Por Thereza Dantas
Reconectar-se com a tradição e descobrir formas de trabalhar questões relativas à saúde, gênero, cidadania, educação, ecologia e cultura através do encontro com as parteiras do Norte e do Nordeste. Foi a partir dessas experiências que a enfermeira obstetra Suely Carvalho fundou há 18 anos a ONG CAIS do Parto, numa época, em que o Ministério da Saúde contabilizava a existência de mais de 60 mil parteiras no Brasil.
A CAIS do Parto é uma organização não-governamental que fundamenta-se na reforma sanitária, nos direitos humanos, atuando nas áreas da cidadania, educação, ecologia e cultura. A coordenadora geral do CAIS do Parto, Marcely Carvalho, atua como doula (ajudante de parteira) há dez anos, e há três se tornou parteira. Ela destaca que a ONG trabalha não meramente com pessoas que optam por ter os filhos em casa, mas principalmente o que se pretende é alertar para o direito de ter um parto com conforto, carinho e da maneira como foi sonhado pela família.
A partir de 2004, o Cais do Parto tornou-se Ponto de Cultura e começou a estabelecer relações com outros grupos culturais. Para ampliar a ação das parteiras dois programas de rádio são produzidos na Rádio Comunitária Sol FM (90.7 FM). O programa “Gravidez, Parto e Nascimento”, que vai ao ar todas as segundas-feiras das 20h ás 21h, e o programa “De ponto a ponto de Antena Ligada”, apresentado todas as quartas-feiras das 19h ás 21h. Integrar uma rede de Pontos de Cultura proporcionou ao CAIS do Porto uma maior visibilidade de suas ações conforme explica Marcely Carvalho: “Em 2004 entra o Ministério da Cultura com a proposta dos Pontos de Cultura, que dá um avanço na visibilidade, na questão do trabalho em equipe. Várias instituições começaram a se conhecer, já que, aqui em Olinda mesmo, eram oito Pontos de Cultura, e, até então, a gente não se conhecia direito. A partir disso, você começa a criar outras parcerias, a partir do Ponto, você começa a ter esse entrosamento.”
Por conta da veiculação desses programas na rádio comunitária, a ONG CAIS do Parto foi um dos projetos selecionados pelo Prêmio Mídia Livre. “Queremos aproveitar esse prêmio para produzir mais programas, como o “Fala Doutor”. Depois vamos adquirir mais equipamentos, em agosto teremos pelo menos mais um transmissor”, avisa Marcely. Ela é a responsável pela Comunicação do CAIS do Parto. “Sou parteira e não faço programas com linguagens tradicionais, nós utilizamos a linguagem das parteiras, a linguagem popular, muito verso e prosa.”
Além dos programas de rádio, Marcely também organiza oficinas com jovens e adolescentes em duas escolas de Olinda. “Discutimos educação sexual e estamos preparando os alunos para produzir seus próprios programas nos rádios de poste que serão criados nas escolas”.
Com esse trabalho de Comunicação o CAIS (Centro Ativo de Integração do Ser) do Parto pratica a democracia quando abre seus programas aos integrantes das comunidades onde atua. “Mas também sabemos da grande responsabilidade de resgate das filhas e netas das parteiras para o conhecimento tradicional do parto natural”, explica Marcely.
Site do CAIS do Parto
A Mídia Livre do CAIS do Parto - PE
30 de Julho de 2009, 0:00 - sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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