Por Mari Messias
É bem claro que a maneira como consumimos e pensamos conteúdo foi totalmente alterada pela difusão na internet no Brasil. Agora imagine o que ocorreria se existisse algum tipo de regulamentação sobre a diversidade de vozes em outros meios de comunicação, como TV e rádios. Imaginou?
Pois é essa discussão que a mesa que a 12º OID quer trazer na mesa temática "Direito a comunicação", dia 12/12. Os convidados Franklin Martins, Celso Schröder (presidente da Federação Nacional dos Jornalistas), Venício Lima (professor da Unb), Rodrigo Vianna (jornalista, Record), Marcos Urupá (jornalista e advogado), Emiliano José (jornalista, doutor em comunicação pela UFBA) e Luis Carlos Azenha (jornalista e editor do Viomundo), com a mediação de Maurício Falavigna, vão trazer questões relacionadas ao tema para o Hotel Nacional, em Brasília, no horário das 10 às 12h, no Auditório 800 - Azul Norte.
Nem sempre nos damos conta, mas a desigualdade cultural e a falta de pluralidade narrativa são tanto sintomas, quanto reafirmam um status social.
No Brasil, cerca de apenas 10 famílias controlam boa parte da grande mídia. O que isto significa, na prática, é que não existe uma pluralidade de narradores. E essa falta de diversidade pode ser percebida tanto nos personagens da novela, quanto na escolha de conteúdo que será reproduzido pelas emissoras.
No último ano, por exemplo, a Argentina aprovou sua Ley de Medios, obrigando os gigantes de lá a abrirem espaço para outras vozes. Isso não significa que o Clarin, por exemplo, teve que fechar, apenas que ele teve que passar a respeitar uma lei que define o máximo de concessões possíveis para empresas como ele. Lá passaram a ser permitidas 24 licenças de TV a cabo e 10 abertas (sejam rádio ou TV). Além disso, a lei também contemplou a instalação de canais de TV e rádio estudantis e de povos nativos, ampliando os narradores e os textos.
Muitos brasileiros tem se mobilizado, nos últimos anos, para que este tipo de mudança chegue ao país, através da Lei da mídia democrática. A lei da mídia democrática define os tipos de emissoras e seus conteúdos, visando “promover a diversidade regional, aumentar a quantidade de culturas diferentes que são vistas e ouvidas”, além de “combater a discriminação e o preconceito”
Sabemos que uma sociedade também se molda por seus narradores e sua justiça cultural, então não perca essa chance de conferir e debater mais sobre esse assunto. Por que, como diz a imagem que abre esse texto, democratizar a comunicação é democratizar o Brasil.