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Desconferência

15 de Abril de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

Este espaço é reservado para a preparação do público no dia da desconferência. A ideia é incluirmos materiais de qualquer mídia que possam enriquecer o debate e aprofundar o conhecimento sobre o tema do debate.

Desconferência é um conceito ainda em construção mas que, de modo geral, pode ser entendido como um encontro - neste caso virtual - no qual os participantes agendam o que gostariam de falar e debatem com outros interessados.

O nosso próximo encontro virtual acontece em 7 de outbro, das 14 às 17h. O seu tema será A Música para a democratização da cultura.

Ao longo deste ano, a equipe Ponto por Ponto realiza quatro desconferências. A primeira dela aconteceu em junho e o seu tema foi Software Livre e os Pontos de Cultura. A segunda, Comunicação e Cultura: rumo à Confecom, foi realizada em agosto. As última está prevista para novembro. O seu tema ainda será definido.

O que a Música tem a ver com a gente?

A Música é uma das principais expressões artísticas dos Pontos de Cultura. Por meio dela, é possível dar visibilidade à cultura local e resgatar a memória de uma comunidade. Ao mesmo tempo, ela pode ser o resultado de um processo criativo inovador e uma oportunidade para o emprego de novas tecnologias. Todas essas ações convergem para a democratização dos bens culturais e atribuem à música uma importância não apenas cultural, mas também social e histórica.

No sentido de valorizar as diversas iniciativas de produção musical, os Pontos de Cultura se dedicam à discussão do direito autoral, questionando o modelo de monopólio artístico imposto pelas grandes produtoras e apresentando novas possibilidades de compartilhamento.


Programação da III desconferência

5 de Outubro de 2009, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Se vc deseja participar como um debatedor da desconferência, inscreva a sua atividade, clicando no botão "editar" e preenchendo os campos abaixo. Se a opção de edição não estiver aparente é por que você ainda não é membro desta rede. Cadastre-se!

Horário

Tema da conversa

Debatedor

Breve descrição

14h-15h

Produção musical, direito autoral e novos caminhos para compartilhamento

Everton Rodrigues
(Movimento Música para Baixar - Porto Alegre, RS)

Debate sobre o direito autoral e os seus efeitos no modelo de monopólio do mundo da música e as possibilidades de compartilhamento da produção musical.

15h-16h

Música utilitária

Marcos Santiago
(Ponto de Cultura Cenapec - Campinas, SP)

Debate sobre a história da música e a sua importância como instrumento social de resgate da memória e da cultura brasileira

16h-17h

Escuta aí vu - Desconstruir formas para reencontrar sentidos na música

Denis Moraes (Ponto de Cultura Eletrocooperativa - Salvador, BA)

Debate sobre a produção musical espontânea, sem prévia preparação como forma de manifestação das comunidades



III Desconferência - A Música para a democratização da cultura

5 de Outubro de 2009, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Destaque_desconferencia_convite



Ponto por Ponto realiza a sua segunda desconferência

2 de Setembro de 2009, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

No último dia 26 de agosto, a rede social Ponto por Ponto organizou a desconferência Comunicação e Cultura: rumo à Conferência Nacional de Comunicação.

O evento virtual foi dividido em sete módulos. Em cada um deles, um debatedor propôs um tema de conversa e debate relacionado à Confecom ou às ações voltadas à democratização da comunicação e da mídia. Ao longo do período de 50 minutos de cada discussão, os participantes interagiram com o debatedor fazendo perguntas, trocando experiências e críticas.

Entre os debatedores, estiveram presentes os Pontos de Cultura Coletivo Catarse (Porto Alegre - RS), Argonautas (Belém – PA), Educapipa (Timbau do SUL – RN), Papo Cabeça (Rio de Janeiro – RJ), o Pontão Ganesha de Cultura Digital (Florianópolis – SC, além do coletivo Intervozes (São Paulo – SP) e o Centro de Cultura Luiz Freire (Olinda – PE).

Para conferir a íntegra das conversas, clique aqui.



Políticas Sociais para Comunicação Democrática

25 de Agosto de 2009, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Políticas locais de Comunicação

 

Texto publicado no site Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

Historicamente, o debate sobre a implantação de políticas democráticas de comunicação no Brasil tem se focado no âmbito federal. Há, de fato, poucas (ainda que valiosas) experiências consolidadas em âmbito municipal ou estadual.

Um dos motivos para isso é o fato de que a Constituição Federal prevê que a exploração e a regulação das telecomunicações e radiodifusão, áreas de aplicação de parte dessas políticas, são de competência da União. Isso tende a localizar o foco das ações relacionadas a esse tema no Executivo e Legislativo Federal (especialmente Ministério das Comunicações e Câmara dos Deputados). Outra razão para essa ausência é que nem no âmbito federal há uma tradição no
Brasil de desenvolvimento e implementação de políticas públicas de comunicação. O país não tem nem mesmo um órgão regulador com incidência na radiodifusão. Assim, as raras políticas de comunicação trabalhadas em âmbito municipal ou estadual partem em geral de iniciativas isoladas do poder local, sem apoio de programas federais, o que dificulta o fortalecimento de políticas de incentivo à pluralidade e à diversidade em larga escala.

Se observado mais de perto, contudo, notamos que há diversas possibilidades de atuação no âmbito local, inclusive em questões de telecomunicações e radiodifusão. Mais do que possibilidades, há ações essenciais que podem contribuir na reorganização do sistema de comunicação e na ampliação das possibilidades de democratização.

Essas ações mostram-se fundamentais ao se constatar que nas últimas décadas, a centralidade dos meios de comunicação para a realização dos debates públicos e para a circulação de idéias e valores se intensificou brutalmente. Especialmente a televisão e o rádio cumprem papel central na esfera pública – o espaço social onde se faz a disputa ideológica por hegemonia. Além de influenciar na formação da opinião pública, a comunicação é central na construção da agenda, na definição daquilo que será discutido ou não pela população no seu cotidiano. O que não passa pelos meios de comunicação tende a estar fora da agenda social.

Assim para garantir que se manifestem a pluralidade e a diversidade de visões de mundo presentes na sociedade, é preciso garantir a ampla participação dos diversos setores sociais nesses espaços. No entanto, o caráter desta esfera midiática se mostra hoje prioritariamente privado. A arena pública é completamente controlada por poucas empresas familiares, por conglomerados transnacionais e políticos. Isso significa que para alguns dos setores dominantes é garantido o direito de comunicar. Para outros, incluída aí a maior parte da população, a comunicação se torna mero serviço, e a informação mercadoria a ser consumida.

No contexto das comunicações mediadas, torna-se portanto imperativa a defesa da comunicação como direito humano. A garantia deste direito pressupõe um olhar sobre o complexo sistema de transmissão e circulação de informações e a elevação de cada cidadão à condição de sujeito de comunicação. Falamos aqui do papel do Estado e da necessidade de uma gama de políticas públicas que devem ser criadas para a efetivação deste direito.

Em relação aos instrumentos de comunicação, parte-se de duas perspectivas. Uma é a dos instrumentos de comunicação de governo, em geral mantidos e controlados pelo Executivo, que precisam – exatamente por isso – estar a serviço dos interesses do cidadão. Outra é a do fomento à comunicação pública, entendida como distante de interesses governamentais, de um lado, e do mercado, de outro. Aqui o papel do Executivo não é de produtor da comunicação, mas de fomento à comunicação praticada pela sociedade, a partir de diferentes matizes culturais e ideológicos.
No entanto, é preciso pensar 'políticas de comunicação' com incidência muito mais ampla do que apenas sobre os meios de comunicação. Em primeiro lugar, porque a comunicação é um instrumento da própria gestão pública, essencial para a consecução dos objetivos das diversas políticas sociais. Em primeiro lugar, porque a comunicação é um instrumento fundamental para qualificar a participação do cidadão no processo democrático; o acesso pleno à informação é condição de exercício da cidadania, um dos meios pelos quais a população pode se envolver na definição, implantação e monitoramento de políticas sociais.

Assim, a defesa do direito à comunicação deve incluir a defesa da liberdade de expressão, o direito à informação e o direito ao conhecimento. Só com a combinação desses diferentes elementos é que os cidadãos podem conquistar autonomia e exercer plenamente sua cidadania. Considerando essas perspectivas, este documento tem como objetivo apresentar propostas de políticas de comunicação a serem implementadas em âmbito municipal. Pela sua tentativa de ampliar o escopo tradicional das políticas locais para o setor, ele aborda tanto questões que fazem parte das atribuições típicas das prefeituras e câmaras municipais quanto aquelas que em geral não são objeto de ação dessas esferas de poder.


Há muito a ser feito em âmbito municipal que pode contribuir com a democratização da comunicação. Baseado nisso, o Intervozes construiu um documento com propostas de políticas locais de comunicação a serem implementadas pelo Executivo e Legislativo. Para ler o documento na íntegra, clique aqui.



Por uma Conferência de Comunicação democrática

24 de Agosto de 2009, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

A Comissão Paulista Pró-Conferência de Comunicação, articulação que reúne mais de 90 entidades e movimentos de todo o estado de São Paulo, reunida em 19 de agosto, debateu os últimos acontecimentos envolvendo a realização da 1ª Confecom. Diante da proposta do governo de distribuição da delegação à conferência na proporção de 40% para o segmento empresarial, 40% para a sociedade civil e 20% para o poder público e do estabelecimento de um quórum qualificado de 60% para a aprovação de propostas, as entidades reunidas na Comissão Paulista afirmam:

- Mantemos nosso posicionamento, já manifestado em nota divulgada anteriormente, de que a proporção 40/40/20 para a distribuição de delegados não corresponde à real representação desses segmentos na sociedade brasileira, conferindo um peso desproporcional ao setor empresarial;

- Esse formato de representação somado ao quórum qualificado de 60% para aprovação de propostas fere o caráter democrático da Conferência, uma vez que confere poder de veto a qualquer setor, criando um ambiente avesso ao que se espera de espaços institucionais de debate como o que está em questão;

- A atitude do setor empresarial de se retirar da Comissão Organizadora Nacional não pode ter força de pressão sobre o governo federal a ponto de suas exigências serem acatadas de imediato. Muito menos deve ter esse impacto sobre as entidades da sociedade civil, que devem seguir defendendo critérios democráticos para a realização da 1ª Confecom;

- Defendemos que a Conferência Nacional de Comunicação seja um espaço democrático para aprofundar os temas relativos ao setor em nosso país, onde todos os segmentos sociais possam colocar suas posições livremente, sem privilégio para nenhuma das partes envolvidas no processo. Para nós, a 1ª Confecom é uma oportunidade para a realização desse debate a partir do reequilíbrio de forças desses atores, e não para reproduzir o desequilibro já existente na sociedade.

Por tudo isso, reivindicamos o fim do quórum de 60% para a aprovação das propostas e que a representação de delegados na Conferência não reserve vagas de antemão para nenhum setor da sociedade civil – conforme proposta já apresentada pelas organizações que integram a Comissão Nacional Pró-Conferência, na qual o poder público teria direito a 20% dos delegados e a sociedade civil (incluindo todos os seus segmentos), 80% e a aprovação dos temas na conferência observasse o critério já consagrado pelas outras conferências institucionais, o quórum de 50% +1 dos votos.

Conclamamos então todas as entidades que participam da Comissão Organizadora Nacional a seguirem lutando por melhores condições de representação da sociedade civil não empresarial na Confecom. Não podemos aceitar como imposição a proposta dos empresários, defendida equivocadamente pelo governo, e que representa uma afronta ao caráter democrático que deve alicerçar a Confecom. A Comissão Paulista Pró-Conferência entende que este é um momento de negociação e que ainda é possível fazer valer nossas posições. É em torno delas que permanecemos unidos e mobilizados.

São Paulo, 19 de agosto de 2009.

Comissão Paulista Pró-Conferência de Comunicação


ABRAÇO-SP, Ação da Cidadania SP, Ação Educativa, Acesp, AFUBESP, Agência Pressenza, Andep, APEOESP, APIJOR – Ass. Bras. Da Propriedade Intelectual dos Jornalistas Profissionais, Articulação Mulher e Mídia, Artigo 19, Associação Cantareira, Associação da Parada Orgulho GLBT, Campanha pela Ética na TV, Cavalo Marinho, CEERT, Centro Academêmico Benevides Paixão - Comunicação Social – PUC-SP, Centro Camará de Pesquisa e Apoio á Infância e Adolescência, Centro Informação Mulher, Ciranda Internacional Informação Independente, Coletivo Cidadania Ativa, Coletivo de Esquerda, Coletivo Demover, Coletivo Digital, CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras, CRESS, CRP-SP - Conselho Regional de Psicologia de S. Paulo, CUT-SP, Educafro, ENECOS – Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social, Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns PUC-SP, Fitert – Federação Interestadual dos Trabalhadores em Emissoras de Rádio e Televisão, Fórum de Mídia Livre, Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, FRENAVATEC, Geledés – Instituto da Mulher Negra, GENS – Educação e Cultura, GPOPAI-USP, Grupo Baixada Santista Pró-Conferência, IBCCRIN, Instituto Alana, Instituto de Cultura Árabe, Instituto Patrícia Galvão, IPJ - Instituto Paulista de Juventude, Instituto Paulo Freire, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Juventude do PT, LBL – Liga Brasileira de Lésbicas, Mandato da deputada Luiza Erundina, Marcha Mundial das Mulheres, Marcha Mundial pela Paz e pela Não-Violência, Memória Magnética, Moradia MMLM-FCV, Movimento Anistia, Movimento de Moradia de Sao Paulo e Interior UMM, Movimento dos Sem Mídia, Movimento Humanista, Movimento Moradia Flagelados Enchentes de Guaianazes, Movimento Música pra Baixar, Movimento Nacional Moradores de Rua, Movimento Palestina para tod@s, Movimento Sindicato É pra Lutar!, Newswire Comunicação, Núcleo de Cinema e Vídeo COM-Olhar, Oboré - Projetos Especiais em Comunicações e Artes, Observatório da Mulher, Portal Vermelho, Projeto Cala Boca já Morreu, Projeto Catraca Pede Passagem, Projeto O que Pode Ser Diferente, Rede Andi Brasil – Secretaria Executiva, Rede Grumim de Mulheres Indígenas, Rede Mulher de Educação, Revista Fórum, Revista Viração, Sindicato dos Bancários, Sindicato dos Jornalistas, Sindicato dos Psicólogos, Sindicato dos Radialistas, Sociedade de Desenvolvimento Cultura Ecológica e Social de S.Paulo, Sociedade de Desenvolvimento Cultura Ecológica e Social de São Paulo, SOMA Comunicação, Sumaré - int. Sind. Radialista, Tribunal Popular, TV Cidade, TV Comunicação de Bauru, UBM-SP - União Brasileira de Mulheres, UMSP – União de Mulheres de São Paulo, UNEAFRO, União Brasil, União dos Movimentos de Moradia, União Estadual dos Estudantes – SP



Mídia Alternativa 06

24 de Agosto de 2009, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

 

Urgências na Comunicação


Trabalhamos, até aqui, no solo do conceito de hegemonia, contudo sem explicitá-lo. De uma forma mais geral, a hegemonia é compreendida como “capacidad de dirección” e “se habla de hegemonía política, aunque también de hegemonía cultural, religiosa, económica etc.”, como definem Bobbio e Matteucci (1984). Contudo, é em Gramsci que o conceito de hegemonia deixa a esfera exclusivamente intelectual para alterar e transformar a práxis, isto é, interferir em nossos cotidianos e nas maneiras de ver e agir no mundo. Em Gramsci o conceito é fecundo e se torna uma ferramenta da prática política e cultural, da práxis, orientando movimentos mais coesos nas lutas políticas, no sentido de que a revolução “por baixo”, popular, só será possível quando o que se entenda por “popular”, isto é, as classes trabalhadoras, produtoras que são de suas próprias condições de existência, mostrar capacidade dirigente e de liderança política e cultural da sociedade, em um rumo “alternativo” ao capitalismo, isto é, forjando nova hegemonia.


Neste sentido, a mídia alternativa, hoje, é um conceito da prática bem mais ampla de produção de comunicações que hoje ocorrem na sociedade brasileira, e não somente nela, constituindo movimentos que se espalham também em direção às ocupações e disputas dos espaços midiáticos e da produção de sentidos que as novas tecnologias de informação vão possibilitando, sem que ainda o capital tenha conseguido comprá-las, “controlá-las”, ocultá-las, silenciá-las ou absorvê-las, tais como fenômenos da indústria cultural. Mídias que vão contra a hegemonia, com falas “diferentes” e que fazem diferenças e diferentemente. Fazer um blog na internet é bem mais fácil e possível do que editar um jornal impresso. Em muitas comunidades populares os moradores montam projetos de comunicação, que vão das rádios comunitárias ao orkut e aos vídeos na internet. Como constata Dênis de Moraes (2009), “há uma emergência da comunicação alternativa em rede como manifestação contra-hegemônica, numa direção anticapitalista e antineoliberal (...) práticas ativistas que se apropriam de tecnologias digitais para expandir o alcance de suas interferências críticas”.

Referências bibliográficas
Bobbio, Norberto. Matteucci, Nicola. Dicionário de Política. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Argentina Editores, 1984.

Coutinho, Carlos Nelson. Gramsci, um estudo sobre seu pensamento político. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

Gomes, Nilo Sergio S. Em busca da notícia – Memórias do Jornal do Brasil, 1901. Tese de Mestrado defendida na UNIRIO em julho de 2006. Rio de Janeiro: Programa de Pós-Graduação em Memória Social do Centro de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em www.dominiopublico.gov.br.

Konder, Leandro. Iraré, o humorista da democracia. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983.

Lage, Nilson. Ideologia e técnica da notícia. Florianópolis: Editora Insular, UFSC, 2001.

Leite, Renato Lopes. Republicanos e libertários – Pensadores radicais no Rio de Janeiro (1822). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

Lima, Lana Lage da Gama. Rebeldia Negra e Abolicionismo. Rio de Janeiro, Achiamé, 1981.

Moraes, Dênis. A batalha da mídia: governos progressistas e políticas de comunicação na América Latina e outros ensaios. Rio de Janeiro: Pão e rosas, 2009.

Ribeiro, Ana Paula Goulart, e Ferreira, Lúcia Maria Alves. Mídia e
memória – A produção de sentidos nos meios de comunicação. Rio de
Janeiro: MauadX, 2007.

Woitowicz, Karina Janz. Recortes da mídia alternativa – Histórias &
memórias da comunicação no Brasil. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2009.


Por Nilo Sergio S. Gomes, jornalista, pesquisador, professor, doutorando da Escola de Comunicação da UFRJ.

 



Mídia Alternativa 05

21 de Agosto de 2009, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

O novo século

A virada para o novo século coincidiu com a difusão e a popularização das novas tecnologias comunicacionais, em especial, a internet. O fenômeno da rede de computadores é mundial e através dela novas vozes e sonoridades ganharam espaço e relevo, alterando condutas, comportamentos e as próprias expressões dos processos comunicativos. Uma tentativa de golpe para destituir o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, terminou derrotada em grande parte pela capacidade e velocidade com que a informação correu o país e o mundo.

Na Espanha, uma campanha denunciando uma afirmação mentirosa do então primeiro-ministro José Maria Aznar, que correu o país via mensagens eletrônicas transmitidas por celulares e pela internet, foi fundamental para uma “virada” na disposição dos eleitores e a reeleição do conservador Aznar, que parecia assegurada, transformou-se em derrota, com a vitória, na reta final, do candidato socialista José Luiz Zapatero. No Brasil, apesar de todo o aparato da mídia hegemônica o candidato à reeleição para presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, terminou vitorioso, mesmo com o apoio escancarado das principais redes de televisão e de rádio e dos principais jornais ao outro candidato Geraldo Alckmin. As mensagens transmitidas via internet, uma delas, inclusive, denunciando a “montagem” de uma reportagem que teve grande repercussão na época, na chamada “grande imprensa”, foram fundamentais para o êxito de Lula.

A internet vem conquistando novos públicos e abrindo espaços “mais democráticos” para a comunicação, no país e no mundo, desta forma incentivando uma profusão de blogs, portais e comunidades virtuais através dos quais novas mensagens – sonoras e visuais – são produzidas, não poucas vezes desmentindo uma informação divulgada pela “grande mídia” ou mesmo ironizando os discursos midiáticos e desvelando (isto é, “desocultando”) os interesses que estão por detrás de determinada mídia ou de determinada cobertura jornalística. É pela rede mundial de computadores que jovens de comunidades periféricas ou de favelas tem conseguido ampliar suas vozes, amplificando suas reivindicações e conferindo a elas uma exposição até então inédita, tanto em sua abrangência quanto na expressão mesma de suas “falas”, isto é, seus discursos. Há, portanto, novas vozes no ar, novos sons e novos vídeos, o que, objetivamente, altera em termos significativos a “correlação de forças” no mundo da mídia, até então “possessão” praticamente exclusiva de poucos grupos empresariais, embora rádio e televisão sejam concessões de caráter público. Ao mesmo tempo, são práticas comunicacionais que se desenvolvem no meio popular, criando e incentivando novas culturas, novos hábitos.

A luta pela democratização dos meios de comunicação não teve, sequer, parte de seus alvos alcançados, muito pelo contrário. Mas as novas tecnologias avançaram de tal maneira o processo informativo e das comunicações, no país e no mundo, que os meios de comunicação de massa e o jornalismo por eles produzido e transmitido estão no centro de um debate nacional presente, hoje, na sociedade brasileira. Mesmo que não tão presente quanto deveria, este debate diz respeito ao caráter dos meios de comunicação (públicos ou privados? Quem os controla?), seus rumos, seu passado e, sobretudo, seu presente e seu futuro, com as “convergências tecnológicas”. A mídia informativa e, portanto, a sua oponente e diferenciada “mídia alternativa”, também estão no foco deste debate. Junto com elas, de forma inseparável e inextricável, está em discussão o próprio jornalismo, seu caráter e a serviço de quem ele é produzido e transmitido.

As chamadas “convergências tecnológicas” aparecem como grande desafio e terreno de disputas nos novos cenários proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico. No mesmo momento em que se debate e define a radiodifusão digital, as convergências tecnológicas ganham espaço, levando para aparelhos de telefonia celular e para os microcomputadores portáteis imagens e sons que, até então, eram cativos da radiodifusão tradicional, isto é, aquela vinculada aos poucos grupos familiares que “controlam” redes nacionais de emissoras de rádio e televisão. Este debate sobre as convergências tecnológicas estará em um dos focos da Conferência Nacional de Comunicação, que, dependendo de seu êxito e do poder de mobilização que irá deflagrar, poderá colocar a limpo toda uma história de exclusões, apropriações indébitas e privatização de bens públicos por interesses privados e do capital. E, além disso, bem mais além, essas novas conquistas e convergências tecnológicas colocando no centro da discussão as questões de conteúdo e de infra-estrutura das novas comunicações, cada vez mais ampliadas.


Por Nilo Sergio S. Gomes, jornalista, pesquisador, professor, doutorando da Escola de Comunicação da UFRJ.



Silêncio na Comunicação

20 de Agosto de 2009, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Escrito por Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da CUT e membro da Com Organizadora da Confecom, publicado no site da CUT no dia 1 de julho de 2009.
 

"Quem tem poder para difundir notícias, tem poder para manter segredos e difundir silêncios. Tem poder para decidir se o seu interesse é mais bem servido por notícias ou por silêncios"
                                                             Boaventura de Sousa Santos

A quarta-feira, 30 de junho, foi um dia especial para a classe trabalhadora brasileira, embora muito pouca gente tenha sido informada. Nesta data, a Comissão Especial da Câmara que analisava a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais - sem redução de salário - aprovou o relatório do ex-presidente da CUT, deputado Vicentinho (PT-SP). Agora, o tema vai para plenário.

Conforme o Dieese, mais de dois milhões e duzentos mil empregos podem ser gerados com a medida, mais do que necessária para o fortalecimento do mercado interno e o enfrentamento aos impactos da crise internacional em nosso país.(...)

E como a mídia acompanhou a votação? Quantas redes de rádio e televisão cobriram o plenário completamente lotado pelas principais lideranças do país, de todas as centrais sindicais, comemorando um passo histórico? Ignorando solenemente as exigências da própria Constituição de que a mídia deve ter um papel além de informativo, educativo e formativo, demonstraram que sua pauta atende os interesses de quem está do outro lado do guichê. (...)

No exato momento em que transcorria a votação, um valoroso fotógrafo cutista, Roberto Parizotti, documentava a variedade - e a mesmice - das telinhas dos televisores numa loja de eletrodomésticos. Absolutamente nada, silêncio sepulcral. Aquele fato com que tanto vibramos simplesmente não era notícia para os que, sendo proprietários de concessões públicas, se crêem donos da mídia - e do país.

Uns dias antes, nossa Central enviou uma carta ao Ministério do Planejamento onde condenamos o corte de 80% dos recursos previstos para a realização da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), convocada pelo próprio presidente Lula durante o Fórum Social Mundial de Belém, em janeiro. Alertamos que, se mantida a posição ministerial de reduzir de R$ 8,2 milhões para R$ 1,6 milhão a dotação orçamentária, haverá esvaziamento da discussão sobre a urgente e necessária democratização das comunicações. (...)

Os movimentos que lutam pela democratização da comunicação, pela pluralidade e diversidade, querem aproveitar o processo da Conferência para ampliar os espaços comunitários, públicos e estatais, a fim de que o direito humano à comunicação seja respeitado e não continue sendo tratado como moeda de troca, sem critério nem controle social, para deleite dos que mercantilizam a informação. (...) A Conferência precisa deste recurso. O Brasil agradece.



Mídia Alternativa 04

18 de Agosto de 2009, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

O Golpe Militar e a Imprensa

O golpe militar de 1964 e, posteriormente, o Ato Institucional nº5, de dezembro de 1968, “o golpe por dentro do golpe”, foram o caldeirão repressivo no qual e do qual se produziu o fenômeno da “imprensa alternativa”, como é conhecida hoje a imprensa que se instituiu para dizer não ao regime. Já em junho de 1969, surge nas bancas do Rio de Janeiro O Pasquim. O jornal terá uma trajetória de sucesso junto ao público, mas também de conflito direto com os generais. Por mais de uma vez a equipe ou parte dela foi presa, com o jornal tendo sua circulação garantida, sem interrupção, face à onda de solidariedade tanto de leitores quanto de jornalistas e escritores, que impediram que, mesmo com seus redatores presos, o jornal deixasse de circular. E foi como ocorreu em novembro de 1970, embora este não tenha sido o único exemplo desta onda solidária, mas o primeiro e mais emblemático: a redação do jornal estava presa no Dops, mas O Pasquim estava nas bancas. O jornal era discutido nas faculdades e nos colégios secundaristas e praticamente todo o meio intelectual o conhecia e o lia também.

Na segunda metade dos anos 70 inúmeras publicações “alternativas” proliferaram nas principais cidades brasileiras, coincidindo com o retorno às ruas dos movimentos de massa, tanto de estudantes reivindicando verbas e melhores condições de ensino, e desta forma, na prática, refundando a União Nacional dos Estudantes, quanto de operários e trabalhadores que começam a paralisar fábricas e empresas na região do ABC, em São Paulo, em busca de melhores salários, fim da exploração e liberdade sindical.

Exemplos dessas publicações são os jornais Opinião e Movimento, e, posteriormente, o Em Tempo, que obtiveram algum tipo de circulação e reconhecimento nacional. No Rio de Janeiro, passam também a circular jornais voltados para um público popular e trabalhador, como no caso dos jornais Berro e Hora Extra, ou jornais também “alternativos”, mas voltados para a cultura, como o Bagaço, ou questões de gênero, como o Lampião de Esquina, dedicado à discussão das homossexualidades.

O final dos anos 1970 e o início da década seguinte vão demarcar o surgimento de uma gama de publicações, que se multiplicam na razão direta do avanço da organização e das mobilizações populares. Fortalecem-se os sindicatos e, com isto, ganha tônus uma nova imprensa, a sindical. Movimentos diversos que pululam na sociedade brasileira também lançam publicações, dos Comitês pela Anistia aos movimentos negros e de moradores das periferias e favelas. O enfraquecimento dos grilhões do regime militar marca o início da derrocada da ditadura, de tal modo que a reorganização político-partidária já é uma realidade na primeira metade dos anos 1980, quando surgem, ressurgem e se constroem partidos políticos de esquerda, do PCB, PCdoB ao PT, mais as organizações de centrais sindicais, entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), todos eles movimentos políticos e sociais que vão demandar uma imprensa, isto é, outras mídias para veiculação e transmissão das novas idéias, novas propostas, novas falas e discursos, tudo isso impulsionando uma outra comunicação no país, paralela à mídia hegemônica e, em alguns casos, contra ela e apesar dela, dando a voz a quem não a tinha como voz própria, com sua própria sintaxe e fala. E é disso que se trata, em última instância.

Os avanços políticos e organizativos dos movimentos sociais incorporaram outras mídias, além da imprensa escrita, que não tinham, até então, qualquer tradução do que fosse “alternativo” às emissões e transmissões hegemônicas. A partir dos anos 1990 começam a surgir “mensagens alternativas” nas ondas do rádio, com a transmissão de programas populares pautados por outros interesses que não os de largo domínio na radiodifusão sonora. É criado, no âmbito do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), no Rio de Janeiro, o Centro Radiofônico de Informação Alternativa (Cria), que durante anos se especializou em produzir programas que, gravados em fita cassete e com invejável qualidade sonora, eram distribuídos para mais de 40 emissoras espalhadas pelo país.

No mesmo período surgem programas radiofônicos patrocinados por entidades dos movimentos sociais, que alugam horários nas grades das programações de emissoras como a Rádio Guanabara (hoje Bandeirantes) e a Rádio Carioca. Alguns desses programas existem até hoje, como Faixa Livre e Boca Livre. Outros, como o Rádio Ligado, transmitido entre 1993 e 1994, produzido pelo Cria e patrocinado pelo Ibase e outras organizações não-governamentais, embora tenha saído do ar devido à falta de suporte financeiro deixou em seu rastro a organização do próprio Cria, enquanto organização não-governamental independente do Ibase.

 

Por Nilo Sergio S. Gomes, jornalista, pesquisador, professor, doutorando da Escola de Comunicação da UFRJ.



Mídia Alternativa 03

17 de Agosto de 2009, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Outras vozes...

São todas estas vozes impressas no jornalismo inaugurador da imprensa, no Brasil – o Correio, Sentinela e o Typhis –, práticas de um jornalismo ainda praticamente sem notícias, pois compreendido no âmbito da percepção do jornal enquanto instrumento e ferramenta do debate de idéias e da luta política, não ainda a mídia informativa em que iria se transformar e tal qual a conhecemos hoje. No caso, tratava-se exclusivamente de jornais de combate à monarquia, ao absolutismo e em defesa da liberdade, da independência e de ideais republicanos. Jornais que por bom tempo permaneceram no esquecimento em boa parte de nossa historiografia, citados quase sempre “de passagem”, e que agora saem das penumbras com suas memórias para iluminar as compreensões sobre os processos políticos que resultaram tanto na independência do país quanto no estabelecimento de uma imprensa, mesmo que tardia, mas já com suas primeiras vozes rebeldes, que não provinham do liberalismo de ultramar, mas das próprias entranhas e rincões em que o país se constituía, em seu nascedouro enquanto nação independente.

Essas vozes rebeldes, vindas de dentro, afirmadoras da nacionalidade e da sociedade brasileira, vão se reproduzir na história da imprensa do país, para o bem ou para o mal, em movimentos de fluxos e refluxos, como é natural à história. Mas com destaque, como já dito, para o último terço dos 1800, quando a “onda abolicionista” já era de tal dimensão que as publicações de folhetos e “avulsos” nada mais refletiam do que as “efervescências políticas e sociais”. Em discurso no Senado, em 1884, Christiano Ottoni denuncia os “clubes da lavoura”, fundados no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, cujos estatutos “autorizavam” o uso de “providências que se julgar eficazes contra aqueles que criarem imprensa abolicionista” (Lima, 1981). Os desdobramentos políticos da luta contra a escravidão, no Brasil, demandavam a utilização do jornal enquanto instrumento de luta política, de convencimento e persuasão – braço impresso da agitação e propaganda – mas, sobretudo, ferramenta de informação e de incentivo à leitura e ao debate político, social e cultural entre o povo. Ou seja, o jornal ao se materializar transforma-se também – e simultaneamente – em instrumento e produto de formação cultural de um povo.

O início do século XX, no Brasil, é também uma época rica em jornais com propósitos diferenciados, que surgem para se contrapor ao que poderíamos compreender e denominar como “o discurso oficial” do poder, ou “discurso hegemônico”. Época marcada pela dupla transição que se verifica na imprensa do país (Gomes, 2006), tanto do caráter da empresa jornalística que deixa de ser artesanal para se tornar, cada vez mais, capitalista; quanto do discurso, que vai deixando para trás as formas elaboradas com base na tradição da escrita literária e passando a se projetar e se produzir e reproduzir em outra linguagem: a que mais tarde reconheceríamos como a “linguagem jornalística”, “transfronteira” (Lage, 2001), isto é, o discurso jornalístico, identificável enquanto tal em qualquer idioma. Um dos exemplos de jornais com “outros discursos” no início do XX é A Manha, lançado em 1926 por Aparício Torelly, o Barão de Itararé, que também assinava Apporelly (Konder, 1983). O jornal se auto-identificava como um “hebdromedário” e seu título ironizava o do influente jornal A Manhã, órgão da burguesia. No período do governo de Getúlio Vargas, a forte repressão política, especialmente após o golpe do Estado Novo, em 1937, combinada com a adoção de medidas modernizadoras da indústria e da legislação trabalhista levaram a um amortecimento dos movimentos sociais e, por conseguinte, um refluxo nas publicações “alternativas” e de “hebdromedários”.

Por Nilo Sergio S. Gomes, jornalista, pesquisador, professor, doutorando da Escola de Comunicação da UFRJ.

 



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