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A internet e o grande saxofonista Casé (José Ferreira Godinho Filho)

22 de Julho de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - 1Um comentário | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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case

Por Fernando Barros

Mais que um grande saxofonista, Casé (José Ferreira Godinho Filho) tornou-se um mito entre os músicos e os amantes da música instrumental. Nascido em Guaxupé (MG), em 1932, foi encontrado morto em novembro de 1978, num hotel da Boca do Lixo, em São Paulo. O corpo machucado, as paredes do quarto ensanguentadas, cenário de um caso jamais elucidado, ajudaram a reforçar o mistério em torno dos 46 anos de vida de Casé.
Era um músico fora do comum, referência para colegas e críticos – João Donato, Paulo Moura, Dick Farney, Elis Regina, Tim Maia, Roberto Muggiati, Tárik de Souza, entre muitos outros. Tocando jazz ao sax alto, deixava boquiabertos colegas americanos; tocando choro ao clarinete, deixava estonteados aqueles que o imaginavam exclusivamente jazzista.
Nunca, porém, se valeu da sua genialidade para investir em marketing pessoal. Gostava de pescar, era quieto e capaz de trocar propostas tidas como irrecusáveis para integrar-se a orquestras de baile no interior.
Deixou poucas gravações.
Esse perfil fez aumentar dia a dia uma série de histórias fantásticas atribuídas a Casé. Sua trajetória – o menino que, vestindo calça curta tornou-se o primeiro saxofonista da orquestra da Rádio Tupi em 1945; o rapazote que aos 20 anos foi tocar em Bagdá; o mestre para quem não fazia diferença tocar num teatro luxuoso ou num inferninho -, nada disso sensibilizou inicialmente a indústria de livros (ao contrário, o desprezo à fama e à grana manifestado pelo protagonista pareceu irritar alguns reis da cocada).
Foram quatro anos de trabalho independente, 70 entrevistas, personagens maravilhosos de uma geração que, sem tecnologia, fazia excelente música ao vivo.
- Põe na rede – aconselhou um amigo, conhecedor das entranhas do mundo editorial.
Eureca! Foi para o ar www.saxofonistacase.blogspot.com. Um resultado fabuloso, amplo. Resposta rápida, novas interlocuções, novos horizontes. Músicos jovens em contato com um panorama de vida e profissão por eles desconhecido, reencontro de profissionais da antiga, velhos pés-de-valsa comovidos, um movimentado intercâmbio, uma grande confraternização.
Como, sem internet, seria possível ler uma história enquanto se ouvem solos memoráveis do personagem central? Como o baterista brasileiro radicado na Suécia desde 1964 acabaria se correspondendo com o baixista japonês com quem tocara em São Paulo 47 anos atrás? Como o blogueiro da Espanha, fã do baixista norte-americano Major Holley, acharia finalmente, faixas gravadas no Brasil em 1958 por seu ídolo junto com Casé, o pianista Moacyr Peixoto e o baterista Jimmy Campbell?
Se as grandes gravadoras confessadamente tremem, outros impérios da indústria cultural ainda fingem indiferença diante da mudança de jogo provocada pela digitalização. Enquanto isso, a rede balança.

Fonte: http://musicaparabaixar.org.br/?p=278

1Um comentário

  • 1df7b89eb11679f8397323830b2613fa?only path=false&size=50&d=404Adecar Pasqua(usuário não autenticado)
    25 de Janeiro de 2011, 16:25

    OIMO

    Parabens pela iniciativa Fernando.Sou de Guaxupé e sei da extraordinaria trajetoria do Casé.
    Obrigado Fernando, alguem tem que começar a "botar para fora" a grandiosidade das pessoas desse pais e não obscurece-las.Se o Casé tivesse ido para o US e se interessasse pela fama, provavelmente estaria vivo e milionário, porque sua familia (dele) são pessoas excelentes e esse seria o caminho do Casé, o da dignidade....mas no nosso pais....as pessoas que constroem uma estoria e dignifica nossa cultura fica sempre de fora do merecido conforto (ao menos).
    Adecar


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