públicas nos bairros.

As OTBs são resultados das Juntas Vecinais, organismos populares organizados pelo espírito de luta dos moradores dos morros. Têm ainda os Comitês da Água e as diversas Juntas de cada setor social. Sobra organização social e falta assistência. Essa equação desigual faz a população de baixa renda lutar com todas as forças pela transformação do país.

O nível de politização dos bolivianos é notável. Na nossa passagem por Loma de Santa Bárbara tínhamos a intenção de entrevistar lideranças locais. Fomos nas casas de vários deles e todos estavam fora. Um morador sentiu nossa presença estranha e se acercou.

Depois de alguns papos, resolvemos entrevista-lo. A cidade coberta por uma nuvem de pó compunha o pano de fundo. Crianças brincavam num parquinho improvisado, cachorros dormiam quase mortos em processo de hibernação sob o sol forte, um tanque de água vazio formava o cenário e sobretudo o silêncio fazia o esquecimento ainda mais notável.

José quebrava o silêncio e falava com desenvoltura para a câmera. Exprimia argumentação invejável para relatar o abandono, a falta e a força. Disse que no 11 de janeiro, quando marchas pró e contra Evo tomaram as ruas da cidade e se enfrentaram para um saldo de três mortes (dois campesinos de um lado e um estudante de classe média do outro), políticos locais tentaram cooptar os vecinos para não descerem os morros em apoio ao presidente. “Colocaram até uns postes com fios. Prometiam energia elétrica e pediam para que ficássemos em casa. Mas não, todos baixamos”.

Perguntei o porquê da atitude e ele logo deixou claro. “Evo Morales é como um irmão para nossa gente e temos a obrigação de defender seu governo popular. Não podemos perder nossa chance”.



Rio Santa Rosa

22 de Agosto de 2007, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda


Ainda no Chapare. Hoje, por volta das 3h da tarde



A folha de coca

22 de Agosto de 2007, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Ontem, em um cocal. Fosse você, nao perderia essa cena do filme. Aguarde!