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SANTA LUZ FM: uma rádio premiada
por Paulo Marcos*
A Santa Luz FM opera 24 horas modulando em 104.9 Mhz e é uma emissora referência na radiodifusão comunitária no Brasil. A rádio tem uma associação comunitária que é gerenciada pela própria comunidade através de seus representantes, que são jovens comunicadores, dirigentes de entidades sociais de bairros e de classes e estudantes. As decisões da rádio são tomadas através de reuniões com os membros da diretoria, locutores e entidades que compõem o Conselho Comunitário e que garantem uma atuação apartidária da emissora.
– O negativo que me marcou – relata Edisvânio Nascimento –, foi ter participado de uma capacitação do UNICEF durante três dias, em Salvador, e quando cheguei aqui, em Santa Luz, a Polícia Federal já estava me esperando na porta do ônibus pra me pegar. Então, essa pra mim desabou... – na fala uma pausa, emoção e choro.
– Você ter trabalhado numa perspectiva de construção cidadã – tentando refazer a voz, ele continua –, buscar aprendizado para incentivar a sociedade do que nossas crianças precisam e você chegar e ser tratado como bandido
foi isso que eu senti. Ser obrigado a sentar num carro de polícia com armas aos seus pés é muita humilhação.
A Santa Luz FM, ao longo de dez anos, quando a Polícia Federal deixava, apresentou um conjunto de reportagens que contribuíram para a discussão de políticas públicas dirigidas à população infanto-juvenil na Região Sisaleira e, assim, se tornou referência no assunto. A prática da rádio demonstra, através das escutas que realizei que atua com responsabilidade social enquanto formadora de opinião e contribui para a construção de novos valores, buscando uma mudança de comportamento em seu público no que diz respeito aos direitos e deveres da população; e estimula a participação de adolescentes e jovens em sua programação.
Desde dezembro de 2008, a Santa Luz FM está no ar com outorga – depois de dez anos de luta – e sem interrupções. Agora também disponível na Internet através de seu blogue: santaluzfm.blogspot.com.
O maior problema enfrentado pelas rádios Valente FM e Santa Luz FM foi a burocracia para a liberação da outorga, que levou a estas e ainda leva outras emissoras a funcionarem sem concessão. Sobre essa questão de rádio funcionar sem autorização são diversas as opiniões:
– A Região do Sisal tem que criar um sindicato – defende José Ferraz –, para combater rádio pirata que dá prejuízo as rádios comerciais e também para combater os radialistas clandestinos, todo mundo hoje é locutor.
– Elas estão ocupando um espaço – sinalizou Nilton Feliz –, que as comerciais estão deixando por questões políticas. A Sisal comandou a região por uma década e meia e agora as comunitárias por terem baixo custo e serem mais
abertas para a comunidade conseguiram atrair ouvintes e anunciantes ... a rádio aqui [Sisal] tem que investir em qualidade para superar isso.
As rádios criadas pelos movimentos comunitários em vários municípios apesar de muitas vezes passarem pelos mesmos problemas das emissoras comerciais no tocante a controle político ou mesmo não desempenharem o papel social do rádio, tiveram e têm o papel de aproximar as pessoas do veículo e ao mesmo tempo oferecer o acesso ao direito humano de se comunicarem via a mídia. É também um espaço onde surgem novos comunicadores, que depois de alguma experiência migram para outras emissoras.
* O texto faz parte do Livro-reportagem "Os Radiojornalistas: O pensamento e o perfil dos produtores de notícias da Região Sisaleira" [Paulo Marcos 2009], trabalho de conclusão do Curso de Ráido e TV.
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