Acabo de ficar sabendo que o filósofo argentino Enrique Dussel estará no Brasil, nos próximos dias 16 e 19 de agosto para proferir Aula Magna no I Seminário Internacional de Educação em Direitos Humanos. O evento é promovido e realizado pela Universidade Metodista de São Paulo, por meio do Núcleo de Educação em Direito Humanos.
E isso me fez lembrar de um debate ocorrido em São Paulo, com uma amiga economista formada pela Católica de Santos (UNISANTOS), acerca da proposta de Universidade Popular do Movimentos Sociais. A época discutiamos o modelo do MST e a experiência do Curso de Direito para Assentados da Reforma Agrária da Universidade Federal de Góias - UFG, no Campus de Cidade de Góias.
Enrique Dussel I Seminário Internacional de Educação em Direitos Humanos
Entre os dias 16 e 19 de agosto, ocorrerá, na Universidade Metodista de São Paulo, o I Seminário Internacional de Educação em Direitos Humanos. São Bernardo de Campo, que há quatro anos realizou o III Encontro Regional sobre a Filosofia da Libertação de Enrique Dussel, assistirá a uma série de conferências sobre direitos humanos na América Latina, organizadas pelo Núcleo de Educação em Direitos Humanos - NEDH, com a presença do importante filósofo que, dentre outros compromissos, realizará uma aula magna como participação no ciclo de conferências Hugo Assmann.A presença do teórico argentino, exilado há mais de trinta anos no México (devido a um atentado a bomba em sua casa, na cidade argentina de Mendoza), é de extrema relevância para o desenvolvimento de um pensamento crítico e descolonial no continente latino-americano. No Brasil, sua recepção ocorreu mais intensamente desde a perspectiva teológica, por ser um dos expoentes da teologia da libertação. No entanto, sua contribuição não se resume a esta faceta, já que, filósofo de formação que é, Dussel comprometeu-se com a construção de uma filosofia da libertação, com um ponto de partida geopolítico muito claro - a América Latina e toda periferia do sistema-mundo capitalista. Do ponto de vista filosófico, Dussel percorreu um peculiar trajeto, indo da ontologia hermenêutica de Heidegger e Ricouer, passando pela metafísica da alteridade de Lévinas e chegando aos postulados do marxismo. Assim, Dussel é dos principais concretizadores de um marxismo latino-americano, no sentido de sua contínua reinvenção desde um local de fala periférico. A partir daí, dedicou-se a realizar os chamados debates norte-sul, em que foi protagonista ao lado de Karl Apel. Sua caminhada filosófica pode ser, ainda, caracterizada pela construção da arquitetônica de uma ética da libertação e sua posterior aplicação na filosofia política, a que vem ele chamando, como não poderia deixar de ser, de política da libertação, tendo nodal influência a experiência histórica da revolução de Chiapas, na selva mexicana.A presença, portanto, de sua figura no Brasil - após as III Jornadas Bolivarianas do IELA/UFSC, em 2006, do 5º Colóquio Internacional Marx-Engels do CEMARX/UNICAMP, em 2007, dentre outros eventos - é de grande relevo, na exata medida em que representa a criatividade da crítica latino-americana, uma busca de superação do eurocentrismo das teorias sociais em nossa América e uma tentativa de diálogo com a crítica tupiniquim - diálogo sem o qual não tornaremos possível a Pátria Grande.Conferir:- notícia na página Adital: Seminário Internacional tem como tema educação e religião na América Latina- Cadernos das Américas Latinas (recente publicação sobre Dussel, em francês)
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