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Lúcio Dias

Docente Superior e Relações Públicas na prestação de serviço. Agente facilitador da transformação social.

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ESTÁGIO INTERDISCIPLINAR DE VIVÊNCIA E INTERVENÇÃO EM ÁREAS DE REFORMA AGRÁRIA – EIVI

11 de Fevereiro de 2010, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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ESTÁGIO INTERDISCIPLINAR DE VIVÊNCIA E INTERVENÇÃO EM ÁREAS DE REFORMA AGRÁRIA – EIVI

Prof. Lúcio Dias

No dia 09 de janeiro de 2010 (sábado), tive a oportunidade de viajar de Salvador pra Santo Amaro através do NEPA da Universidade Federal da Bahia – UFBA para participar do Estágio Interdisciplinar de Vivência e Intervenção em áreas de reforma agrária – EIVI, formação do educador social. Momento oportuno desse estágio que durou quinze dias para ampliação do debate das causas sociais e de que forma se dará a intervenção vivenciando a realidade dos trabalhadores rurais. Sendo que os primeiros cinco dias houve um curso de capacitação e preparo dos estagiários antes de serem adotados pelas famílias dos assentados ou, ainda aquelas famílias que estavam em acampamentos aguardando a posse da terra.

 

Capacitação do estágio

A proposta feita pelo EIVI é extremamente interessante e oportuna para estudantes, professores, pesquisadores das diferentes áreas do conhecimento, principalmente por trazer como elemento principal do estágio a vivência com outra realidade social, que muito é discutida de acordo com interesses empresarias pelos meios de comunicação de massa, e combatidas dentro da organização do MST. Pois, através dessa análise dentro da própria estrutura social do MST – BA, temos a possibilidade de conhecer de fato a realidade e o modo como se organiza, se estrutura e principalmente, vivem esses indivíduos.

Por análise e hipótese, de fato o EIVI ainda está em fase de amadurecimento por ser a quarta edição dentro dos assentamentos e acampamentos do MST e por ter aumentado em 2010 o n. de participantes. Contudo, ocorreu uma certa desorganização por parte dos monitores envolvidos tanto no sentido de programar o horário das atividades, quanto no estudo excessivo das práticas do MST e o estudo da educação popular através de Paulo Freire de forma acelerada e, também à distribuição dos estagiários em suas famílias adotivas dentre os assentamentos e acampamentos. Através dessa hipótese considero que o feedback é positivo no sentido de estar em constante ajuste em outras edições. Pois, a oportunidade do estágio é extremamente importante para ambos os lados, uma via de mão dupla tanto para a visibilidade no MST quanto o crescimento pessoal e profissional dos estagiários.

Adoção

Sendo assim, com mais dez estagiários, formamos o grupo que seria adotado pelo assentamento Bela Vista que fica na área rural de Santo Amaro, precisamente na subida da Serra em direção a Cachoeira, e conhecemos antes o assentamento Eldorado de Pitinga onde outros estagiários foram adotados, que fica logo na saída de Santo Amaro antes do entroncamento de Cabo Sul Na oportunidade, conhecemos um dos coordenadores, Gilson, que nos esclareceu as primeiras dúvidas, a realidade do modo de vida dos assentados e as políticas organizacionais dentro das comunidades do MST. Contudo, fomos ao assentamento Bela Vista onde aconteceu o processo de adoção dentre as famílias.

 

ASSENTAMENTO BELA VISTA DO MOVIMENTO DOS SEM TERRA – MST

 

A forma de se organizar dos trabalhadores rurais sem terra há mais de vinte anos vem experimentando formas para enfrentarem o capital: organizado, tático e bem amparado pelo aparelho do Estado. Hoje, se organizam em regionais ouBrigadas.

Organização do MST

As Brigadas são as responsáveis por imprimir de fato a organização dentro do movimento. Busca, constantemente como sua principal tarefa está em constante diálogo com as diversas áreas onde o Movimento atua, criando identidade e compromisso com a questão agrária. Propõem-se á:

- Entender a organização enquanto responsabilidade de todos e todas militantes;

- Tem o objetivo de qualificar o funcionamento do MST, acompanhando e dando direcionamento às demandas;

- Distribuir as tarefas dentre os coletivos a fim de dar qualidade e direção a todos (as), preparando cada militante a estar apto para qualquer momento assumir um posto de liderança;

- Fazer a coordenação política do Movimento naquela determinada região.

Essas brigadas geralmente são compostas por um homem e uma mulher

Não obstante a realidade social das grandes cidades urbanas, na comunidade rural ocorre de forma bastante similar os mesmos problemas sociais, de organização, educação e estrutura. Pois, entendendo que a força motriz do MST é o socialismo. Mas, é identificado de fato que o capitalismo também existe dentro do assentamento, assim também, como a exploração da mão de obra devido a desigualdade social presente dentro do Bela Vista. Principalmente devido ao fato de não estar na época de chuva e muitas famílias do assentamento ficam sem produzir nas suas roças tendo que executar atividades em outros roçados e/ou ter que alugarem suas terras.

Em relação à educação existe na escola rural no assentamento Bela Vista turmas multiseriadas do ensino primário, onde a professora ministra as turmas da 1ª série à 4ª série. Posteriormente os alunos são encaminhados para escolas da prefeitura de Santo Amaro e a mesma fica responsável pela locomoção desses alunos. É identificado dentro da comunidade retardamento nível educacional e em paralelo, um esforço maior para aumentar o potencial educacional dos jovens da comunidade.

Vivência

 

Durante o período de aproximadamente nove dias dentro do assentamento Bela Vista foram desenvolvidas várias atividades com a comunidade. Dentre elas, foi desenvolvido diversas Oficinas (crianças, jovens e adultos) sobre a Rádio Comunitária, Culturais, Samba-de-roda, Mutirão coletivo na barragem, Atividades folclóricas com as crianças, e Avaliação final com as famílias adotivas. Sendo que em paralelo as atividades, cada estagiário convivia com a realidade das famílias adotivas. Pois, considero dentro do EIVI, a atividade que mais contribui para a formação do educador popular por interagir diretamente com a realidade existente. De fato fomos recebidos e estabelecemos laços afetivos dentre a família adotada, principalmente pelo fato de algumas pessoas conviverem em duas famílias devido a sua estrutura e interagir com toda a comunidade. Foi uma dinâmica benéfica e consequentemente cada estagiário ao retornar do EIVI para as suas atividade/ realidade acadêmicas, profissional e pessoal, foi transformado com a energia de compartilhar e vivenciar Sem terra.

O Grupo do EIVI

Durante o curso e os momentos de convivência com os monitores e os demais estagiários, percebi em dados momentos num desses reality Show americano. Pois a sensação de adentrarmos num mundo totalmente desconhecido, conviver com estagiários inicialmente desconhecidos, o temperamento e personalidade diversas, foi uma excelente oportunidade de pesquisar e entender o que tanto a psicologia tenta explicar sobre o ser ímpar chamado “o ser humano”. Na medida em que buscamos afinidades e mediação para a causa dos sem terra, houve divergências individuais para ás necessidades coletivas em todos os momentos e todas as reuniões. Mas, a decisão coletiva prevalecia no final e a mediação dos conflitos era dentre os monitores do EIVI, que, considero ainda estarem no processo de amadurecimento quanto à condução e liderança dos grupos. Foram feitos diversos feedbackies no sentido de se organizar melhor e a postura que deve ter de fato um líder. Identifiquei alguns apadrinhamentos, falta de respeito quanto aos demais colegas em suas falas, descontrole emocional, desorganização no cumprimento das atividades nos sub-grupos, repressão, preconceito e extremismo. Considero que serão questões a serem discutidas nos próximos estágios.

 

CONCLUSÃO

Após o período de quinze dias envolvido no EIVI consequentemente voltei para Salvador um novo ser humano tanto no que diz respeito às questões agrárias dos Sem terra, quanto à oportunidade de ter convivido com a família adotiva. Esse período me deu elementos para as praxes social, acadêmica, profissional e pessoal que faltavam em mim. E o período de convivência com os demais estagiários e monitores me deu também, um outro nível de compreensão do que é viver em grupo e desenvolver atividades sociais no coletivo.

Quem tiver a oportunidade de ser selecionado para o próximo EIVI, digo que vivencie essa experiência ímpar e vivencie cada momento de ser e conviver Sem Terra e ter sua própria conclusão independente do que é passado nas mídias e em relação às próprias propostas do MST. É rica essa experiência.

 

Lúcio Dias

Professor Universitário e Relações Públicas

e-mail: luciodiasrrpp@hotmail.com

71 8746-6007


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