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7 de Dezembro de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

“A internet não é mais um componente, é o próprio corpo dos movimentos”

7 de Agosto de 2015, 19:19, por Marcelo D'Elia Branco - 0sem comentários ainda

FSM em Porto Alegre - alterglobais                 Puerta del Sol - Madrid 2011 - indignados #15M

FSM  

 Os movimentos sociais alterglobais, protagonistas nos anos 2000, já tiveram a Internet como um componente estratégico para sua organização e mobilização. A diferença é que agora "a Internet não é mais um componente de comunicação, é o próprio corpo do movimento". Ao invés das organizações sociais constituídas, agora temos um movimento em rede sem intermediários. Se não há intermediários, não há representação. A identidade coletiva é construída diretamente nas conexões humanas que se formam, viralizam nas redes digitais e transbordam para as ruas. São movimentos de multidões multimídia com grande capacidade de comunicação autônoma. É um fenômeno social que sem a Internet, não ocorreria. Pelo menos, desta forma, nesta dimensão e nesta velocidade.

 

primeira onda

 

Há 15 anos atrás, final do século passado e início deste, vivenciei como ativista a primeira onda de movimentos sociais globalizados. Em oposição a ordem econômica mundial neoliberal, emergiram novas organizações sociais, novos movimentos, novas redes e novos protagonistas que extrapolaram a lógica de representação histórica dos movimentos através dos sindicatos e partidos políticos. Com uma identidade coletiva comum anticapitalista sob o lema de “um outro mundo é possível” o Fórum Social Mundial de Porto Alegre foi o terreno para a convergência e diálogo destes movimentos emergentes. No campo institucional a democracia direta, através do orçamento participativo implantado em Porto Alegre, fazia parte da alternativa possível no imaginário dos movimentos e de novas práticas de participação social na gestão do bem comum.  A Internet e as ferramentas de comunicação alternativas se constituíram como componentes fundamentais e estratégicos destes novos movimentos. Os Centro de Mídia Independentes (Indymedia), Ciranda, hacklabs e outras formas de comunicação midialivrista construíram a narrativa dos movimentos de protestos antiglobalização neoliberal e na sequência dos movimentos altergobais.

 

segunda onda

 

Desde 2011 uma nova onda de movimentos sociais globalizados e interconectados sacode o mundo com revoltas, protestos e revoluções. Acontecem em conjunturas políticas e realidades sociais diferentes, mas com elementos tecnopolíticos comuns e que atuam por fora das instituições. Segundo observa Javier Toret, psicólogo e ativista, no estudo “Tecnopolítica e 15M: a potência das multidões conectadas”  sobre os movimentos dos indignados espanhóis de 2011: “Em todas as fases do #15M temos visto e estudado processos de comportamento coletivo que não estão baseados em organizações sociais constituídas, nem em entidades ou vínculos fortes. Isso é, temos observado comportamentos inteligentes de redes de pessoas que majoritariamente não se conheciam, não estavam organizadas por uma autoridade central, por nenhuma orientação secreta, por isso acreditamos ser pertinente situarmos o conceito de enxame para dar conta destes fenômenos”.

Tenho acompanhado, como convidado, o grupo de pesquisas transdisciplinar do Internet Interdisciplnary Institute (IN3) da Universitat Oberta de Catalunya "Redes, Movimentos e Tecnopolitica" dirigido pelo sociólogo Manuel Castells,  que constituiu-se como um laboratório-vivo, articulando a academia e os 'movimentos rede" no estudo das práticas tecnopolíticas emergentes da atualidade: “desde 2011, surgiram numerosos processos de mobilização política em que as redes (tecnológicas e humanas) têem jogado um papel fundamental. Nosso grupo trata de analisar estes processos desde uma perspectiva situada, experimental e transdisciplinar, que incorpora conhecimentos e métodos provenientes das ciências das redes, dados e complexidades, dos estudos dos movimentos sociais, de comunicação, e da ciência, tecnologia e sociedade (STS) assim como dos próprios movimentos, abrindo assim novos territórios narrativos, analíticos e práticos” [2]

Uma referência importante para análise desta segunda onda dos movimentos sociais globalizados está no livro “Redes de Indignação e Esperança” (2013) de Manuel Castells e concordando com Antonio Alejo “Castells se constitui numa referencia internacional no estudo dos movimentos sociais globais. Sua autoridade acadêmica nesta matéria se sustenta na elaboração de sua teoria sobre os movimentos sociais em rede, que ele expõem amplamente no seu livro “Comunicação e Poder” (2009) . Castells, ao analisar a natureza e as perspectivas dos movimentos sociais em rede, parte de uma premissa básica segundo a qual “as relações de poder constituem o fundamento da sociedade, os que detêm o poder constroem as instituições da sociedade segundo seus valores e interesses”. Neste sentido, os significados mentais são fontes para o poder com qualidade de “estáveis e decisivos”, e se traduzem no desenho das instituições, normas e valores por meio dos quais se estruturam as sociedades. A partir destas ideias, se entende que os processos de comunicação são fundamentais para a perspectiva analítica de Castells, para ele, a “luta de poder fundamental é a batalha pela construção de significados nas mentes”. Castells reconhece nos processos de comunicação uma grande diversidade no momento de construir significados, mas ao mesmo tempo assinala uma característica comum a todos os processos de construção simbólica: a infraestrutura em que descansam as mensagens e marcos criados, formatados e difundidos, isso é, as redes de comunicação multimídias. Na política contemporânea, Castells distingue os componentes que dão vida aos processos de comunicação e supõem uma mudança qualitativa na comunicação ao redor do mundo. A infraestrutura que dá conta dos processos de comunicação contemporâneos se traduz, de acordo com o autor, em uma “autocomunicação de massas” com o uso da Internet e das plataformas de redes sem fio para a comunicação digital. Com este enfoque o conceito de poder da interconexão se torna chave para entender a ideia de poder que Castells utiliza: para ele os movimentos sociais são expressões do contrapoder, o que implica uma reprogramação de redes com  interesses e valores alternativos, que além de interromper as conexões dominantes por meio de redes de resistência e de mudanças sociais. O autor assinala que “os movimentos sociais exercem um contrapoder construindo-se em primeiro lugar a si mesmos mediante um processo de comunicação autônoma, livre do controle de poder institucional” [3].

Foi através deste contexto, que busquei problematizar a realidade brasileira, aproveitando minha vivência como ativista nas ruas de Porto Alegre, durante as “jornadas de junho”, em 2013. Registrei esse histórico acontecimento num artigo para o dossier La Vanguradia “o poder das redes sociais”, Brasil 2013, as ruas e a Presidenta, o qual inicio falando que na esteira “dos protestos que sacudiram o mundo em 2011 como a primavera árabe, indignados na Espanha e OccuppyWallStreet; 2013 ficará marcado como o ano em que o Brasil entra definitivamente na rota dos protestos sociais organizados a partir das redes sociais da internet. As manifestações eclodiram, sem lideranças definidas, sem a participação das organizações históricas e foram mobilizadas via internet tomando de surpresa os políticos, intelectuais e empresas de comunicação.” Não pretendo aqui neste texto aprofundar a análise sobre as particularidades do levante brasileiro de 2013, nem dos legados, pois não é o meu objetivo. Posso fazer em outro artigo. Mas creio importante recolocá-lo aqui para ilustrar a interconexão das novas dinâmicas sociais em nosso país como panorama de um contexto global mais amplo.

Neste mês de julho  do corrente ano, estive em Barcelona, participando de um encontro co-promovido pelo grupo Tecnopolítico da Universiatat Oberta de Catalunya, UOC, “#GlobalRev: uma visão tecnopolítica da conjuntura global de 2011 à 2015. Conexões Globais e diálogos transdisciplinares”. O evento reuniu pesquisadores e ativistas dos movimentos rede da Europa e Américas num agradável e produtivo encontro. Destaco dentre tantas ideias e análises, uma frase da pesquisadora e ativista Guiomar Rovira que me chamou a atenção e passou a ser um componente definitivo para a análise do grupo: os movimentos sociais alterglobais, protagonistas nos anos 2000, já tiveram a Internet como um componente estratégico para sua organização e mobilização. A diferença é que agora “a Internet não é mais um componente de comunicação, é o próprio corpo do movimento” . Ao invés das organizações sociais históricas, agora temos um movimento em rede sem intermediários. Se não há intermediários, não há representação.  A identidade coletiva é construída diretamente nas conexões humanas que se formam, viralizam nas redes digitais e transbordam para as ruas. São movimentos de multidões multimídia com grande capacidade de comunicação autônoma. É um fenômeno social que sem a Internet, não ocorreria. Pelo menos, desta forma, nesta dimensão e nesta velocidade.   Essas diferenças, em relação aos movimentos alterglobais, não são um detalhe, mas uma pista para tentar compreender os movimentos sociais do nosso tempo e as novas formas de participação.

Leia em catalão 

 

 



Governo aberto não é governo eletrônico. TSE congela a participação social!?

10 de Julho de 2014, 10:55, por Marcelo D'Elia Branco - 0sem comentários ainda


Se tu ainda confundes "governo aberto" com "governo eletrônico" tá na hora de começar a estudar. "Governo eletrônico" é maximizar o uso das TIC's para os processos governamentais existentes...aquele papo de substituir os papéis por arquivos
 e formulários digitais, mais transparência, etc... (anos 90). "Governo aberto", no conceito, se refere a novas praticas interativas e participativas para que a população, de forma colaborativa, possa ser sujeito na construção das políticas públicas tendo as mídias sociais como plataforma. A diferença não é um detalhe. Numa a internet ajuda na manutenção do status quo da máquina administrativa dando mais agilidade e, no máximo, mais transparência. Aquilo que era feito no papel e na fila do guichê passa a ser feito via internet. Isso é governo eletrônico. Governo aberto deve alterar o status quo e o funcionamento da máquina administrativa, empoderando os indivíduos, questionando os limites da democracia representativa e criando novos canais de participação e tomada de decisões tendo as mídias sociais e a Internet como plataforma. 

Proponho este debate agora em pleno período eleitoral pois fiquei 'de cara" com as interpretações em relação a lei eleitoral que se desdobrou no congelamento dos portais governamentais ou tiraram do ar os espaços e iniciativas de "governo aberto" como a nova plataforma do governo federal participa.br. Claro que fica muito difícil para os gestores govenamentais controlar todas postagens e comentários feitos nas mídias sociais comerciais, como o Facebook e Twitter .gov's e na plataforma brasileira Noosfero, escolhida pelo governo para o participa.br para que não desobedeçam a legislação eleitoral, mesmo que o post tenha sido iniciativa do cidadão e não do gestor público.

Em outros espaços pessoais na Internet o TSE já considera legítima as manifestações individuais e posicionamentos relativos a candidaturas e as eleições. Desde 2010 a Internet já é considerada pelo TSE como um espaço de manifestação pessoal, de livre expressão e que não pode ser regrado e enquadrado como os espaços institucionais de cada candidatura ou como é feito acertadamente para a TV e rádio.

Então, eu acho que tá na hora do nosso judiciário se posicionar de forma evolutiva e continuar proibindo post eleitorais em espaços governamentais, aqueles feitos pelos gestores públicos. Mas na minha opinião, deve liberar ou flexibilizar as manifestações individuais dos cidadãos nestes epaços virtuais como um direito a liberdade de expressão. Se isso não acontecer, em cada perído eleitoral a democracia particpativa e as inovadoras e ainda incipientes práticas de "governo aberto" ficarão congeladas. Isso compromete a qualidade de nossa democracia. 






http://www.novagob.org/discussion/view/73081/¿que-diferencia-al-gobierno-abierto-del-gobierno-electronico?pk_campaign=mailing



Assine pelo asilo no Brasil para o corajoso Edward Snowden!

18 de Dezembro de 2013, 10:59, por Marcelo D'Elia Branco
Asilo no Brasil para o corajoso Edward Snowden!

33,236 assinaturas. Vamos chegar a 50,000

Por que isto é importante

Atualização de 17 de dezembro de 2013

Edward Snowden acabou de publicar uma poderosa carta aberta todos os cidadãos brasileiros, avisando que “hoje, se você tem um celular em São Paulo, a NSA [agência norte-americana de espionagem] pode rastrear onde você se encontra, e o faz”. 

Ele expôs a espionagem em massa feita pelos EUA de forma ilegal, e isso fez com que ele perdesse seu passaporte. Mas Snowden não desiste, dizendo “não serei eu a ignorar a criminalidade em nome do conforto político. Prefiro virar apátrida a perder minha voz.” 

Ele sacrificou tudo. Agora vamos lhe dar as boas-vindas e dizer a Dilma para lhe conceder asilo! 

Leia a íntegra da carta aqui: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/12/1386291-leia-integra-da-carta-de-snowden-ao-brasil.shtml 

--------- 

Há alguns meses, nós descobrimos o quão fora de controle ficou a espionagem feita pelos Estados Unidos – uma rede de arrastão imensa com acesso a nossos e-mails, nossos telefonemas, conversas no Skype e até os chats no Facebook. Nem pessoas e instituições poderosas escaparam – os norte-americanos também estavam lendo os e-mails da presidente Dilma e espionando a Petrobrás e o Ministério de Minas e Energia. 

Nós temos que agradecer a uma pessoa por nos trazer a verdade e ajudar-nos a combater a agressiva espionagem norte-americana: Edward Snowden. Ele é o inimigo público número um dos EUA. Ele é alguém que eu admiro. E eu tive uma pequena participação no processo que fez com que nós, brasileiros, soubéssemos das histórias que ele revelou. Eu passei nove horas trancado em uma sala no aeroporto de Londres porque a polícia do Reino Unido, trabalhando em cooperação com os norte-americanos, me deteve para roubar alguns dos documentos que Snowden vazou, documentos que eu estava trazendo para o meu namorado e companheiro, o jornalista Glenn Greenwald. Documentos que ajudaram países como a França, Índia, Espanha, Canadá e Brasil.

Edward está ficando sem tempo. Ele está com um visto temporário na Rússia, e como condição para sua permanência lá, ele não pode falar com a imprensa ou ajudar jornalistas e ativistas a entender melhor como funciona a máquina norte-americana de espionagem mundial. O prazo do seu visto está acabando, e nós sabemos que os EUA querem, de qualquer forma, trazê-lo de volta ao solo norte-americao – e colocá-lo na cadeia pelo resto de sua vida, ou ainda pior.

Se Snowden estivesse no Brasil, é possível que ele pudesse fazer muito mais para ajudar o mundo a entender como a NSA e aliados estão invadindo a privacidade de pessoas no mundo todo, e como podemos nos proteger. . Edward Snowden acabou de mandar uma carta para a senadora Vanessa Grazziotin e para a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Senado, que investiga a espionagem, explicitando seu desejo em contribuir com o debate e ajudar a imprensa a entender melhor a natureza desse regime ilegal de espionagem.

Mas ele não pode fazer isso da Rússia – e o país mais adequado para abrigar alguém que denuncia irregularidades, o país cuja presidente fez um discurso veemente na ONU denunciando a espionagem, é o Brasil. Nosso governo deveria oferecer asilo imediato ao Edward Snowden. 

Edward – o Brasil espera por você!
 

-- David Miranda, Rio de Janeiro
 


#ruasemrede: as revoltas globais nas redes e nas ruas

17 de Novembro de 2013, 16:10, por Marcelo D'Elia Branco

#ruasemrede: as revoltas globais nas redes e nas ruas

Protestos, manifestações e revoltas, oraganizadas pelas redes sociais da internet, têm marcado o cenário político atual. Da Turquia ao Brasil, as recentes mobilizações superam fronteiras, idiomas e culturas, e demonstram que o jovem exige participar dos processos e decisões políticas.

Procurando entender o contexto das recentes manifestações que têm tomado as ruas e as redes sociais do Brasil e do mundo, a Coordenação de Políticas para Juventude da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) promove, em parceria com a Fundação Friedrich Ebert (FES) e a Rede Universidade Nômade (SP), o seminário Encontro – Como Construir o Comum: as Revoltas Globais nas Redes e nas Ruas, que acontecerá nos dias 18 e 19, na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) da Liberdade, região central.

O evento contará com a presença de representantes de países que nos últimos anos foram palcos de grandes protestos, como Espanha, México, Estados Unidos, Chile e Turquia, e pretende dialogar com os protagonistas dessas manifestações. Ativistas brasileiros também farão parte do encontro. Ativistas de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Maranhão, Pernambuco, Ceará e Pará – participantes das assembléias populares em suas respectivas cidades – estarão presentes no evento.

Ativistas de importantes movimentos também estarão nas mesas: os grupos Occupy Wall Street (EUA), 15M (Espanha), Diren Gezi (Turquia) e Yo Soy 132 (México) também confirmaram presença no seminário.

Na abertura do seminário, no dia 18, haverá uma aula aberta do filósofo italiano Antonio Negri, autor dos livros ‘Império’ e ‘Multidões’. Contará também com a presença dos ativistas espanhóis Bernardo Gutiérrez e de Javier Toret. Já no dia 19, o evento terá dois encontros com a temática ‘O que dizem as redes e as ruas – a construção de um novo mundo’, um às 14h e outro às 19h.

No primeiro, estarão representantes do Brasil (Rio de Janeiro e Vitória), Estados Unidos (Nova York), México (Guadalajara) e Chile (Santiago); no segundo, Turquia (Istambul), Espanha (Madri), Brasil (São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre) e Peru (Lima).

O evento será transmitido online.

Para participar do seminário, é preciso se inscrever, preenchendo o formulário: http://bit.ly/1fjZR18

PROGRAMAÇÃO

18.11, segunda-feira



  • 19h00 – Apresentação do Curta ‘Rio dos Cem Mil’

  • 19h30 – Aula Aberta com Antonio Negri

19.11, terça-feira

·12h00 – Apresentação:“Tecnopolítica dos #protestosBR em contexto global” com Javier Toret, Tiago Pimentel e Bernardo Gutierréz

 

·13h00 – Encontro I – O que Dizem as Redes e as Ruas: A Construção de um Novo Mundo (O Caso Brasil)

o Jefferson de Souza Vasconcelos (Rio de Janeiro – RJ)

o Jaqueline Pontes Dias (Vitória, ES)

o Marcelo Branco (Porto Alegre – RS)

o Bruno Rogens (São Luis, MA)

o Fabrício Rocha (Belém, PA)

o Claudio Tavares (Recife, PE)

o Jul Pagul (Brasília)

o Valéria pinheiro (Fortaleza)

 

·15h30 – Encontro II – O que Dizem as Redes e as Ruas: A Construção de um Novo Mundo

  • Estados Unidos: Sofía Gallisá Mugiente

  • México: Laura Citali Murillo Cortes

  • Chile - Giovanna Roa Cadin

  • Brasil (PoA)– Janaina Menegaz Spode

  • Brasil (RJ)– Pedro Barbosa Mendes



  • 19h00 – Encontro III ­ O que Dizem as Redes e as Ruas: A Construção de um Novo Mundo

  • Turquia – Begum Özden Firat

  • Espanha – Raul Sanchez Cedillo

  • Peru – Claudia C. Cisneros Mendez

  • Brasil (SP) –Pablo Ortelado

  • Brasil (BH) – Assembleia Popular Horizontal de Belo Horizonte (MG)

Encontro – Como Construir o Comum: as Revoltas Globais nas Redes e nas Ruas
Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP)
Avenida Liberdade, 532, Liberdade, centro
Dia 18/11, a partir das 18h; dia 19/11, a partir das 14h
Faça a sua inscrição gratuita:http://bit.ly/1fjZR18

 



Via @RSUrgente: Ameaças que pairam sobre a liberdade na internet no Brasil

5 de Junho de 2012, 0:00, por Software Livre Brasil

Marcelo Branco aponta ameaças que pairam sobre a liberdade na internet no Brasil


As ameaças sobre a liberdade na internet que pairam sobre o contexto brasileiro foram tema de uma intervenção de Marcelo Branco, durante o lançamento do 13º Fórum Internacional de Software Livre, que ocorreu nesta segunda-feira (4), no Palácio Piratini, em Porto Alegre. Militante da causa da liberdade na internet há vários anos, Marcelo Branco apontou um conjunto de problemas e ameaças que já são reais no Brasil.

As empresas operadoras de telefonia, assinalou, representam hoje uma ameaça à liberdade na internet, pois querem quebrar a neutralidade da rede. Essa neutralidade significa que todas as informações que trafegam na rede devem ser tratadas da mesma forma, navegando a mesma velocidade. Trata-se de um princípio que garante o livre acesso a qualquer tipo de informação na rede e impede, por exemplo, que as operadoras possam “filtrar” o tráfego, definindo que tipo de dados pode andar mais ou menos rápido. Para Marcelo Branco, a neutralidade na rede não precisa de regulamentação. Ou ela existe, ou não existe. O grande risco, apontou, é que essa regulamentação seja feita pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) que seria “sensível” ao lobby das operadoras.

Em segundo lugar, Marcelo Branco apontou a indústria do copyright como outra ameaça à liberdade na internet. “As empresas que compõem essa indústria querem uma internet vigiada que criminalize o usuário. Empresas como Google e Facebook podem ser nossas aliadas neste item, mas, por outro lado, ameaçam a nossa privacidade”. Neste tema (do copyright), o ativista criticou a atual gestão do Ministério da Cultura, classificando-a como “reacionária e conservadora”.

A pressão pela criminalização na internet vem crescendo em vários níveis. Marcelo Branco considerou um absurdo querer responsabilizar um provedor por um eventual crime cometido por um usuário. “É como querer responsabilizar uma operadora de celular por um crime cometido por um bandido que utilizou o telefone durante o delito ou para praticar o mesmo”. Ele também criticou a retirada de conteúdo de páginas da internet sem mandado judicial. “Isso é inaceitável em um Estado Democrático de Direito”.

Por fim, Marcelo Branco criticou a iniciativa do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) de realizar uma consulta pública sobre patenteamento de softwares. “Foi um vacilo do governo Dilma. Uma das maiores lutas do movimento de software livre mundial, foi justamente contra a implementação de patentes de software na Europa. Em 2005, a Europa rejeitou a possibilidade do software ser patenteado. Patente de software é uma ameaça a inovação, ao software livre e a liberdade do conhecimento. O Brasil não pode seguir esse caminho”, defendeu.

Foto: Caroline Bicocchi/Palácio Piratini

 

 

Stallman lança 13º Fórum de Software Livre e adverte para ameaças da sociedade digital


O criador do movimento software livre, Richard Stallman, participou nesta segunda-feira (4), no Palácio Piratini, do lançamento da 13ª edição do Fórum Internacional Software Livre, que será realizada de 25 a 28 de julho, no Centro de Eventos da PUC-RS, em Porto Alegre. Em um ato que contou com a presença do governador Tarso Genro, Stallman falou sobre as crescentes ameaças à liberdade na sociedade digital. Em uma rápida intervenção no início da cerimônia, o governador gaúcho disse que o movimento em defesa do software livre representa hoje “uma das lutas mais importantes para recuperar a densidade da democracia que hoje se encontra esvaziada”. Tarso agradeceu e destacou o empenho de ativistas como Marcelo Branco em defesa da liberdade digital. “Quando eu era ministro da Justiça, foi ele que me advertiu sobre a necessidade de entrarmos no debate sobre o projeto restritivo e de censura que tramitava então no Congresso Nacional. Conseguimos bloquear a votação desse projeto e ajudamos a estimular um debate nacional sobre o tema”.

A fala de Richard Stallman foi marcada por graves advertências acerca das crescentes restrições na internet. Para o criador do Projeto GNU, iniciado em 1983 nos Estados Unidos, coisas muito sérias estão acontecendo na sociedade digital. “A inclusão digital pode ser uma coisa muito boa ou muito ruim. Depende de onde a sociedade será incluída. O que vemos hoje é que a liberdade está sendo atacada de várias maneiras. Talvez tenhamos que diminuir um pouco a nossa inclusão para preservar as nossas liberdades”, sugeriu.

Após um período de euforia e liberdade, os usuários da internet devem começar a se policiar, pois tudo o que fazem está sendo gravado e classificado. A palavra “tudo”, aqui, não é força de expressão. É “tudo” mesmo. Stallman citou os casos do Facebook, do Google e do Google Analytics como exemplos de um sistema de vigilância que está sendo feito em vários níveis. O mais perigoso, defendeu, é aquele controlado pelos governos. “Grandes empresas privadas como Amazon, Microsoft, Apple e grandes empresas de telefonia também têm seus sistemas de vigilância. Nós podemos controlar isso usando software livre, por exemplo. Mas quando se trata de governos, a situação é mais complicada. Na Inglaterra, há um sistema que diz onde está cada automóvel do país pelo controle da placa. É algo que Stálin não teve, mas que gostaria de ter”, brincou.

Durante a sua fala, Stallman anunciou, em tom de lamento, que amanhã (terça-feira) estará visitando a Argentina pela última vez em virtude de um sistema de gravação das impressões digitais de todas as pessoas que entram ou saem do país. “Será meu último voo para a Argentina. Algumas coisas não podem ser toleradas. O Estado não pode saber tudo sobre todos. A polícia secreta da União Soviética não tinha esse controle sobre a vida das pessoas”, protestou o fundador da Free Software Foundation, que acrescentou. “Numa sociedade livre, não pode ser fácil para a polícia saber tudo sobre todas as pessoas. Se for fácil, então não estaremos vivendo em uma sociedade livre”.

Stallman citou também como ameaça à liberdade a tentativa de censura na internet em vários países, mas essa luta, segundo ele, parece que está sendo vencida pela internet. “A censura existe muito antes do computador, mas parece que a internet está ganhando da censura. Muitos países têm tentado exercer a censura por meio de filtros e outros mecanismos, mas não estão conseguindo”. Outra forma de controle, apontou, é o uso de formatações sigilosas de dados para limitar o acesso. “Essa prática vem sendo usada por empresas para barrar a competição, com programas que restringem o acesso dos usuários. Vídeos estão sendo distribuídos dessa forma, com formatos secretos, para que não haja livre difusão”.

O ativista defendeu a necessidade de um maior engajamento político nesta luta contra as ameaças à liberdade no contexto da chamada sociedade digital. “Muitas pessoas não querem se envolver nos aspectos políticos dessa luta, o que é um erro. Num certo sentido, precisamos mais de ativistas do que de programadores hoje”, afirmou. Stallman defendeu, por fim, que os governos e as agências governamentais passem a usar prioritariamente softwares livres, o que não acontece hoje.

Foto: Caroline Bicocchi/Palácio Piratini