WCEU 2016 – I’m attending!
15 de Janeiro de 2016, 7:30 - sem comentários aindaEste ano, Viena recebe o maior evento sobre WordPress na Europa, a WCEU 2016 e I’m attending
Há bom tempo não participo de eventos. Para bem da verdade, não me recordo do último que estive, fosse palestrando, fosse simplesmente participando. Por um bom tempo (anos), resolvi me afastar para realizar algumas coisas que literalmente estava sem tempo (e algumas delas saem do forno ainda antes do meio do ano).
Mas agora volto, em doses homeopáticas, a participar de alguns selecionados a dedo. O segundo, a DrupalCon EU 2016 (ou DrupaCon Dublin) acontece em setembro próximo na capital da Irlanda, Dublin, com forte possibilidade de eu estar presente. A única coisa que mata na participação em “DrupalCons” é o alto custo. Somando passagem aérea, estadia para cinco dias (mínimo) e mais o ticket que normalmente gira em torno de € 400,00, convenhamos, é caro.
Já o primeiro da lista, a WCEU, acontece na maravilhosa capital austríaca em junho, e para este já está tudo reservado: hotel, passagens (obrigado AirMalta pela promoção camarada) e a ajuda de custo para o evento. Digo “ajuda de custo” mas o pessoal do WordPress chama de ticket. Porém este ticket dá direito ao almoço em todos os dias do evento e mais a cerveja todo o fim de tarde, além de uma camiseta bem bacana. Então para mim é “ajuda de custo” e não “ticket”.
WCEU e DrupalCon: Muitas novidades para olhar de perto
A WCEU este ano será muito interessante devido ao momento que o WordPress está passando. Com o lançamento do Calypso como nova interface do WordPress.com e, possivelmente num futuro próximo, a migração de todo o CMS para Node.js (você pode ser sobre isso aqui), é bom estar no meio das feras para entender se isso realmente acontecerá e como, a fim de me preparar para o que vem pela frente. Não sendo um programador nato em JavaScript, certamente é algo para olhar com lupa.
O mesmo acontece com a DrupalCon. Esta será a primeira depois da grande mudança do Drupal que ocorreu na versão 8. Com a adoção do Symphony por trás das cortinas, muita coisa mudou e, da mesma forma, é importante estar perto a fim de entender “para onde o vento sopra”.
Na mala, só o laptop, tablet, câmera fotográfica (quero fazer uma boa cobertura visual) e a vontade de rever alguns amigos de longa data. Quem sabe umas rodadas de boa cerveja austríaca em frente ao Danúbio não?
Se você vai para Viena, mande uma mensagem. Podemos marcar a cerveja
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A comunidade Joomla! brasileira e seus infindáveis erros
24 de Março de 2015, 4:21 - sem comentários aindaComunidade, do latim communĭtas. Grupo de indivíduos que partilha uma crença econômica ou social particular e vive em conjunto.
O significado de comunidade é bonito, porém inócuo na “comunidade Joomla!” brasileira. Nela, partilhar uma crença social e viver em conjunto, são atividades tão distantes quando a estrela Vega, onde interesses pautados por casuísmo de todos os tipos, são a regra de alguns indivíduos parasitários unidos pelo interesse pessoal de pilhar o que puderem em seu próprio benefício.
De outro lado, existem aqueles indivíduos que vivem o romantismo de acreditar consertar o que está errado sem um verdadeiro choque de gestão e cultura. Por medo de confrontamento, educação ou mesmo formação, se deixam levar por condições, cenários e bonitos discursos de melhoria e renovação, mas acabam tragados pelo lodo existente, sem pouco fazer, pouco mudar.
E aquilo que poderia ter sido a virada de página para a criação de uma nova comunidade Joomla!, forte, atuante e sem amarras com um passado pouco distante de erros e assaltos, tornou-se motivo de chacota, fúria e decepção para muitos (inclusive eu). A escolha do layout para o website oficial do evento nacional, Joomla! Day Brasil, provou mais uma vez que os caminhos escolhidos continuam errados e que “comunidade” não passa de uma bonita palavra usada de acordo com os interesses do momento.
Depois de fiascos em alguns eventos e tomadas de assalto noutros, decidiu-se realizar um evento nacional que pudesse renovar a comunidade e trazer novamente os elementos dispersos e com pouco interesse, para o berço. Com uma proposta inovadora, este seria o primeiro evento onde a comunidade participaria desde o começo, já com a escolha do layout que seria usado no website oficial. Isto daria não somente visibilidade para aquele que o desenvolveu, mas a certeza de estar contribuindo com uma nova comunidade em formação. Por tabela, os mais afastados ou incrédulos poderiam ver novamente um fio de esperança nas mudanças vindouras de um claro futuro.
Mas a idéia não se sustentou a primeira investida. Numa decisão unilateral de alguns poucos, foram chamados cinco membros da “liderança internacional” (nenhum brasileiro) para decidir qual seria a arte que o evento do Brasil adotará. Com o discurso de imparcialidade e engajamento, deixou-se de lado parte deste discurso, abrindo para “gringos” a escolha daquilo que será a “cara” do evento brasileiro, sem nenhuma participação de membros da fragmentada comunidade nacional, fosse por opinião, fosse por votação, fosse por aclamação. Simplesmente elegeu-se “notórios” em alguma coisa fora das terras brasileiras para que escolhessem o que os brasileiros usarão como marca de sua comunidade.
Questionando o perfil oficial do evento no Facebook especificamente sobre a questão da escolha de cinco estrangeiros para a comissão e oferecendo uma alternativa que seria a escolha do layout por brasileiros, obtenho como resposta que “seu discurso não está aderente com a integração que propomos para esse evento”. Ora, se o “discurso” de fazer com que a escolha dos layouts apresentados fosse realizada por brasileiros não está “aderente” ao evento, o que estaria aderente? A contratação de alguém no Freelancer.net ou a compra de um layout no RocketTheme? Qual é o tipo de engajamento da comunidade brasileira neste processo. Será que “os eleitos” são mais capazes ou melhores que os tupiniquins para escolher o que é nosso? Será que precisamos dar continuidade a subserviência que ronda nossa história desde quando o país foi “descoberto”?
Observe que meu questionamento não é sobre o layout escolhido, mas sim sobre quem o escolheu e como “os eleitos” foram escolhidos. Não sou designer e não dou pitaco na área porque não sei fazer bolas redondas e tampouco quadrados quadrados. Isso é algo que criativos podem fazer e eu somente poderia dizer, aos meus olhos, que este é mais bonito que aquele “para meus olhos, para meu gosto”. Já fui convidado para ser “jurado” do concurso Peixe Grande realizado pela revista Wide do Rio de Janeiro por dois anos e, em todos, sempre no quesito “tecnologia”, nunca para “design”. Sou programador, sou codeiro, não sou designer. Não vou dar pitaco onde não conheço. Bom senso somente.
Mas acontece que existem pessoas agraciadas pelos deuses que chutam com duas pernas e num assombro de coincidência, conseguiram juntar cinco delas para escolher o layout do Brasil. Dos cinco membros da comissão, somente um tem relacionamento com layouts ou partes gráficas. Os demais, desenvolvedores de código ou nem isso.
- Dianne Henning – Web developer
- Joe Sonnen – Hosting e SEO
- Peter Bui – Web Design & Development
- Saurabh Shah – Front-end developer
- Tessa Mero – College Instructor in Web Dev
Seria então justo acreditar que o critério de escolha da comissão não estava na capacidade de dizer se este ou aquele layout é mais bonito, charmoso ou que atende qualquer tipo de padrão, mas sim na conveniência para o “uso” de determinadas pessoas como “avalistas” do que está sendo feito no Brasil? Eu realmente tenho minhas dúvidas sobre os critérios usados e creio morrer com elas.
Decerto existem interesses adicionais à este processo: maior visibilidade no exterior (para quê, cara pálida?), maior interesse de patrocínio e outros menos importantes. Mas mesmo estes interesses se apresentam secundários quando deseja-se ter uma comunidade de fato, forte e atuante. Alegar que é necessário dinheiro para criar uma comunidade forte, seja para custear eventos, seja para dar visibilidade à mesma; não é criar uma comunidade, mas sim serviçais deste ou daquele interesse, pessoas ou grupo de pessoas. De outro lado, visibilidade acontece com “show me the code” ou, em bom português, “faça”. Se a comunidade terá cinco ou dez pessoas, que sejam cinco ou dez, mas pessoas que realmente vivem numa comunidade que compartilha, que trabalha para um bem comum e cujos interesses são de uma comunidade.
Em meus pensamentos, estas atitudes soam basicamente como a locação da comunidade e não a criação de uma. Nos meus quinze anos trabalhando ativamente dentro de diferentes comunidades de software livre, não me recordo de algo similar. Já vi acontecer em comunidades de software proprietário onde o que fala mais alto é sempre o dinheiro ou o interesse da empresa por trás do software. Nas de software livre, qualquer atitude como essa seria motivo para grita geral, pública e contundente, com resultados além da imaginação.
Tudo isso pode chamado de “tempestade em copo d’água” como alguns com pouca capacidade de argumentação adoram falar quando são confrontados, mas não é. Comunidades são construídas com democracia e meritocracia e uma proposta de engajamento comunitário que não leva isso em consideração torna-se somente mais um belo discurso para “inglês ver”. O erro não está na escolha do layout (que eu particularmente gostei do escolhido), o erro está na forma de condução do processo. Se existe realmente interesse em engajamento, aqueles que fazem parte da comissão organizadora deram um tiro no pé com uma cartucheira e levando consigo, o pouco de esperança de muitos que acreditavam numa verdadeira “comunidade” e não num “clubinho de cerveja e churrasco”.
Que venha o evento e que seja um sucesso. Mas ainda é preciso tirar muita lama e deixar de lado muitos vícios e costumes para poder chamar as pessoas que lá estarão de “comunidade”.
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First commit
31 de Março de 2014, 17:13 - sem comentários aindaDepois de 7 meses de espera, meu primeiro patch para um módulo do Drupal foi comitado.
Feeling happy!
Business plan. Quem precisa de um?
30 de Novembro de 2013, 3:53 - sem comentários aindaBusiness plan (ou também chamado de “bp”) é um substantivo que pode trazer regojizo e medo; duas sensações antagônicas e de certa forma até estranhas para o que é. Alguns chegam ao clímax pensando nele enquanto outros tremem só ouvir falar. E será que você realmente precisa de um?
Você já deve ter ouvido que para levar adiante qualquer negócio que esteja em sua cabeça, precisa de um business plan. Além dos blogs, artigos e textos sobre o tema, existem até livros e cursos com dicas para realizar um business plan matador que o levará às alturas com sua empresa, dando dicas do que colocar, o que não colocar, como diagramar, como pintar e até mesmo quantas páginas deve usar para mostrar sua idéia. Confesso que fico intimidado quando leio algum texto sobre como fazer um “bp” pois decerto é material para gênios, coisa que não sou.
E nessa vergonha pessoal, fui procurar o business plan do dono do Facebook. Não achei. O mesmo fiz sobre o ex-dono da Microsoft, recorrendo aos idos da década de 70. Não achei. Idem para o Google (mas a história sobre seu começo é muito boa). Não achei. Da Apple encontrei dois documentos interessantes de seus primórdios que um deles é um business plan mas com data de cinco anos após a fundação da empresa. Não satisfeito, procurei da Sony (que já sabia não existir pelo livro de Akio Morita), da Samsung, da Audi, da Lamborghini e nada!
Opa, alguma coisa está errada. Não sei se é comigo que não sei fazer buscas corretas ou com estas empresas que não fizeram a lição de casa. Porém existe uma terceira alternativa: quem vende idéias de business plan está vendendo… business plan!
Precisa?
Posso estar enganado, claro. Porém penso que business plan é tão importante para uma idéia quanto o vaso da recepção da empresa. Ideias quando geniais se vendem sozinhas e não é necessário um bp para tal. Isso as empresas acima pesquisadas mostram com total clareza e corroboram esta afirmação.
Existem casos que ele se faz necessário? Penso que sim. Se você está em busca de dinheiro de alguém sem ter nada para troca, ele pode a ferramenta que ajudará sua capacidade de argumentação sobre algo que pode se tornar interessante. Observe que é exercício de futurologia: pode se tornar. Ninguém sabe se vai ser ou não e por isso precisa gastar neurônios para explicar o milagre a alguém (que via de regra é mais cético que São Tomé) com um business plan.
Porém ficam as seguintes perguntas: você realmente precisa montar uma micro-empresa (ou uma startup como os moderninhos insistem em rotular) para colocar uma idéia para frente? Será que precisa de um business plan para isso? Indo além nos questionamentos, é isso que você quer?
Uma startup
O sonho de vida de muitos é criar e ter uma startup. Este também foi o meu durante muitos anos, o qual abandonei para criar uma nova versão que chamo “alone up“. Esta versão tem muito da essência de uma startup. Ideias, testes, pesquisa, vontade de fazer diferente e assim por diante. Porém a diferença fundamental é ser um time de um homem só. Isso deve soar estranho já que startup é quase sinônimo de um conjunto de ideias de diferentes pessoas.
Esta mudança advém das próprias ideias que tenho para produtos e serviços que muitas vezes não se alinham com as de investidores. Questões de compartilhamento de conhecimento, uso de diferentes técnicas e processos e o modo de conduzir tudo acaba afastando. Mas isso me traz vantagens como não ser pressionado em ter um produto ou serviço muito rentável ou caçar uma meta financeiro-comercial-lucrativa. A maioria das startups sofrem o frenético tear down these wall, mas eu prefiro o tranquilo step-by-step. É mais difícil? Pode ser. É menos rentável? Também pode ser e somente o tempo tem a resposta para essas perguntas. Mas baseando-me em alguns casos, creio não precisar ter medo de não ter um business plan e tampouco uma startup na essência da palavra.
Hey DJ
Um dos exemplos que me faz refletir sobre precisar ou não de uma startup e de um business plan vem de alguém que nada tem de startup. O nome dele é Armin Van Buuren. Um advogado holandês considerado a 10 anos um dos três melhores Dj’s do planeta (cinco como o número um). Os mais “coroas” como eu decerto não tem a menor noção de quem é, mas os jovens já foram em alguma balada embalados pelo trance do magrelo.
Armin é aquele tipo de artista que arrasta milhares de fãs em suas apresentações, sejam em pequenos clubes e casas noturnas (que não são tão pequenos) ou mesmo em estádios lotados. Lenta e constantemente, ele montou não somente uma carreira de sucesso, mas também uma inteligente estrutura de fazer dinheiro sem nenhum plano de negócios ou investidor, apostando em suas idéias e talento.
No começo, seus remixes sustentaram a carreira. Então emplacou alguns hits nas paradas inglesa e espanhola (mas ainda sem gravadora própria) e um rádio show numa emissora holandesa. Seu break-even deu-se realmente quando levou seu show para a Internet. Nela percebeu um enorme filão ainda não explorado que poderia lhe render muito. Essa história pode ser vista no documentário “A year with Armin van Buuren” no YouTube.
Sucesso
Para encurtar, hoje ele possui uma gravadora própria com dezenas de artistas e selos (além de seu próprio), um rádio show com mais de 20 milhões de ouvintes semanais em 26 países e uma produtora de vídeo broadcast. Além disso, também realiza ações de merchandising, venda de produtos com sua marca, canais de música e vídeo no iTunes, etc. A diversividade é tão grande que não consegui listar tudo o que faz em volta de seu nome e seu trabalho.
Isso coloca qualquer um para pensar pois quebra, de diversas formas, o conceito de startup. Não, ele não é sinônimo de união de duas ou mais pessoas e tampouco um business plan é necessário para qualquer empreitada. É possível fazer o que gosta, o que tem talento, apostar numa idéia e fazer sucesso com ela. A principal lição em meu ponto de vista é a crença no que se faz e principalmente fazer. De nada adianta ter um maravilhoso business plan se a idéia é fraca ou se ela nunca sai do papel.
É para todos? Definitivamente não. Ter timing para mudança (ele largou a faculdade de direito e depois retornou) e senso de oportunidade também não. Não é para qualquer um e mais ainda para aqueles que gastam tempo demais na confecção de um business plan. Como já dito, uma boa idéia se vende com ou sem business plan. É simplesmenete uma boa idéia.
Idéias
Ideia não é somente aquele aplicativo ou serviço que vai mudar a vida de milhões no planeta. Armin mostra isso com seu negócio. Música é tão antiga quanto a civilização e discotecagem existe há pelo menos 40 anos. O que mudou então? O que ele inventou de novo? Absolutamente nada. Tocar discos em boates, ter programas de rádio e lançar discos é algo manjado. A diferença foi descobrir como as ferramentas disponíveis poderiam render frutos. Isso ele faz com maestria sincronizando recursos tecnológicos para atingir seu público de todas as formas. Resultado: fãs espalhados por todo o planeta e dinheiro no bolso.
Seria possível afirmar que ele não possui um business plan até hoje? Não e até acredito que tenha para sua gravadora. Porém para seu negócio pessoal (carreira e nome) não acredito. “perder tempo” com ele seria literalmente perder dinheiro. Aqui, de novo, entra a questão das ideias, do timing e do senso de oportunidade que são muito mais importantes que o tal bp.
O mesmo exemplo pode ser transportado para qualquer negócio de qualquer segmento. Um exemplo fica por conta dos vendedores ambulantes das marginais da cidade de São Paulo nos horários de pico. A desgraça de ficar parado no trânsito pelos olhos de alguns tornou-se um gigantesco mercado onde se vende de tudo; água, chocolate, biscoito, carregador de celular, sombrinhas, etc. Quem em sã consciência pensaria em algo do tipo até ver acontecer? Essa é a essência de idéias e que não contam com business plan de nenhum tipo. Simplesmente acontecem.
A ferramenta Waze é outro exemplo. Um GPS como outro qualquer mas com a facilidade de informar onde estão ocorrendo blitz policiais pela cidade. O projeto não foi idealizado para este tipo de atividade (que deve ser inclusive contravenção) mas tornou-se. Nas mãos, uma ferramenta que coloca num aparelho funções que todos tem e algo que nenhum possui.
E o business plan?
Ainda está pensando nele? Então vou lhe dar duas diferentes visões sobre um mesmo negócio.
Você é um desenvolvedor web e tem uma idéia de um serviço que acredita ser bom e que pode lhe render um bom dinheiro. Como aprendeu a sequência tradicional “idéia – business plan – investidor”, consome a maior parte de suas forças no meio do processo. Isso agradará o terceiro elemento da corrente que viabiliza o primeiro. Faz isso porque mesmo a ideia estando cristalina em sua cabeça, precisa fazer algo impactante. Conseguir quem pague o escritório, equipe de marketing, design e até de um vaso na recepção (adoro-os!) não é fácil.
Então você criou um business plan. Ele está bem apresentável visualmente, contém o sumário executivo, as informações conceituais sobre a ideia e a oportunidade. Também possui a descrição do serviço, análises de mercado, projeções financeiras, fluxo de caixa, etc. Tudo aquilo que é importante mostrar para os investidores com quem marcou as reuniões durante uma semana inteira. Na segunda-feira toma aquele banho de princesa, faz a barba, coloca o terno e sai para a batalha. Começa a peregrinação que, infelizmente não deu em nada. Que frustração!
Dizem os manuais que você não deve esmorecer. Também concordo com este pensamento mas depois de diversos “não”, você começa a pensar o que pode estar errado. Será que seu business plan está bem apresentável? Faltou algo? Sobrou algo? A dúvida lhe atormenta e você volta para reescrever o documento para uma nova rodada de reuniões.
Um segundo desenvolvedor optou por criar um MVP – Minimum Viable Product, que é que sua idéia funcionando. Desenvolveu o código, fez os testes e usou um layout básico para colocar a idéia para funcionar. Pouco tempo depois um investidor encontra a idéia que já possui uma base de usuários e rende algum. Percebe-se que ela tem algum futuro e oferece investimento para melhorar a mesma.
Diferença entre as visões
Na primeira você gastou tempo em futurologia (poderia ter contratado uma cartomante para isso, não é?) tentando explicar um serviço onde o investidor não conseguiu ver, fosse por má apresentação, fosse por dúvida, todo o potencial. Na segunda a idéia estava em funcionamento, com usuários e mostrando seu potencial, além de oferecer a você a opção de ficar com o investimento ou seguir sozinho. Se você é um investidor, o que faria?
As visões trazem no bojo um pensamento subliminar que é “quanto eu preciso realmente um business plan se posso colocar a idéia para funcionar?” Nem sempre a segunda visão é a melhor mas, por experiência própria, ela oferece menos calos que a primeira.
Indico que não leve a ferro e fogo as opiniões aqui apresentadas mas que avalie as diferentes opções para sua idéia e principalmente o que deseja fazer com ela. Novamente, elas podem servir para sua situação como não. O intuito aqui é abrir uma nova via para a tradicional afirmação que business plan é a alma do negócio e mostrar que variações sobre o mesmo tema podem muitas vezes render melhores frutos. Seguir a boiada nem sempre é a melhor decisão pois ela pode estar a caminho do matadouro.
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Quem precisa de business plan?
30 de Novembro de 2013, 1:53 - sem comentários aindaBusiness plan (ou também chamado de “bp”) é um substantivo que pode trazer regojizo e medo; duas sensações antagônicas e de certa forma até estranhas para o que é. Alguns chegam ao clímax pensando nele enquanto outros tremem só ouvir falar. E será que você realmente precisa de um?
Você já deve ter ouvido que para levar adiante qualquer negócio que esteja em sua cabeça, precisa de um business plan. Além dos blogs, artigos e textos sobre o tema, existem até livros e cursos com dicas para realizar um business plan matador que o levará às alturas com sua empresa, dando dicas do que colocar, o que não colocar, como diagramar, como pintar e até mesmo quantas páginas deve usar para mostrar sua idéia. Confesso que fico intimidado quando leio algum texto sobre como fazer um “bp” pois decerto é material para gênios, coisa que não sou.
E nessa vergonha pessoal, fui procurar o business plan do dono do Facebook. Não achei. O mesmo fiz sobre o ex-dono da Microsoft, recorrendo aos idos da década de 70. Não achei. Idem para o Google (mas a história sobre seu começo é muito boa). Não achei. Da Apple encontrei dois documentos interessantes de seus primórdios que um deles é um business plan mas com data de cinco anos após a fundação da empresa. Não satisfeito, procurei da Sony (que já sabia não existir pelo livro de Akio Morita), da Samsung, da Audi, da Lamborghini e nada!
Opa, alguma coisa está errada. Não sei se é comigo que não sei fazer buscas corretas ou com estas empresas que não fizeram a lição de casa. Porém existe uma terceira alternativa: quem vende idéias de business plan está vendendo… business plan!
Posso estar enganado, claro. Porém penso que business plan é tão importante para uma idéia quanto o vaso da recepção da empresa. Idéias quando geniais se vendem sozinhas e não é necessário um bp para tal. Isso as empresas acima pesquisadas mostram com total clareza e corroboram esta afirmação.
Existem casos que ele se faz necessário? Penso que sim. Se você está em busca de dinheiro de alguém sem ter nada para troca, ele pode a ferramenta que ajudará sua capacidade de argumentação sobre algo que pode se tornar interessante. Observe que é exercício de futurologia: pode se tornar. Ninguém sabe se vai ser ou não e por isso precisa gastar neurônios para explicar o milagre a alguém (que via de regra é mais cético que São Tomé) com um business plan.
Porém ficam as seguintes perguntas: você realmente precisa montar uma micro-empresa (ou uma startup como os moderninhos insistem em rotular) para colocar uma idéia para frente? Será que precisa de um business plan para isso? Indo além nos questionamentos, é isso que você quer?
Startups
O sonho de vida de muitos é criar e ter uma startup. Este também foi o meu durante muitos anos, o qual abandonei para criar uma nova versão, a qual denomino “alone up“. Esta versão tem muito da essência de uma startup; idéias, testes, pesquisa, vontade de fazer diferente e assim por diante. Porém a diferença fundamental é ser um time de um homem só, o que pode soar estranho já que startup é quase o sinônimo dum conjunto de idéias de diferentes pessoas.
Esta mudança advém das próprias idéias que tenho para produtos e serviços, as quais na maioria das vezes não se alinham com as de investidores, principalmente sobre questões de compartilhamento de conhecimento, uso de diferentes técnicas e processos para um objetivo e claro, o modo de conduzir as visões sobre o que esperar da idéia. Isso me traz vantagens como não ter que sofrer com a pressão de possuir um produto ou serviço rentável ou de caçar uma meta financeiro-comercial-lucrativa como a maioria das startups sofrem, preferindo o tranquilo step-by-step ao frenético tear down these wall. É mais difícil? Pode ser. É menos rentável? Também pode ser e somente o tempo tem a resposta para estas perguntas. Entretanto baseando-me em alguns casos, creio não precisar ter medo de não ter um business plan e tampouco uma startup na essência da palavra.
Hey DJ!
Um dos exemplos que ultimamente me faz refletir sobre precisar ou não de uma startup e consequentemente de um business plan vem de alguém que nada teria a ver com startups. O nome dele é Armin Van Buuren, um advogado holandês considerado há 10 anos como um dos três melhores Dj’s do planeta (e destes dez, cinco como o número um). Os mais “coroas” como eu decerto não tem a menor noção de quem estou falando, mas os jovens com certeza já foram nalguma balada e pularam até cansar embalados pelo trance do magrelo.
Armin é aquele tipo de artista que arrasta milhares de fãs em suas apresentações, sejam em pequenos clubes e casas noturnas (que não são tão pequenos) ou mesmo em estádios lotados. Lenta e constantemente, ele montou não somente uma carreira de sucesso, mas também uma inteligente estrutura de fazer dinheiro sem nenhum plano de negócios ou investidor, apostando em suas idéias e talento.
No começo seus remixes sustentaram a carreira quando emplacou alguns hits nas paradas de sucesso inglesa e espanhola (mas ainda sem gravadora própria), além de um rádio show numa emissora holandesa e seus trabalhos em clubes pelo mundo. Seu break-even deu-se realmente na quando levou seu show para a Internet percebendo o filão ainda não explorado, que poderia lhe render muito. A história toda pode ser vista no documentário A year with Armin van Buuren no YouTube.
Para encurtar a história, hoje ele possui uma gravadora própria com dezenas de artistas e selos embaixo (além de seu próprio selo para seus trabalhos), um rádio show com mais de 20 milhões de ouvintes semanais em 26 países, uma produtora de vídeo broadcast e todo o tipo de ação derivada de seu trabalho, tais como merchandising, venda de produtos com sua marca, canais de música e vídeo no iTunes, etc. A diversividade é tão grande que não consegui listar tudo o que faz em volta de seu nome e seu trabalho.
Isso coloca qualquer um para pensar pois quebra, de diversas formas, o conceito de que startup é sinônimo de união de duas ou mais pessoas e principalmente que um business plan é necessário para qualquer empreitada, sendo possível fazer o que gosta, o que tem talento, apostar numa idéia e fazer sucesso com ela. A principal lição em meu ponto de vista é a crença no que se faz e principalmente fazer, pois nada adianta ter um maravilhoso business plan se a idéia é fraca ou se ela nunca sai do papel.
É para todos? Definitivamente não. Ter timing para mudança (tal como ele que largou a faculdade de direito e depois retornou) e senso de oportunidade não é para qualquer um e mais ainda para aqueles que destinam tempo demais na confecção de um business plan ante a real mão na massa. Como já dito, uma boa idéia se vende com ou sem business plan, somente por ser uma boa idéia.
Idéias
Idéia não é somente aquele aplicativo ou serviço que vai mudar a vida de milhões no planeta e Armin mostra isso com seu negócio. Música é tão antiga quanto a civilização e discotecagem é algo que existe há pelo menos 40 anos. O que mudou com ele? O que ele inventou de novo? Absolutamente nada. Tocar discos em boates, ter programas de rádio e lançar discos é algo extremamente manjado. A diferença está em descobrir como as ferramentas disponíveis atualmente podem ser utilizadas de forma a render frutos. Isso ele faz com maestria sincronizando recursos tecnológicos para atingir seu público de todas as formas, resultando em fãs espalhados por todo o mundo e consequentemente, dinheiro no bolso.
Seria possível afirmar que ele não possui um business plan até hoje? Não e até acredito que tenha para sua gravadora. Porém para seu negócio pessoal (carreira e nome) não acredito pois “perder tempo” com ele seria literalmente perder dinheiro. Aqui, de novo, entra a questão das idéias, do timing e do senso de oportunidade que são muito mais importantes que o tal bp.
O mesmo exemplo é passível de ser transportado para qualquer negócio de qualquer segmento, aproveitando-se de situações as quais muitas vezes se mostram longe de negócios. Um exemplo interessante fica por conta dos vendedores ambulantes que premeiam as marginais da cidade de São Paulo nos horários de pico (quem conhece sabe do que falo). A desgraça de ficar parado no trânsito pelos olhos de alguns se tornou um gigantesco mercado onde se vende de tudo; água, chocolate, biscoito, carregador de celular, sombrinhas, etc. Quem em sã consciência pensaria em algo do tipo até ver acontecer? Esta é a essência das idéias e que não contam com business plan de nenhum tipo. Simplesmente acontecem.
A ferramenta Waze é outro exemplo. Um GPS como outro qualquer, exceto pela facilidade de informar onde estão ocorrendo blitz policiais pela cidade (e outros cacarecos). O projeto não foi idealizado para este tipo de atividade (que deve ser inclusive contravenção) mas tornou-se uma ferramenta que faz isso, atrelando num aparelho com funções que todos tem, algo que nenhum possui.
E o business plan?
Ainda está pensando nele? Então vou lhe dar duas diferentes visões sobre um mesmo negócio.
Você é um desenvolvedor web e tem uma idéia de um serviço que acredita ser muito bom para os usuários e que pode lhe render um bom dinheiro. Como aprendeu a sequência tradicional “idéia – business plan – investidor”, consome a maior parte de suas forças no meio do processo visando agradar o terceiro elemento da corrente que vai viabilizar o primeiro. Faz isso porque mesmo a idéia estando cristalina em sua cabeça, precisa fazer algo impactante para quem vai bancar o escritório, equipe marketing, design e até de um vaso na recepção (adoro-os!).
Criou um business plan que está bem apresentável visualmente, contém o sumário executivo, as informações conceituais sobre a idéia e a oportunidade, a descrição dos produtos/serviços, análises de mercado, projeções financeiras, fluxo de caixa e tudo aquilo que seria importante mostrar para os investidores com quem marcou as reuniões durante uma semana inteira. Na segunda-feira toma aquele banho de princesa, faz a barba, coloca o terno e sai para a batalha e começa a peregrinação que, infelizmente não deu em nada. Que frustração!
Dizem os manuais que você não deve esmorecer. Também concordo com este pensamento mas depois de diversos “não”, você começa a pensar o que pode estar errado. Será que seu business plan está bem apresentável? Faltou algo? Sobrou algo? A dúvida lhe atormenta e você volta para reescrever o documento para uma nova rodada de reuniões.
Um segundo desenvolvedor optou por gastar o tempo de pesquisa e confecção do business plan criando um MVP – Minimum Viable Product que nada mais é que sua idéia funcionando. Desenvolveu o código, fez os testes e uso um tema qualquer comprado num marketplace da Internet e pôs a idéia para funcionar. Pouco tempo depois um investidor encontra sua idéia que já possui uma boa base de usuários e está lhe rendendo algum e lhe oferece investimentos para melhorar a mesma.
Qual a diferença entre as visões? Explico.
Na primeira você gastou tempo em futurologia (poderia ter contratado uma cartomante para isso, não é?) tentando explicar um serviço onde o investidor não conseguiu ver, fosse por má apresentação, fosse por dúvida, todo o potencial. Na segunda a idéia estava em funcionamento, com usuários e mostrando seu potencial, além de oferecer a você a opção de ficar com o investimento ou seguir sozinho. Se você é um investidor, o que faria?
As visões trazem no bojo um pensamento subliminar que é “quanto eu preciso realmente um business plan se posso colocar a idéia para funcionar?” Nem sempre a segunda visão é a melhor mas, por experiência própria, ela oferece menos calos que a primeira.
Indico que não leve a ferro e fogo as opiniões aqui apresentadas mas que avalie as diferentes opções para sua idéia e principalmente o que deseja fazer com ela. Novamente, elas podem servir para sua situação como não. O intuito aqui é abrir uma nova via para a tradicional afirmação que business plan é a alma do negócio e mostrar que variações sobre o mesmo tema podem muitas vezes render melhores frutos. Seguir a boiada nem sempre é a melhor decisão pois ela pode estar a caminho do matadouro.