Hoje me veio esta luz e decidi refletir sobre isto e compartilhar com vocês meus pensamentos.
Próximo a minha casa há uma sanga e nunca na minha vida ouvi falar que ela tinha um nome. Era, apenas a "sanga". Quando já adulto, tomando gosto por mapeamentos, por melhor conhecer o município onde moro, acabei descobrindo que há um nome, ou pelo menos o IBGE tem um nome pra ela. Depois desta descoberta passei a incorporar este nome no meu vocabulário e transmitindo este conhecimento, outras pessoas passaram a usar este nome também.
Então surge uma questão: O fluxo de conhecimento não deveria ser em sentido contrário? Que da cultura popular surgisse um nome para esta sanga?
Sempre gostei de mapas. Até hoje tenho mapas impressos do município que sempre gosto de ver. O fato é que muito da geografia do município aprendi por estes mapas. Alguns nomes geográficos, que até nem conhecia, aparecem nas mais variadas fontes de mapas e, muitos nomes parecem ser desconhecidos, esquecidos, unusuais, ou "devorado por povoação mais complexas que, ao se estabelecerem, receberam um novo nome".
Eu absorvi boa parte deste conhecimento como sendo verdadeiro. Eu conheci muito da minha cidade a partir deles. Daí vem uma questão: Estou eu violando direitos autorais ao pôr nome em um objeto no OSM que eu assimilei ter este nome, muitas vezes sem saber de onde tenho este conhecimento? Sem ao menos ir lá em outro mapa, copiar, ir no OSM, colar?
Daí vem aquela questão que abordei em alguns diários atrás. Se eu aprendi o nome errado de uma rua, por exemplo, em determinado mapa, absorvi aquilo como verdadeiro, passei a usar aquele nome no dia a dia para explicar onde fica tal lugar, ...Estou eu violando direitos autorais, e sujeito a ser enquadrado como bandido pela lei "Easter Egg"?
Não estou eu aqui querendo salvar a pele de ninguém, e nem ao menos generalizando, até porque cada caso é um caso. Mas é algo que existe e precisa ser refletido.
Como exemplo cito o caso da empresa Esmeralda Espaço de Festas, que usa como endereço o nome de Rua João Pereira Henrique, enquanto que, na verdade é Travessa João Pereira Henriques (nome oficial). E se formos investigar a fonte deste nome, descobre-se que usam o nome errado (ou ao menos não oficial), o Google e o Waze.
Tenho conhecidos que também usam verbalmente este nome, provavelmente aprenderam erroneamente no mapa do Google/Waze. Mas que, pela astronômica grandeza de uma empresa, o que é errado vai sendo absorvido ao longo do tempo como verdade... - Daí eu pergunto, é violação de direitos autorais colocar no OSM este nome como nome alternativo da rua se ele foi incorporado ao dia a dia das pessoas?
Um caso diferente, que conheço aqui em Santa Maria, é o caso da Estrada José Santo Fighera. O nome da pessoa homenageada é este. Há uma placa com este nome na esquina com A RSC-287 e outra com a RS-511 - provavelmente afixada pelos próprios descendentes. Fighera é com h mesmo, e é o sobrenome de uma família do local, onde é fabricado o Arroz Fighera. Santo é um nome e não sobrenome, como em Santos. Daí que ao longo dos anos foram distorcendo este nome pela própria legislação municipal. O nome oficial dela agora é José Santo Figueira. Uns até utilizam José dos Santos Figueira.
Então volto eu ao caso da João Pereira Henriques. Será que o nome dele (pessoa) não era com final sem "s" mesmo, e a prefeitura modificou seu nome ao oficializá-lo? E que no final das contas quem sabe não foi um morador daquela rua que contribuiu com o google/waze e colocou este nome porque conheceu o homenageado pelo nome da rua? Porque afinal de contas já vi pessoas utilizar este nome e se formos pegar como exemplo a José Santo Fighera percebemos que isto pode sim ter acontecido.
Enfim, o que se observa pela internet de um modo geral, e isso se aplica também a mapas, é uma nuvem de conhecimentos onde a verdade das coisa (dos objetos em mapa) tendem a ser estabelecida pela "maioria de votos" ou por "quem grita mais alto" (mega empresas internacionais), estando eles certo ou errado.
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