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A Globo, direto da Pampa

16 de Agosto de 2007, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Transplantado de uma beira de estrada do interior da Bahia diretamente para os arredores de Santa Cruz de la Sierra - a cidade mais rica da Bolívia -, o humilde distrito de Pampa de la Isla comemorou seu não-sei-quantésimo aniversário no domingo passado. Santa Cruz é uma cidade metida a moderninha, urbana-emergente, mas o pessoal da Pampa ainda conserva sua simplicidade tímida, típica de que vem lá do sertão e pode não agradar. Por lá, como nos bares chiques da cidade, também se escuta "reaggaeton", uma aporrinhante batida portorriquenha. Com a diferença de que as ruas são de barro e as casas de tijolo à mostra, como o lixo na porta.

Como bom sertanejo, o povo recebeu e aplaudiu, empolgado, a umas boas duas horas de discursos de gente importante e engravatada. Em cada fala, cupinchas da administração e do empresariado local não perdiam a oportunidade de malhar um pouquinho o governo de Evo Morales e pregar um discurso separatista de autonomia. No fim, do próprio prefeito, promessas de um novo hospital para o vosso-reino, em troca de aplausos, sorrisos e mais todo aquele venha-a-nós. Conservando o costume antigo do sertão, em Santa Cruz o povo ainda diz amém.

Disfraçados de jornalistas, suamos para conseguir entrevistar a presidente do Comitê Cívico pró-Santa Cruz. Os tais comitês existem em cada uma das 9 províncias bolivianas e são o ajuntamento de diversas organizaçoes da cidade (inclusive a prefeitura e o governo da Província!), sob a batuta de latifundiários e empresários da região. Na hora negociar com o presidente, são eles - que nunca receberam um único voto - que sentam na mesa. E a transformam em balcão, e exigem o que bem entendem.

O chato do assessor nos concedeu cinco minutos com a distinta senhora. Anotou nossos nomes, botou uma banca de importante, disse que andava tendo problemas com entrevistas de estudantes, aquela coisa.

E eis que, caminhando, já de partida, escutamos no microfone: "Vamos saudar a equipe da Globo, de Brasil, que também está aqui fazendo umas imagens, vendo como se faz festa na Pampa."

Do palanque, dondocas nos olhavam, e pela primeira vez abriam sorrisinhos. E o povo, incauto, disse amém mais uma vez. Fomos embora, porque já era meio-dia e sol do sertão vocês sabem bem como é.

Fonte: http://projeto-bolivia.blogspot.com/2007/08/globo-direto-da-pampa.html

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