Estado contra Professores: uma questão de falta de amor
1 de Maio de 2015, 18:09 - sem comentários aindaVocê deve ter achado estranho ler o título deste post. Resumir uma questão tão complexa a uma resposta tão simples parece piada. Realmente, mas até o fim desse texto espero que você no mínimo entenda e até compartilhe de tal raciocínio. Eu tenho um amigo que é professor grevista (se estiver lendo, espero que não se incomode de ser usado como exemplo, rs). E é claro, como todo amigo, você ama. Dependendo, você deve estar risonho agora, pensando “esse cara é viado”. Mas se você me permitir uma ofensa, você está rindo de ignorante. Em muitos casos rimos das coisas porque não conhecemos profundamente aquilo que estamos falando. Talvez caiba um esclarecimento, tímido porque não sou um grande pensador e a questão é complexa, sobre o amor.
Amor é sentimento. Você sente e pronto, não tem controle. Vários pensadores já tentaram teorizar o amor e chegaram a conclusões muito interessantes. Vou lembrar de algumas aqui. Platão definia amor como desejo (eros), e desejo como falta. Logo para ele você ama o que não tem, e quando tem, sem motivo para desejar, não ama mais. Não é desse amor que estou falando, deixamos isso para a Apple vender iPhones. Aristóteles tem uma visão que se encaixa mais, amor como filia, alegria da presença daquilo que te faz feliz, como ter um amigo ou o iPhone 3GS. Você curte aquilo que já tem. E para Jesus, ágape, amor incondicional que vai além daqueles que conhecemos. Lembro da eterna frase repetida nas missas, que acompanhava arrastado pela minha mãe: “[…]Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei[…]” (João 13,34-35). Poderia citar Kant, mas seu sorriso já deve ter ido embora neste ponto.
Bom agora, retornemos a disputa entre Estado e Professores. A questão é justamente essa, se nossos governadores, secretários e deputados estaduais amassem estes professores, pensariam bem melhor e talvez nem se quer teríamos tido greve, muito menos violência. Me tomando como exemplo, se fosse eu deputado estadual, pensaria muito mais em minha decisão porque tenho uma pessoa que amo no meio destes. Quando se ama, fica muito mais complicado tomar uma decisão, é claro, e toma-se mais tempo para se decidir. Esse tempo extra adicionado por esta variável do sentimento, poderia nos levar a decisões muito mais acertadas (ou menos problemáticas).
Isso porque não quero fazer mal as pessoas que amo. Porque se eu votasse em favor das atuais propostas do Estado, me sentiria mal de apresentar-me novamente em frente ao meu amigo. Este é o outro lado do amor: a vergonha na cara. Sim, se eu fisese tamanha canalhice com meu amigo, teria vergonha de mim mesmo, por o ter desapontado, uma vez que ele confia em mim e eu tenha falhado tragicamente com ele. Como você, quando pequeno, chuta a bola no vaso de flor que sua mãe mais gosta e fica com vergonha quando ela descobre. Vergonha na cara.
Mas então você chega no pulo do gato: Jeison, eu não tenho como amar todas as pessoas, por que, como você mesmo o disse, não há como se controlar o amor, decidir amar alguém. Muito bem, você pegou o espirito da coisa! Eu não tenho como amar todos os Professores, de fato, mas posso simular. Agora você ficar mais estupefato. Sim, lembra do que Jesus disse? Ele de fato não estava pedindo que você amasse todo mundo, mas que agisse de tal forma. E neste ponto é que chegamos na moral, em uma definição kantiana enxuta: aja de tal forma como se amasse o outro. Pense de tal forma que você estivesse mesmo no lugar da outra pessoa. Ou pense que a outra pessoa fosse alguém que você amasse de fato. E desta forma você terá condições de tomar decisões muito mais conscientes e por que não dizer, amorosas.
Foto: DANIEL CASTELLANO/AGÊNCIA DE NOTÍCIAS GAZETA DO POVO/ESTADÃO CONTEÚDO
Minha crise com o Software Livre
1 de Abril de 2015, 1:32 - sem comentários aindaCrise com a liberdade, ao final de contas é disso que o Software Livre é filho. Cada dia me deparo com mais lucidez é que talvez não esteja assumindo ele completamente. Digo isso porque talvez não esteja assumindo completamente a minha própria liberdade. A Liberdade é a nossa escravidão, como dizia o velho Sartre. Não há como fugir dela, tudo na vida é escolha. Entre sim e não, a abstenção é escolha também. Escolher é a essência humana e acreditar na possibilidade de poder não escolher é ingenuidade.
Hoje Kant me ensinou que a minha liberdade reside na contra mão dos meus desejos, algo que disparou o gatilho para este texto. Quando a ação é fruto do desejo, esta não precisa de nenhuma reflexão, não há valor moral numa decisão tomada por afeto. Se você tiver que arriscar sua vida por alguém que ama, fará porque o sente fazer. Quando não há nenhum desejo, salvar alguém se torna uma decisão pensada, fruto da razão.
Você pode se perguntar: o que isso tem a ver com Software Livre? A resposta é clara: assumir Software livre é justamente tomar decisões que vão contra o desejo. Quem não desejaria usar o computador sem ter que se preocupar com essa tal de liberdade? Porque num mundo onde o Microsoft Word impera, torna-se muito desconfortável utilizar o LibreOffice, seira muito mais prazeroso usar o software onde o .docx não dá pau.
Confidentemente, Software Livre é dor. Se você imaginasse as voltas que tenho que dar para me relacionar com o mundo proprietário, talvez achasse loucura ou risse da minha cara. Claro que o riso, dentre muitos sinais, poder ser da ignorância (sim, soa um pouco prepotente). Faço o que faço porque penso. Penso e concluo que para mim o bem supremo de uma vida não é o prazer. Se assim o fosse, raciocínio seria dispensável, pois os animais conseguem obter prazer por instinto, então instinto nos bastaria (vide Kant e Rousseau). Logo, se fico na contramão do meu instinto é porque a liberdade para mim é bem maior.
Mas assim mesmo titubeio. Tenho drivers da Nvidia no desejo de jogar Batman Arkham Knight no Archlinux. Só neste exemplo, temos: proprietário, proprietário, misto. Ah, é claro que tenho Windows para outros jogos não GNU/Linux. Nem vou adentrar em serviços online, pois a coisa iria se estender demais. Chegamos ao clímax da explicação da minha crise. Estaria eu correto em afirmar que defendo a minha liberdade diante de tantas exceções que abro em relação a ela? Deveria eu abster-me de todos os prazeres e comodidades do Software Proprietário em função da minha liberdade? Se entendo minha liberdade como o bem supremo, não seria incorreto deixar de obter a sua plenitude?
Como tudo na vida o que não faltam são perguntas.
Participe do Você Fiscal e ajude a fiscalizar a nossa urna eletrônica
3 de Outubro de 2014, 21:06 - sem comentários aindaNão sei se você está sabendo do movimento Você Fiscal? Então, é uma ideia o professor de Criptografia e Segurança Computacional da Unicamp, Diego Aranha, cuja suas entrevistas vem ficando em destaque nos últimos meses.
Desde 2012, quando ele participou de uma auditoria lançada pelo TSE, a urna foi comprovada insegura. São várias falhas fundamentais, tão básicas como o fato de haver apenas uma chave criptográfica que dá acesso a todas as urnas no Brasil. Detalhe, a chave está dentro da urna.
Desde então, Aranha mobilizou uma ação que através do registro dos Boletins de Urna, emitidos às 17h deste domingo para cada urna, pretende auditar a contagem do sistema oficial. Esse registro pode ser feito por você através do seu celular, baixando o app Android que foi desenvolvido. Não tem Android? Não tem problema, você pode fotografar e enviar pelo site.
Vamos lá, exercer nossa cidadania a duplamente neste domingo!
Adote uma Zona e faça ela ficar decente
Entrevista no The Noite
Vote no Plebiscito Popular pela Reforma Política
3 de Setembro de 2014, 1:56 - sem comentários aindaPara quem ainda não está ligado, começou ontem o ato de um movimento popular muito importante, o Plebiscito Popular para a Reforma Política, que segue até 7 de setembro, o não menos importante Dia da Independência.
Cada urna de votação contém esta pergunta: “Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político?“. Muita gente achou demasiadamente rebuscada a pergunta, mas podemos traduzir assim:
- CONSTITUINTE é uma assembleia na qual as discussões e decisões resultam em uma nova constituição. A última foi em 1988;
- EXCLUSIVA porque a proposta é que os membros sejam eleitos exclusivamente para isso e que após a conclusão dos trabalhos, voltem a serem membros da comunidade geral;
- SOBERANA porque o que for decidido nela não necessitará aprovação de Congresso, Senado ou da Presidência.
Trocando em miúdos, é uma forma clara de mostrar a sua insatisfação com o modelo do Sistema Político do Brasil, representado aqui por uma nova constituição para solucionar diretamente este problema. Apesar de não ser um plebiscito proposto pelo Governo, ele pode acabar tendo efeito decisivo para uma mudança na política.
Na Unesc há 20 urnas espalhadas pelo campus, organizada pelo DCE e Reitoria, conforme o mapa aqui. Mas como estamos na web, você também pode votar SIM pelo site www.plebiscitoconstituinte.org.br. Aqui você também vai encontrar informações e outros materiais sobre o plebiscito.
Radar Parlamentar
19 de Agosto de 2014, 22:00 - sem comentários aindaAcesse o site: radarparlamentar.polignu.org
Lembrei hoje, numa ocasião e época oportunas, desse projeto da PoliGNU que tenho conhecimento a algum tempo. O Radar Parlamentar utiliza os dados das votações da Câmara de Deputados e do Senado para criar um gráfico que mostra a similaridade entre as votações dos partidos em plenário. Quanto mais próximos, mais semelhante foram as votações entre dois partidos.
O código da aplicação e documentação do método matemático utilizado podem ser baixados no GitHub. Estes dados são fomentados pela Lei de Acesso a Informações Públicas.