Autor: Cláudio Alfonso.
Mapeamento colaborativo e realidade aumentada geolocalizada são dois tipos de tecnologias que se complementam para criar poderosas ferramentas de sinalização virtual de determinado local seja por parte da população que mora/circula por aquele espaço ou por parte de governos e organizações, democratizando o acesso as informações socialmente relevantes.
O controle do espaço geográfico sempre foi muito importante, fundamental ao longo da história da humanidade, controlar, saber onde ficam as fontes de água, os melhores locais de caça, etc, foi e é fundamental para os grupos humanos, existem registros de mapas muito antes da invenção da própria escrita. Com a sucessão dos modos de produção, a criação de mapas cada vez mais precisos se tornou complexa, cara e estratégica, demandando conhecimentos específicos e ficando restrita a governos e grandes empresas.
Com o advento da internet sugiram diversas iniciativas online proprietárias e livres para a criação de mapas, permitindo democratizar o acesso às informações sobre o espaço geográfico local, nacional e mundial, muito mais do que nas épocas anteriores. As ferramentas mais difundidas atualmente nesse sentido são o Google Maps, ferramenta comercial e bastante flexível e o Open Street Maps (OSM) plataforma de criação de mapas, livre e colaborativa muito poderosa. Graças a ferramentas como essas surgiram diversos projetos nacionais e internacionais para a criação simplificada e colaborativa de mapas através de sites onde os usuários podem geolocalizar informações sobre diversos temas como cultura, segurança, saúde, educação, etc, criando camadas de informações relevantes para o seu contexto social e político.
A tecnologia de Realidade Aumentada (RA) existe desde a década de 60 sendo usada em aplicações militares, trata-se da sobreposição de informações virtuais provenientes de bancos de dados em uma imagem que esta sendo acessada em tempo real. Esse tipo de tecnologia funde o mundo real ao mundo virtual dotando seus usuários de uma visão aumentada, ampliada sobre o objeto observado. Seu uso civil é muito recente tendo alcançado bastante destaque com o lançamento do Google Glass e outros dispositivos similares, atualmente é uma das principais tendências tecnológicas segundo matéria da Revista Época Negócios (http://epocanegocios.globo.com/Caminhos-para-o-futuro/Desenvolvimento/noticia/2015/04/principais-tendencias-para-internet-ate-2025.html)
A RA pode estar baseada em reconhecimento de imagens, QR Code ou fotos, sobre as quais se sobrepõe conteúdos virtuais ou baseada em latitude e longitude, que sobrepõe os dados eletrônicos sobre um determinado local, este último caso, trata-se da realidade aumentada geolocalizada.
A grande difusão da internet móvel, fundamentalmente a rede 3G (apesar de suas deficiências), e dos dispositivos eletrônicos móveis (celulares, tablets, smartwatches, etc) com capacidades cada vez maiores de sensores e processamento permitiram uma rápida expansão de ambas as tecnologias (mapas e realidade aumentada), principalmente através de aplicativos voltados para mobilidade urbana.
As capacidades das tecnologias móveis tem sido usadas, ainda que embrionariamente, para o desenvolvimento de aplicativos de mapeamento colaborativo e de realidade aumentada geolocalizada integrados, permitindo a criação de mapas com sinalizações virtuais sobre a realidade com conteúdos de interesse social de grupos e/ou comunidade locais.
Usando estes conceitos e tecnologias o Lablivre, Laboratório de tecnologias livres (lablivre.org) ligado ao projeto UFPA 2.0 (ufpadoispontozero.wordpress.com) desenvolveu uma plataforma livre chamada MapeAR dedicada a criação de mapas virtuais usando os sensores e capacidades dos dispositivos móveis para marcar e compartilhar informações socialmente relevantes. Esta plataforma foi desenvolvida integrando os recursos do CMS Joomla (joomla.org) e do aplicativo Mixare (mixare.org) ambos também programas livres. Com o MapeAR já foram desenvolvidos o sistema de Mapas e realidade aumentada para a sinalização do campus da Universidade Federal do Pará – UFPA (lablivre.org/ufpa), elixo (lablivre.org/elixo) para combater ao lixo eletrônico.
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