Setor TIC aprende as lições das redes sociais
Os princípios que regem as iniciativas de grandes empresas de TI na montagem ou apoio de redes sociais são os mesmos que envolvem toda e qualquer corporação: uma maior respeitabilidade e fidelização na web. Não por acaso nomes como Microsoft, Sun, IBM e alguns projetos locais já entraram neste jogo.
“A fidelização é primordial. E a grande vantagem é atingir o seu público com efetividade maior, ganhando sinergia e fidelizando sua marca ao utilizar a internet”, admite Maurício Zanetti, diretor executivo da Inter.net, empresa que possui uma plataforma que customiza a montagem de redes sociais. O executivo assegura que não existem diferenças gritantes entre as necessidades básicas deuma corporação como a Johnson & Johnson e um fornecedor de tecnologia. “É preciso chegar até o público-alvo, mas deve-se chegar bem”, completa.
Ou seja, assim como a Sun investe em uma rede social de open source, e fala com o público que lhe interessa, a Johnson faz um projeto que envolve adolescentes no inseparables.com ou o no Faço Acontecer (www.facoacontecer.com), para mulheres que utilizam produtos como o absorvente íntimo OB. Ou mesmo um banco como o Santander que dá continuidade ao projeto do Banco Real, recém adquirido, com o Talentos da Maturidade (www.talentosdamaturidade.com), que será lançado ainda no final de junho. “São projetos que servem como um exemplo para as empresas de TI pelo seu foco bem definido”, garante Zanetti.
Entre as experiências bem-sucedidas dentro do campo de tecnologia da informação, o executivo lembra do TechRepublic.com, voltado para profissionais do meio e que existe desde 2005, ou ainda o B-Net para quem ocupa cargos de gerencia em geral e que abarca gestores de TI. “E existe um grande número de comunidades de desenvolvimento fomentadas pelos grandes fornecedores”, completa Zanetti.
Mas como saber ou estabelecer os limites para que tal investimento por parte das corporações não acabe se tornando um estorvo para a marca? “Com certeza existem esses dois lados, o positivo e o negativo. Não se pode deixar de ter moderação, ela acaba sendo muito necessária, entretanto, ao mesmo tempo, a linha ou fronteira dessa presença é muito tênue. Para ser atrativa, a rede social deve ter as mesmas funcionali¬¬dades do que existe no mercado, com o limite sendo gerenciado pelos próprios usuários”, ensina.
Blue na rede
O mais recente dos investimentos dentre as companhias de TI é a rede social My DeveloperWorks (https://www.ibm.com/developerworks/mydeveloperworks), voltada à comunidade global de desenvolvedores de software da IBM. Além de permitir a criação de perfis dos usuários-parceiros da marca, foram criadas inúmeras facilidades, como links para outras comunidades que falam sobre temas específicos e ainda fóruns, blogs relacionados e wikis.
O “rosto” do site é austero e a url não engana, você está dentro do mundo IBM. Tudo bem explícito, assim como o objetivo declarado pela companhia é bem claro: “facilitar aos usuários a criação de novas tecnologias baseadas em padrões e tecnologias tradicionalmente abertas”, entre elas as plataformas Java, Linux e a linguagem XML. Um avanço é a possibilidade da My DeveloperWorks permitir a integração com outras redes sociais como Twitter e Facebook, entre muitas outras.
Como observou Karin Arnold, gerente geral do Telecom Solutions Labs da IBM, em visita ao país e em entrevista exclusiva a TI Inside, “as empresas podem usufruir das redes sociais para mudar o seu modelo de negócios, como a relação com clientes e parceiros. Elas podem pegar um grupo de usuários como mercados-alvo e fazer campanhas virtualizadas e com gastos menores”, afirmou.
Depois de destacar as múltiplas oportunidades das redes sociais, como a interação com os clientes que pode levar ao desenvolvimento de novos produtos, a executiva complementou: “a utilização de redes sociais pode contribuir com o aumento das receitas”. Mesmo, claro, que de forma indireta ou subliminar.
A multiplicação das redes
Muitas vezes o projeto de redes sociais se inicia em casa (veja mais também no Box Made in Brazil), como aconteceu com o investimento da Microsoft no TownSquare. Projeto surgido no Microsoft Office Labs a partir de demandas internas – tendo como base o desenvolvimento dos produtos da casa –, para atender a troca de informações e atualizações entre os colaboradores da empresa.
Rapidamente ele chegou a 8 mil colaboradores internos da Microsoft. E, de acordo com quem já o viu, sua interface inicial lembrava a do Facebook – rede que recebeu investimentos de US$ 240 milhões da Microsoft, ainda em 2007. Entre as funcionalidades disponíveis estão desde o compartilhamento de dados de um documento ou arquivo de produtos até informações prosaicas como novos cargos e aniversários dos colaboradores. Como revelou Chris Pratley, gerente geral do Office Labs, alguns clientes da companhia estão testando o TownSquare. Em resumo, não duvide se ele virar um produto.
Já a Sun, recém comprada pela Oracle, tem muitos investimentos naquilo que mais lhe interessa: os desenvolvedores. Uma delas é a comunidade OSUM ou Open Source University Meetup, que conta com muitos adeptos e grupos associados às universidades brasileiras. Muitas delas já possuem o chamado Embaixador do Campus, responsável pela criação das comunidades naquelas localidades.
Sua especialização é em quem trabalha ou trabalhará com sistemas abertos, o open source, e deseja trocar experiências, dicas e sugerir algo para o desenvolvimento da plataforma. Além de espaço para discussões, chamadas para eventos e o que mais se pensar em uma rede social com esse perfil. O endereço, assim como o da IBM deixa clara sua filiação (www.osum.sun.com) e não se espere algo inovador em sua interface. Um fato importante: é possível falar em português nele.
Os investimentos ou quanto foi gasto em cada um destes projetos ninguém pretende ou gosta de falar. Afinal, principalmente em épocas de vacas magras, falar em cifras é algo que deixa arrepiado todo mundo e ninguém quer este tipo de exposição. Ou alguém sabe quanto foi e é gasto no Facebook ou no Orkut?
Made in Brazil
Em maio último, durante a realização do IV Festival de Software Livre da Bahia e III Encontro Nordestino de Software Livre, a Associação de Software Livre (ASL.Org), anunciou a criação de uma rede social dentro do Projeto Software Livre Brasil (PSL). Sua criação se baseou na plataforma Noosfero, desenvolvida pela Cooperativa de Tecnologias Livres da Bahia (Colivre) e tem, entre as suas funcionalidades, a montagem de blogs, e-portfolios, RSS e agenda de eventos.
De acordo com o PSL, a ferramenta permitirá a evolução do próprio software livre no País por facilitar a troca de opiniões, experiências e informações dentro da comunidade, permitindo ainda o contato entre pessoas físicas e jurídicas que trabalham com a plataforma. E existe a projeção de, no futuro, oferecer apoio ao comércio de bens e serviços de TI.
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