Relato do Festival de Cultura Livre do fisl10 - Parte 4
13 de Julho de 2009, 0:00 - sem comentários aindaDando seguimento aos posts sobre o Festival de Cultura Livre do Fisl10.
Não posso deixar de falar das apresentações culturais que tivemos em nosso Festival, pela primeira vez tivemos intervenções culturais dentro do espaço do FISL. Todas as atrações foram artistas da cidade de porto alegre e região. Na quarta-feira 24/06 tivemos a apresentação do Grupo Bonecos da Gente, com o Nego Omar, um boneco gigante vestido de pirata e defendendo a liberdade na internet. Na sexta dia 26 se apresentou o grupo de dança AfroSul? acompanhado de tambores. O espetáculo do guro Afrosul incluiu a participação do público. O sábado dia 27 foi um dia animado, no fim da manhã abrimos espaço para uma roda de capoeira Angola, em pleno espaço do grupo de usuários. Abriram a roda os grupos de capoeira Zimba e Africanamente. À tarde quem animou o evento foi o grupo de dança de rua Hackers Crew que fez uma apresentação memorável.
Depois da cerimônia de encerramento do fisl10, fomos para Festa Livre de Encerramento no Bar Ocidente. A festa reuniu o maior público dos eventos externos, muita gente apareceu para dançar e se despedir dos amigos, alguns palestrantes estavam por lá também. O povo estava em clima de despedida, muitos iriam viajar no domingo, de volta pra sua rotina diária. Na festa a maioria do público era de homens, como esperado, mas as mulheres estavam em quantidade acima da média para eventos de tecnologia, revelando o crescente avanço dos últimos anos do público feminino no Fisl.
No comando da festa estavam os DJs pernambucanos Ricardo Brasileiro e Felipe Machado, as projeções visuais ficaram a cargo do VJ pixel. Como o propósito da festa é ser também colaborativa, contamos com a contribuição de outros DJs e VJs que apareceram na hora e ajudaram a animar o público até alta madrugada. Eu mesmo montei um mini set em meu notebook \o/.
Chegamos ao fim da série de posts sobre o Festival de Cultura Livre, mas outros posts podem surgir refletindo sobre assuntos e debates gerados no Fisl10.
Pesquisando na rede podemos encontrar fotos da Festa Livre de Encerramento.
Relato do Festival Cultura Livre - parte 3
13 de Julho de 2009, 0:00 - sem comentários aindaContinuando com o relato sobre o Festival de Cultura Livre do fisl10.
Na sexta-feira, dia 26 de Junho, aconteceu mais uma atividade descentralizada, o Encontro Cultural no ponto de cultura Afro Sul Odomodê. Nesse encontro tivemos a apresentação de dois grupos musicais de Porto Alegre, a Central do Samba e o Macaratu Truvão. Estes grupos resgatam importantes gêneros musicais da cultura brasileira, o samba de raiz e o maracatu de baque virado. Este resgate é importante pois o Samba de raiz e o Maracatu não estão atualmente representados na indústria da cultura nacional. Além do que, sendo o FISL é um evento internacional, essa atividade cultural foi uma importante vitrine da genuína cultura brasileira para os estrangeiros que vieram nos prestigiar.
Durante a festa, além da música, tivemos a participação do VJ pixel, que veio diretamente de SP para se apresentar em nossas festas noturnas. O VJ pixel, utilizou seu equipamento, formado por notebooks, mixer e câmera de vídeo, para projetar uma arte de texturas nas paredes do Odomodê. Esta apresentação foi um ensaio para o show de imagens que aconteceria no dia 27 na Festa Livre de Encerramento.
Neste mesmo dia no Odomodê aconteceu uma oficina de Estêncil, técnica de arte gráfica de rua "prima" do Grafite. Na oficina, o público foi incentivado a aplicar desenhos na parede interna do ponto de cultura. Eu também participei, cortei um molde em folha de papel com a palavra "NERD". Aprendi uma técnica de corte de "pontes" nos moldes, permitindo criar desenhos mais complexos. Quem for ao Odomodê poderá ver meu estêncil NERD lá. O oficineiro também criou um grafite muito legal no muro externo do Afro Sul Odomodê. A oficina de estêncil e o grafite foram uma parceria do gt-cultura e o CUCA - Pontão de Cultura da UNE.
Relato do Festival de Cultura Livre do fisl10 - Parte 2
7 de Julho de 2009, 0:00 - sem comentários aindaContinuando com o relato do Festival de Cultura Livre do fisl10.
Desconferência
Este ano organizamos uma desconferência dentro do FISL, reservamos um espaço para que discussões aflorassem num modelo diferente das clássicas palestras onde o palestrante fala e o público só participa nos últimos 10 minutos através de perguntas. Na desconferência o modelo de interação é muito mais horizontal, não há a figura do palestrante. A 1ª desconferência do FISL aconteceu nas manhãs do dia 24 e 24 de Junho, no auditório da Faculdade de Comunicação da PUC-RS.
A iniciativa de promover a desconferência foi prover um local capaz de agregar pessoas dos mais variados perfis técnicos, desenvolvedores, ativistas, estudantes, professores, etc; e desta forma possibilitar a troca de conhecimento. Todavia a participação do público nos dois dias de desconferência ficou muito aquém do desejado, e existem alguns motivos para isso.
Na desconferência, foram explorados dois temas, no primeiro dia éramos um grupos de mais ou menos 6 pessoas, conversamos sobre a pedagogia Libertadora do Software Livre, tema proposto por Wilkens Lenon S. de Andrade, paraibano estudante da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba e funcionário do Ministério Público do Estado da Paraíba. O tema foi do agrado dos presentes e a conversa rolou solta, discutimos sobre os aspectos pedágógicos, culturais e sócio-políticos propostos pela filosofia GNU, espcialmente no que diz respeito à socialização do conhecimento, ao desenvolvimento da cibercultura e suas riquezas humanas produzidas em rede. No papo, Wilkens invocou a pedagogia de Paulo Freire e fez um paralelo com a filosofia por trás do movimento software livre.
No segundo dia de desconferência a participação foi ainda menor, 3 pessoas. A temática da conversa foi sobre sistemas de agregação de conteúdo na web em tempo real, como o SocialCamp, LiveStream?, Twittercamp, etc...
Recebemos muitos elogios sobre a iniciativa da desconferência e alguns participantes se ofereceram para ajudar na organização do espaço no próximo FISL.
O principal dos motivos que podem justificar a baixa participação na desconferência é o desconhecimento sobre o que é este tipo de evento. São comuns no exterior (EUA,Europa), eventos nos moldes de desconferência, e aqui no Brasil os Barcamps são um exemplo já relativamente popular em algumas capitais.
Nos Barcamps (modelo de desconferência) nacionais podemos encontrar, principalmente (peço licença pra generalizar), blogueiro(a)s, jornalistas, web-designers e ativistas de movimentos 'ciber-sociais', ou seja, o entendimento do propósito de uma desconferência é ainda difundido em redes restritas, estritamente virtuais. Tiro a conclusão de que grande parte do público do FISL não sabe o que é uma desconferência, e poucos se motivaram a ir conhecer a proposta do espaço.
Para a desconferência do próximo FISL, vamos investir numa maior divulgação do conceito do espaço, e assim atrair um público maior. Acho fundamental criar uma lista de discussão para colocar o povo em contato e criar uma organização compartilhada, permitindo a ajuda de voltuntários remotos. No próximo evento podemos também viabilizar a interação entre participantes presentes e virtuais, usando recursos de transmissão de vídeo via TV Software Livre, canal de batepapo IRC e cobertura por redes de micro-blogging.
Encontro da Rede de Pontos de Cultura
Na manhã do dia 27 de Junho, último dia de FISL, aconteceu o Encontro Comunitário da Rede de Pontos de Cultura. Entre os presentes estavam pontos de cultura de várias regiões do Brasil, o Pontão FOCU (TV OVO), Pontão Minuano, Pontão Ganesha, Pontão Kuai Tema (Soylocoporti), Ponto quilombo do Sopapo, Fundação Cultura de Curitiba, Pontão Diplô na rede, dentre outros.
Vários pontos de cultura da região Sul puderam comparecer ao FISL e, especialmente, a esse encontro, por causa do apoio dado pela Associação Software Livre e Pontão de Cultura Digital Minuano, estes pontos tiveram inscrições gratuitas no FISL10.
O encontro foi bastante interessante, sendo organizado no sistema de desconferência. Os presentes construíram uma pauta de 10 itens, mas no final das contas, na maior parte do tempo se discutiu o fortalecimento da rede de comunicação entre Pontos de Cultura. Foram citadas várias iniciativas de criações de redes sociais online para interação entre os pontos de cultura, como o Fórum da Cultura Digital Brasileira e o Diplo na Rede. Os membros dos pontos de cultura falaram das dificuldades na publicação de fotos, músicas e vídeos que documentam sua produção cultural. Foi debatida a diferença entre as redes sociais de divulgação cultural e as redes de debate político. Chegamos ao consenso da necessidade de criar um sistema que permita a agregação (feeds rss/xml) do conteúdo (texto,vídeos,fotos,músicas) dos sítios dos pontos, de forma que forme uma vitrine nacional (e regional) da produção cultural dos pontos de cultura.
No fim do nosso encontro que durou 2 horas, o pessoal ainda queria continuar a discussão, então migramos todos para o estande da cultura livre, onde o papo continuou. O estande da Cultura Livre foi criado pela Associação Software Livre para servir de ponto de encontro e espaço de atividades relacionadas a cultura.
Aguardem os próximos relatos sobre as outras atividades do Festival de Cultura Livre do fisl10.
Relato do Festival de Cultura Livre do fisl10 - Parte 1
6 de Julho de 2009, 0:00 - sem comentários aindaO Festival de Cultura Livre do fisl10 foi um sucesso! Esse ano, nós do GT-Cultura organizamos uma programação inovadora no fisl10, estendemos a programação para a noite, com eventos externos em diferentes locais de Porto Alegre.
Os atividades descentralizadas do Festival deram um outro aspecto ao FISL10, foi muito agradável sair um pouco do ambiente hermético do centro de eventos da PUC-RS e levar o público do evento para discutir e apreciar a cultura livre no ambiente descontraído e informal de um bar.
Na quarta-feira 24 de Junho, em pleno inverno de Poa aconteceu a Festa Junina Nerd, no Ponto de Cultura Odomodê Afro Sul. O público dançou forró e tomou o quentão delicioso preparado por Dona Iara. Meus amigos nordestinos estavam lá animando o salão e, eu matei a saudade dos festejos desta época. Azar deram os nerds forrozeiros que não foram na festa e permitiram que algumas gurias ficassem sem parceiro pra dançar. #nerdfail1!
Fotos da Festa Junina Nerd
Na quinta-feira tivemos o debate no Bar Ocidente sobre cultura livre, propriedade intelectual, compartilhamento na rede e temas relacionados com Peter Sunde, co-fundador do portal de torrents The Pirate Bay, Elizabeth da Free Cultura-NY e Marcelo Branco coordenador da Associação Software Livre.
O debate fluiu num clima muito bom, o espaço OX do Ocidente se mostrou um local adequado para o formato da atividade, o combo de debate + cerveja agradou o público. Os debatedores estavam animados, Peter Sunde, principal atração da noite, tem um bom sendo se humor, o público riu muito de suas tiradas. Peter falou de sua posição política anti-copyright que, segundo ele mesmo diz, o torna mais radical que o movimento software livre. Para ele a invasão do copyright alheio é válida, qualquer licença, mesmo que seja a GPL, deveria ser violada.
Eu achei essa posição do Peter Sunde bastante anárquica, mas ao mesmo tempo inserida numa economia de mercado capitalista, o que de certa forma invoca idéias do anarco-capitalismo.
Elizabeth falou da organização estudantil Free Culture, de como nos EUA o debate da cultura digital está se expandindo da sociedade. Me pareceu que a visão de cultura livre americana é mais light que a brasileira, como se lá eles tentassem criar uma adaptação, uma forma de encaixar as idéias de free culture no espaço que cabe dentro da sociedade americana atual. E aqui no Brasil o movimento [des]]organizado (caótico?) em defesa de uma cultura livre estivesse enxergando mais fundo e percebendo que devemos pressionar mais, cobrar uma posição clara do poder público sobre a causa, e defender 'ativistamente' a sociedade de tentativas de controle como o Projeto de Lei do Azeredo.
Marcelo Branco explorou o tópico da defesa da liberdade na rede mundial de computadores, posicionando-se contra o vigilantismo disfarçado de lei contra a pedofilia.
Participou também do debate o criador do Tor Project, que possibilita o anonimato virtual, Jacob Appelbaum. Jacob explicou como o Tor tornará inefetiva qualquer tentativa de controle da rede, permitindo a navegação sem deixar rastros. Ele defendeu que o projeto Tor não incentiva a pedofilia virtual, mas sim força que a polícia tome medidas mais inteligentes e efetivas para evitar esses crimes.
[corta]]O Jacob, em outro momento no fisl, me deu uns adesivos do projeto Tor e me pediu que entregasse para o presidente Lula. Hehehe, não sabia ele que eu só veria o presidente de longe.[/corta]]
O Bar Ocidente estava fervilhando, vale lembrar que a maior parte do debate foi em inglês, e que a Elizabeth ensaiou timidamente algumas frases em português.
Fotos do debate no Ocidente
Nós da organização percebemos uma boa aceitação do público nestes eventos noturnos, os encontros descentralizados do Festival de Cultura livre aproximam ainda mais a o software livre da cultura.
Nos próximos relatos vou fazer apontamentos sobre a desconferência, as intervenções culturais dentro do fisl e as oficinas e debates feitos na PUC. Mais fotos do Festival de Cultura Livre pode ser acessadas aqui no meu álbum do flickr, ou no síto da Agência Fisl, canal independente criado para cobertura do fisl10.