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Mídia Alternativa 01

10 de Agosto de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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A mídia contra-hegemônica


Nas ondas do rádio, da tevê, da web, está no ar outro discurso. Ou melhor, outros e novos discursos, enunciações outras que se espalham e se reproduzem com surpreendente rapidez. Talvez sejam novos nos verbos, mas são, certamente, cada vez mais rejuvenescidos nas gramáticas e nas sintaxes, e mais velozes, mediados que são por novas tecnologias da informação e da comunicação. Estas avançam em velocidade admirável por ares e mares dantes nunca navegados para alcançar, simultaneamente, toda a Terra; capazes que são, inclusive, de trazer-nos as imagens mais recentes de nosso próprio universo, o mapa, agora, da rua onde moro. Nosso planeta é para as comunicações mundializadas e instantâneas o novo todo e o nosso toldo atmosférico, até a fronteira da gravidade, considerando ainda e pela nossa própria natureza, sentimentos de astro-etnologia que ainda nos povoam a consciência e as atitudes.

Contudo, somos cada vez mais universais, para bem além da globalização planetária patrocinada pelos interesses do capital. Afinal, cada um destes avanços do capitalismo traz em si mesmo o gérmen de sua própria transformação. A comunicação e o jornalismo estão no centro dessas
transformações, cada vez mais perpassando e sendo perpassados pelos meios sociais onde ocorrem e se desenvolvem suas práticas, neles deixando inscritas suas influências, seus discursos, seus conflitos e suas reciprocidades.

1. Neste trabalho pretendo explorar e problematizar as diferentes compreensões do que seja, hoje, uma mídia alternativa, ao mesmo tempo em que a situando historicamente. A proposta é debater uma “atualização do conceito” de mídia alternativa, em especial nesse momento em que novos lugares de fala pululam pela rede mundial de computadores, com blogs, portais, correios eletrônicos, interatividades e convergências que se espalham pela atmosfera, alterando consideravelmente conceitos, práticas e estratégias de discursos e de produção de sentidos; até porque alterando e mesmo redimensionando, criando, recriando e estabelecendo novas formas de
comunicação que trazem consigo novas linguagens, momento este em que, coincidentemente, no Brasil, discute-se e se organiza a primeira Conferência Nacional de Comunicação na história do país. Iniciativa governamental que, enfim, no campo da Comunicação Social dá ouvido e atende ao que há muito tempo vem se reivindicando, desde as mais antigas mobilizações em prol da democratização dos meios de comunicação aos fóruns e movimentos reunindo profissionais, pesquisadores, estudantes e acadêmicos da Comunicação, que também reivindicam e pleiteiam por esta transformação.

1.1 Discutir a respeito da necessidade de uma “atualização conceitual” do que seja, nos primórdios deste XXI, uma mídia alternativa implica em conseqüências diversas. Uma delas é a de perceber as novas práticas midiáticas que se multiplicam e se refundam, mesmo que efêmeras e/ou de pequeno alcance de audiência, mas que mantêm vivas e renovadas vozes diferenciadas, quando não rebeldes, que se fazem e se querem fazer ouvir nas sociedades. Vozes que se manifestam quase sempre através de outras mídias de informação, alternativas às mídias hegemônicas, ou mesmo que conseguem, por vezes, furar o “cerco” do controle capitalista da difusão e da produção de sentidos nos chamados meios de comunicação de massa. Vozes, portanto, com outros conteúdos, outras falas, outras sintaxes, desvelando e jogando luz em outros discursos, outros atores e interesses que existem e se manifestam nas sociedades e que, por sua vez, elegem outras principalidades, outros leads... Vozes e atores que não tinham espaço na mídia hegemônica, mas que hoje, tantas vezes, são “notícias” nesta mídia, até mesmo pelas sonoridades que conseguem ressoar no meio social, conquistando audiências e surpreendendo os “donos” e “gerentes” da mídia tradicional, hegemônica, que é a dos grandes grupos empresariais, que, no Brasil, são representados por menos de 10 famílias. É contra essa mídia, e diferente dela, que se propõe – e não é de hoje – uma mídia alternativa, democrática e popular.


Por Nilo Sergio S. Gomes, jornalista, pesquisador, professor, doutorando da Escola de Comunicação da UFRJ.


Tags deste artigo: nilo sergio gomes mídia alternativa mídia hegemônica

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