Este é um clone do blog de Alexandre Oliva, Blongando por Liberdade
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21 de Maio de 2010, 22:07 - sem comentários aindaYay! FSFLA.org was down for a bit longer than two weeks, because of a disk failure, but it's now back up.
Thanks to FSFE's sysadmins for their hard work in bringing FSFE's and FSFLA's servers back up after a hard disk failure!
We now return to our regular programming...
So blong...
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21 de Maio de 2010, 22:00 - sem comentários aindaDiscussion Loading... Vote up Vote down
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26 de Abril de 2010, 19:16 - sem comentários aindaHá um ano, venho escrevendo na Revista Espírito Livre. Quando João Fernando me convidou para uma coluna, fiquei meio receoso. Eu tinha razão: é sempre um sufoco, uma correria quando ele me avisa que está fechando a edição e eu, invariavelmente, ainda não terminei (às vezes, nem comecei) a coluna. Agradeço pela paciência, pela tolerância e pela confiança que nem eu ousei depositar em mim.
Neste momento, em que lançamos sua décima-terceira edição, comemorando o primeiro aniversário desse nosso trabalho juntos, eu olho para trás e fico muito feliz de quanto conseguimos, de como a revista só faz melhorar, crescer e levar a tanta gente o conhecimento sobre o Software Livre e, mais importante na minha opinião, a consciência sobre Liberdade de Software, sobre os valores éticos e sociais que norteiam o movimento.
Foi fantástico ter essa ótima desculpa mensal para consolidar em palavras as ideias e pensamentos que se me apresentavam antes de cada edição, cada qual especial para mim, pelo que as relembro neste momento de celebração:
- Síndrome de Peter Pan Digital sobre o pessoal que não quer crescer e se tornar responsável pelas próprias decisões, preferindo viver na Terra do Nunca do software privativo. O tema da capa foi Computação em Nuvem.
- A Isca, o Anzol e a Grande Rede, explorando o tema da edição anterior, revê os diversos tipos de anzóis que vêm escondidos no software privativo, e alerta para as novas formas de captura de usuários na Internet. “Caiu na rede, é peixe!”, como digo na palestra inspirada nesse artigo. O tema desta edição foi distribuições leves de GNU/Linux.
- Um por todos, todos por um! filosofa sobre os monopólios artificiais do cada um por si, em contraposição à ao famoso lema de união, colaboração e solidariedade e fraternidade do famoso trio de quatro mosqueteiros e das Wikis, o tema da capa.
- Tron: Jogando por Liberdade pega carona no tema daquela edição (Jogos) e resgata um ícone dos jogos eletrônicos, o super-herói digital que lutava pela liberdade dos programas e dos usuários de computadores.
- Desktop Livre lembra da importância do Movimento Software Livre e do projeto GNU para que tenhamos Desktops Livres (o tema da edição), como GNOME e KDE, e chama atenção a ameaças a essas liberdades, como as patentes por trás do Mono e o software privativo exigido por diversos cartões de vídeo.
- Livre, Afinal! comemora e divulga o computador portátil Lemote Yeeloong, primeiro projetado para rodar com Software 100% Livre até na BIOS, que ganhei de uma empresa venezuelana que vai montá-los e vendê-los na América Latina. Tem até webcam embutida, 100% funciona, enquadrando-se (não sem algum zoom :-) no foco em Edição de Vídeo.
- Software Privativo é Falta de Educação!, na edição sobre Software Livre na Educação, reúne pensamentos de por que instituiçõe de ensino não devem usar software privativo, com diversas recomendações de Software Livre para professores, pais e alunos.
- A Distopia do Remoto Controle olha para diversos processos judiciais relacionados a patentes e aponta um futuro negro para aqueles que continuarem cedendo o controle remoto de seus próprios computadores para empresas que podem, por medo de processos ou por ordem judicial, acabar puxando o tapete de seus clientes, como já fizeram e tiveram de fazer Amazon e nVidia, respectivamente. Nada a ver com o tema da capa, Comunidades e Movimentos Livres.
- Perigo Virtual e Imediato desafia a condenação, no Paraná, de um distribuidor de software P2P, baseada em interpretação distorcida da lei de direito autoral. Com alguma boa vontade, redes P2P são um dos vários tipos de Redes Sociais, o tema da edição.
- Mistérios de e-Lêusis, na edição dedicada à Diversão Livre, inaugura a série Mitologia Grega, desmistificando a crença na segurança por obscuridade adotada pela Receita Federal do Brasil, denunciando seu analfabetismo digital e o daqueles que seguem esse credo.
- Ah!, a Falta que Ela Faz reacende o debate sobre a exposição de informação pessoal no lançamento do Google Buzz, discutindo a confiança exagerada e a falta que ela faz aos provedores desses serviços. Na mesma edição, fugindo ao tema de Computação Gráfica, também saiu a entrevista FLISOL na cabeça!, convidando à participação, à promoção dos valores do Movimento Software Livre nesse mega evento latino-americano.
- Guerra de Tróia retoma a série de Mitologia Grega, lembrando que nem tudo que se recebe de presente é benéfico, e que há muito presente de grego sendo aceito por órgãos públicos, expondo o estado e a população a riscos e prejuízos. Vários dos presentes de grego são oferecidos não como software, mas como serviços, prestados através da Internet, negando a Liberdade na Rede, tema da capa.
- Minotauro, na edição de aniversário sobre o GNU, reabilita essa criatura, metade movimento humanitário, metade projeto tecnológico, que conhece a saída do labirinto, mas é demonizada pelos poderosos para que o resto do rebanho não escape ao seu controle. Para a mesma edição, tive a honra de entrevistar o pai do GNU, o hacker Richard “Dédalo” Stallman, e um dos atuais líderes do projeto, Brian Gough.
Só tenho a agradecer ao João Fernando e aos muitos colaboradores regulares e ocasionais da revista por me permitir chegar perto desse bolo, que fizemos juntos, para dar uma assoprada na vela. Tenho certeza de que, num piscar de olhos, ela estará novamente acesa, levando luz e liberdade aos nossos leitores e que, com o vento de nosso sopro nas velas içadas, nossa aventura vai chegar a terras e mentes nunca antes navegadas! Muito obrigado por me levar a bordo!
Até blogo...
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26 de Abril de 2010, 17:55 - sem comentários aindaInterview with Richard Stallman and Brian Gough, of the GNU Project
Alexandre Oliva e João Fernando Costa Júnior
Published (in Portuguese) on the 13th issue (April, 2010), first anniversary of Revista Espírito Livre.
In this anniversary issue of Revista Espírito Livre, the interview is with Richard Stallman and Brian Gough, both from the GNU Project. The conversation is conducted by Alexandre Oliva, Revista Espírito Livre columnist and Free Software Foundation Latin America member.
Revista Espírito Livre: Why did the world need a, erhm, gnu :-) operating system back in the '80s?
Richard M. Stallman: The world needed a free software operating system, because there wasn't any. So I decided to write one. Then I made technical decisions: decided to follow the design of Unix to make it portable, to make it upward-compatible with Unix so that Unix users could switch easily, and to support only 32-bit machines or bigger, to avoid the extra work of supporting a small address space.
REL: What roles do/did you play in the GNU project, and for how long?
RMS: I launched the GNU Project in 1983 and have been its leader (Chief GNUisance) ever since. However, recently I've involved the GNU Advisory Committee in some of the decisions, and I hope it will take over more the task of leading GNU in the future.
Brian J. Gough: My main coding role is as maintainer of GNU's numerical library, GSL, which I started contributing to as a developer in 1996.
More recently, I've been an organiser of several "GNU Hackers Meetings" that we have been holding in Europe in the past few years and in the USA this year at the FSF's LibrePlanet conference. These meetings are a chance for GNU contributors to get together and discuss their work in person—as well as looking ahead to see how we can respond to new threats to freedom.
Last year, I became a member of the GNU Advisory Committee which holds regular conference calls to help coordinate some of the day-to-day issues within the GNU Project, such as organising these meetings, so I spend a lot of time on that these days.
REL: The GNU GPL is regarded as one of the most important contributions of the GNU project, but GNU encompasses much more: a wholy Free operating system. What is GNU up to these days, and what have GNU developers been proud of in the past few years?
BJG: Technically the GNU Project is today focused on improving its existing software like GCC and Emacs, to keep them up-to-date with new developments, and on those areas where we need completely new programs – the "High Priority Projects" such as Gnash, the GNU Project's replacement for Flash, GNU PDF, which aims to be a complete implementation of the PDF standard for both reading and writing. GNUstep is now achieving a high level of compatibility with the Openstep framework (Cocoa) and will help people to escape from the proprietary MacOS platform.
We are also finding new areas where free software can be improved – for example, the GNU Project has recently launched a new accessibility initiative http://www.gnu.org/accessibility/accessibility.html to ensure that users with disabilities have the same freedom as other users of free software. Currently many free programs are not accessible, and we want to make a major effort in this area over the coming years. Ultimately we want every GNU program to be accessible and every developer to have accessibility in mind when working on a program.
Looking back over the past few years, the work of the GNU Classpath and GCJ teams is a notable example of the value of working for freedom and replacing non-free software that people accept because it is available at no cost. When Java was finally released as free software by Sun in 2006, it was under the same license as GNU Classpath and we now have a complete free Java environment on GNU/Linux systems (under the name IcedTea). GNU Classpath was one of the FSF high-priority projects for this reason, because of the problem of free Java programs relying on non-free Java implementations, which RMS drew attention to back in 2004.
You mentioned GPLv2 and of course there was a major update to the GNU GPL (General Public License) to GPL version 3 in 2007, following an extensive worldwide public consultation process involving numerous free software projects, companies and legal experts. The update made the license easier for developers to use and removed unnecessary incompatibilities with other similar free software licenses. It also gave new protection to free software projects from software patents and attempts by manufacturers to circumvent the freedoms of the license using locked-down devices and DRM (Digital Restrictions Management). At that time some people saw little need for these additional protections, but we're now seeing a new generation of proprietary computing devices that are completely locked-down and use DRM to restrict users, so I think those protections of the GPLv3 will prove to be far-sighted and are now more important than ever. I'd encourage everyone writing free software to update to the GPLv3 if they have not done so already.
Looking to the future we want to ensure that everyone has freedom when they are using the internet. RMS recently spoke about the dangers of "Software as a Service" at the FSF LibrePlanet conference. http://www.gnu.org/philosophy/who-does-that-server-really-serve.html If we use proprietary web services to perform tasks that we could do on our own computers with free software we are giving up our freedom–this is something we must avoid.
For tasks like word-processing, we can simply use free software on our own computers. For computing tasks that require a server, we need alternatives. One way is to have sufficient free software so that people can run their own personal servers at home or within their own organisation.
There are some new GNU projects starting to provide such software, like GNU FM for music sharing and GNU Social for social networking – they are looking for additional volunteers. The license for these is the GNU AGPL (Affero General Public Licence) – it is similar to the GPL but if someone runs a program under the AGPL on a webserver and lets others use it, they must also allow them to download the source code. The identi.ca microblogging site (now known as Status.net) is another example of a popular service under the AGPL where you can download and run the server yourself.
The GNU Project and FSF have actually been providing free services using the AGPL for a long time through the Savannah project hosting service, which is under the AGPL. There are currently over 3,200 free software projects using Savannah and about 50,000 users. Savannah uses only free software and there is a download link on each page where any user can download the complete source for the site. There are also opportunities for volunteers to help with the development of Savannah and handling support requests.
REL: In spite of all this, a number of people suggest that the project is no longer relevant, because they perceive GNU as development tools and GNU GPL.
RMS: When people are only aware of a small part of what we've done, and think it's not much, the problem is in their ignorance rather than our achievements. No matter what good we might do, it won't win support for us if people attribute it to someone else.
REL: Sure, but letting this misperception spread harms GNU and the Free Software Movement. What do you recommend to try and set it right?
RMS: Besides explaining this point to people as part of explaining the subject of free software, we should lend our time, effort, and names to the activities that give credit to GNU. There are plenty of those which can use our help, so we won't be short of useful things to do.
REL: Linux and of most GNU/Linux distros include non-Free Software, which means they don't understand or don't share the Free Software philosophy and goals. What do GNU and the FSF do about this problem?
RMS: We recommend only the distros which have a firm policy not to steer the user towards nonfree software, and we explain the ethical reason for it.
BJG: The GNU website has a list of guidelines that a distribution ought to follow to be called free and we encourage people to use the distributions that follow it (the guidelines are on the website at http://www.gnu.org/distros/ along with a list of distributions).
The guidelines are quite straightforward–the main point is that there should be a clear policy to only distribute free software, and that this should be applied consistently to every package, without exceptions for any "special cases".
Some distributions do have a free-software-only policy but don't enforce it fully, by ignoring the non-free firmware "blobs" in some Linux kernel device drivers. That's a shame, because it would be easy for them to give their users a 100% free distribution by using the Linux-libre version of the kernel which does not contain them.
REL: How does one become a GNU developer?
BJG: There are many ways to contribute to GNU and being a developer is one of them. Writing documentation, contributing translations, testing, and helping on Savannah.gnu.org, the GNU hosting site, are also important. There's a webpage which explains different ways to get involved at http://www.gnu.org/help/help.html
For anyone who is very dedicated, there is a list of high priority projects at http://www.fsf.org/campaigns/priority.html. The list is gradually being reduced – recently two Brazilians, Rodrigo Rodrigues da Silva and Felipe Sanches, have made good progress on one long outstanding item, a library to convert files saved in the proprietary format of AutoCAD to free formats. This is essential to allowing people to move to free CAD software, due to the widespread use of AutoCAD files in that field.
REL: Thank you both for your time and dedication to GNU and to Software Freedom. Any final words to our readers?
BJG: We are organising regional meetings of GNU contributors around the world, and I've heard Rodrigo and Felipe are hosting one at the FISL conference (21-24 July) in Porto Alegre. So I'd encourage anyone interested in contributing to GNU to join them this summer – details of the event will be posted on our meeting page at http://www.gnu.org/ghm/
RMS: Thousands of people have worked to make it possible today for users to use a computer and have control over what it does. In 1983 that was nearly impossible, because first you'd have to write a free operating system. We did that, and we have reached the point where rejecting nonfree software and SaaS is generally feasible with some effort. But we would like to make it easy and painless all the time, and we have some ways to go to get there. So thanks for helping us do it.
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Mitologia Grega III: Minotauro
26 de Abril de 2010, 17:55 - sem comentários aindaMitologia Grega III: Minotauro
Alexandre Oliva <lxoliva@fsfla.org>
Publicado na décima-terceira edição, de abril de 2010, no primeiro aniversário da Revista Espírito Livre.
Há milênios, a lenda do Minotauro vem sendo contada para ensinar o perigo de trair e enganar os poderosos. Deve ser o método de dominação mais antigo e mais eficaz: demonizar quem vê a saída do labirinto, para que o restante do rebanho não o siga até a liberdade. Após tal lavagem cerebral, quem ousaria questionar o mito de que o Minotauro é um monstro repulsivo e perigoso?
Era uma vez o trono do reino insular de Creta disputado por dois irmãos. Minow$, o mais inescrupuloso e sedento de poder, pediu que Poseidon, deus dos mares, interviesse por ele. Já coroado, viu sair do mar um belíssimo bovídeo branco, que deveria sacrificar ao deus. Sacrificou outro animal, mas Poseidon percebeu e puniu o traidor: providenciou para que Pasífae, esposa de Minow$, se apaixonasse pelo bovídeo, e para que, da união carnal dos dois, mecanicamente possível graças ao engenhoso hacker Dédalo, nascesse uma criatura metade humana, metade bovídea. (Leitores curiosos já devem estar se perguntando: seria Richard Minotauro Stallman, o homem-gnu?)
Por capricho do tirano, aquele bastardo cretino, deveria a criatura viver prisioneira, num labirinto que o mesmo Dédalo seria obrigado a construir, debaixo do palácio R$ de ©nosso$. A cada ano, Minow$ jogava sete jovens e sete damas no labirinto, para servir de alimento ao Minotauro. Teseu, um desses jovens, entrou no labirinto com um novelo de lã para marcar o caminho de volta (ideia de ninguém menos que Dédalo), derrotando o suposto monstro e libertando os jovens e damas que ali encontrou.
O verdadeiro monstro, Minow$, ainda aprisionaria no labirinto o hacker Dédalo e seu filho, Ícaro. Recuperariam sua liberdade com outro hack: colando asas aos seus braços, com cera de abelha. Diz a lenda que Ícaro gostou tanto da liberdade que voou alto demais; tão alto que o Sol derreteu a cera e, sem asas, Ícaro caiu sobre o mar e morreu.
Ora... Bastam algumas perguntas, fruto de análise crítica, para verificar que se trata de um mito, uma lenda para assustar e conter os amantes da liberdade. Como assim, se voar muito alto, esquenta, a ponto de derreter a cera das asas? Todo mundo sabe que, quanto mais alto, mais frio e rarefeito fica o ar!
Como assim, Teseu libertou os jovens e damas que encontrou no labirinto? Não eram comida para o Minotauro? Se ele não os devorava, vivia de quê? E os jovens, como sobreviveram? E a cera, penas e madeira para as asas de Dédalo e Ícaro, vieram de onde? Seria Dédalo um hacker poderoso como o MacGiver, de “Profissão: Perigo”, a ponto de tirar madeira da cara de pau de quem inventa estas histórias, juntar com as penas às quais Dédalo e Ícaro foram condenados, fazer uma cera na entrada da área e pronto!, é só colar e sair voando? Tenha DOS!
Além do mais, os bovídeos eram idolatrados em Creta. O palácio R$ de ©nosso$ era todo decorado com peças e obras de arte que remetiam ao tema bovídeo e suas divindades. O gado ainda garantia “pão e circo”: a diversão nas touradas acrobáticas, comparáveis a alguns rodeios dos pampas brasileiros; a carne orgânica diretamente dos “pampas”, para alimentar o corpo; para o espírito, os sacrifícios religiosos de bovídeos nos rituais minoanos. Dá até pra imaginar que o gélido vento Minuano, que sopra nos pampas sul-americanos, deva seu nome aos tão importantes ventos dos quais dependiam as navegações minoanas.
O simbolismo da lenda é claro, e chama atenção a presença, também na simbologia, da dualidade divino-pecuária bovídea. Minow$, egoísta, traiçoeiro, ganancioso e sedento de poder, queria só para si o divino, belíssimo bovídeo branco (“Ô, Montanha, pó pará!”, intervém Maçaranduba, “Tá duvidando da real masculinidade? Vou dar... porrada!”), o trono e a coroa que o bovídeo faturou. Fez de tudo para aprisionar aquele que nasceu metade humano, metade bovídeo, bem como os súditos e prisioneiros que, impotentes, não resistiam ao subjugo, ao controle e aos abusos do tirano, reduzindo-se assim a gado humano: também metade humanos, metade bovídeos. E ai de quem ousasse desafiar o tirano: seria feito prisioneiro e atirado no labirinto de Minow$. E ai daquele que sonhasse voar, símbolo de desejo de liberdade: perderia as asas e a vida no mar de Poseidon! Vida de gado, nada de hackear!
Removendo as alegorias mitológicas, o que resta é uma história que deve ter sido mais ou menos assim: Pasífae teve um filho que não se parecia nem um pouco com Minow$. A própria lenda aponta para o provável pai, aquele que tinha intimidade suficiente para ajudá-la a engravidar, mas, francamente, de um bovídeo?!? O ser que nasceu pode muito bem ter sido o próprio Ícaro, de mãe e origem desconhecidas. Foi anunciado ao público como monstro e escondido.
Dédalo já havia iniciado o movimento social humanitário SoL, com ideais de solidariedade social, respeito ao próximo e às liberdades essenciais. Hacker que era, encontrou uma forma de cumprir a ordem do tirano, de construir um labirinto nas masmorras do palácio R$ de ©nosso$, sem cercear a liberdade dos que seriam injustamente feitos prisioneiros ali.
Construiu-o de tal forma que apenas quem fosse movido pelo egoísmo, pela ganância e pelo impulso de cercear a liberdade de outros teria a sensação de estar preso nas masmorras de ©nosso$. Inaugurou assim o projeto tecnológico GNU: desenvolvimento colaborativo de plantas e técnicas arquitetônicas para levar esperança e liberdade a hackers, a prisioneiros de tiranos e a vítimas de leis injustas.
Para que ninguém mais se perdesse nos labirintos dos tiranos, desenvolveu um receptor de sinais de satélites que assinalava a localização e o melhor trajeto para chegar à liberdade. Chamou-o Global Positioning Liberator do GNU, ou simplesmente GNU GPL.
Criou, dentro do labirinto, bem longe da Vista das janelas de Minow$, uma organização para defesa da liberdade humana: difusão dos ideais do SoL e apoio ao projeto tecnológico GNU. Ensinava o caminho aos prisioneiros que chegavam ao labirinto sem perspectiva de liberdade, convidando-os a participar do projeto e do movimento.
Teseu, insatisfeito com a incompatibilidade do Minix (privativo bem ao gosto de Minow$) com suas preferências arquitetônicas, desenvolvia um componente central que, por acaso, faltava ao GNU. Chegou ao labirinto durante a reunião do movimento em que Dédalo apresentava a segunda versão do GPL. Adotou técnicas, projetos e até a GPL do GNU, mas, ao invés de desafiar a autoridade de Minow$ e dar crédito ao projeto de libertação, decidiu ceder às pressões, chamando seu projeto Minux e anunciando que vencera o Minotauro, criatura que simbolizava o fruto do trabalho de Dédalo: metade humano, o movimento humanitário SoL, e metade bovídeo, o projeto tecnológico GNU.
Com isso, a participação de Dédalo e Ícaro no movimento chegou ao conhecimento de Minow$, que por isso os fez prisioneiros. (Por que os aprisionaria por ajudar Teseu a vencer o Minotauro?) Distorcia a realidade para desmerecer o Minotauro e afugentar potenciais colaboradores do movimento e do projeto. Felizmente, por mais que comparasse o GPL a um câncer, a um vírus, não pôde conter o movimento.
Dédalo e Ícaro certamente não conseguiriam nem precisaram sair do labirinto voando, mas ganharam asas como todos os usuários do projeto GNU, e puderam sim alcançar o SoL, o Software Livre. O movimento e o projeto voaram longe: chegaram a muita gente, em terras distantes, a filosofia e o conhecimento do Minotauro, de liberdade, de respeito ao próximo, de solidariedade social e de fraternidade.
Já passou da hora de deixar a luz e o calor do SoL derreterem o manto do medo, da incerteza e da dúvida lançados pelos muitos seguidores do tirano Minow$, com os quais pretendem que aceitemos seu subjugo; que demonizemos ao invés de almejarmos ser hackers livres e autônomos. Querem nos manter gado humano, analfabeto, incapaz de ler ou escrever as linguagens que controlam e pervadem nossa existência para que, como meros usuários, possamos ser mais facilmente programados e usados. Precisamos, devemos e podemos resistir! Não há o que temer: os riscos estão na lenda, nos mitos. Vamos reabilitar, reconhecer e celebrar o Minotauro: o movimento social humanitário do Software Livre e o projeto tecnológico do bovídeo GNU! O Minotauro não morreu, viva o Minotauro!
Copyright 2010 Alexandre Oliva
Cópia literal, distribuição e publicação da íntegra deste artigo são permitidas em qualquer meio, em todo o mundo, desde que sejam preservadas a nota de copyright, a URL oficial do documento e esta nota de permissão.
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