O último fim de semana foi movimentado para a turma da Viraminas. Na sexta-feira, recebemos a visita de Gê Lara, Luiza Lara e Renato Saldanha, que lançaram, com show no sábado em Varginha, o CD Voar Sem Fim. A oficina faz parte da turnê de lançamento do álbum, que circula por Ouro Preto, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte nas próximas semanas.
Em mais uma noite agradável no quintal do Ponto de Cultura Museu da Oralidade, a oficina foi comandada pela Luiza, que além de sobrinha do Gê, é cantora e fonoaudióloga. Mais do que o canto popular propriamente dito, a vivência se centrou no aquecimento vocal, fundamental para quem quer aventurar-se no mundo da música. Tivemos exercícios de ressonância, projeção da voz, articulação e respiração, todos acompanhados de explicações ligeiramente aprofundadas sobre o funcionamento do sistema respiratório, em especial da laringe e das cordas vocais.
Os ensinamentos foram encerrados com uma série de perguntas dos participantes. Leite, manteiga, chocolate, conhaque, maçã, água. O que faz bem e o que faz mal antes de uma apresentação? Tudo foi respondido com muita atenção e embasamento.
O público foi variado e, pode-se dizer, acima da expectativa. Eventos como este ajudam a consolidar o Ponto de Cultura como espaço de experimentação, intercâmbio cultural e troca de conhecimento.
No sábado, foi a vez de Cambuquira receber, no Espaço Cultural Sinhá Prado, a oficina de elaboração de projetos culturais, evento do Ponto de Cultura Museu da Oralidade que tem rodado o sul de Minas (já passou, nos últimos meses por São Bento Abade e Baependi). Além do pessoal de Cambuquira, que nos últimos anos tem vivido uma febre de produção audiovisual por conta da Mostra Mosca, recebemos um público de peso de São Thomé das Letras e de São Lourenço. Ponto para as redes sociais, que fizeram a informação circular nas últimas semanas.
Para artistas e produtores culturais que ainda não se acostumaram a viver de projetos culturais e buscar recursos públicos para bancar suas atividades (sim, a produção cultural de verdade no Brasil está atrelada ao Estado), escrever projetos para leis de incentivo e fundos perdidos pode parecer um bicho de sete cabeças. Mas, como tudo na vida, esta é uma questão de conhecimento e prática, muita prática. Ninguém nasce sabendo.
No início, as dúvidas são as mais comuns. Como dimensionar o orçamento? Posso receber num projeto que eu mesmo propus? Como manter a diretoria da minha organização com a documentação em dia? Como fazer um fundo municipal de cultura funcionar? Nem sempre existem respostas concretas, pois a cultura não é uma ciência exata. Porém, existem muitos caminhos já consolidados que podem guiar para rumos mais certeiros.
A sensação após a oficina foi de dever cumprido. Mais que um simples processo de capacitação, o encontro serviu para aproximar os agentes culturais presentes, geograficamente tão próximos mas afastados pela falta de conhecimento mútuo. Outras cidades da região devem receber esta oficina nos próximos meses.
0sem comentários ainda