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Características dos Líderes ”Open Source”

23 de Outubro de 2007, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Para alcançar o sucesso, um projeto Software Livre (ou Open Source), requer basicamente uma liderança natural confiável e uma organização coerente com a natureza do processo de desenvolvimento.

Na maioria dos casos, apesar de ser um programador que começa tentando resolver um problema particular através da implementação de um software, o líder Open Source ao longo do tempo programa cada vez menos. Entre suas principais atribuições de liderança podemos destacar: dar uma visão ao projeto; assegurar-se que o projeto esteja dividido em pedaços pequenos e bem definidos (módulos), os quais um indivíduo poderá responsabilizar-se em implementar sem interferir nas outras tarefas do projeto; atrair mais programadores e, por último, mas não menos importante, manter o projeto unido, ou seja, prevenir que seja abandonado ou que aconteça um “fork” (ramificação do projeto que acaba originando um novo projeto derivado com características e funcionalidades de sistema similares àquele original, que usa geralmente como base os códigos fonte já existentes, mas com uma nova liderança).

O líder, ao começar seu projeto, deve estar apto a apresentar uma quantidade suficiente de código que permita uma reação por parte da comunidade onde está inserido. A solução inicial não precisa estar funcionando corretamente e pode conter diversos erros. O que é preciso é convencer de que o seu programa tem potencial para fazer bem aquilo que se propõe a fazer. Também é importante que o programador líder não realize a maior parte do trabalho inicial sozinho, e que deixe tarefas desafiadoras para que outros programadores as realizem. Podemos dizer que é relativamente mais fácil atrair os colaboradores ao início do projeto porque, caso haja sucesso, surgirão novos interessados e usuários, e as colaborações dadas ao início do projeto serão mais visíveis e valorizadas dentro da comunidade. A verdade é que um projeto Open Source necessita de um desafio constante, caso contrário não haverão interessados em participar de um projeto cuja liderança seja passiva diante dos obstáculos que se apresentam.

Outro aspecto determinante no sucesso de um projeto Open Source parece ser a natureza de sua liderança. As estruturas de governança variam muito de projeto a projeto. Em diversos casos, como no desenvolvimento do Linux por exemplo, existe apenas uma liderança, sem disputa. Ao mesmo tempo em que algumas tomadas de decisão são delegados a outras pessoas, uma forte centralização da autoridade caracteriza este tipo de projeto. Enquanto o líder estiver tomando as decisões corretas, contentando e valorizando o trabalho geral da equipe, continuará a receber o apoio incondicional de seus seguidores. Existem outros casos, como o desenvolvimento do Apache Web Server, onde existe um comitê que resolve as disputas internas através de votos ou consenso geral.

Apesar das diferenças nos tipos de governança, os líderes de projetos livres têm diversas características em comum. A maioria deles são programadores que iniciaram escrevendo o código inicial do sistema, ou realizaram alguma importante contribuição no início do projeto e, mesmo não fazendo mais colaborações a nível de código e tendo agora tarefas mais amplas de gerenciamento, consideram aquela experiência inicial como fundamental para dar-lhes a credibilidade necessária para liderar o projeto.

Mas o que uma liderança de um projeto Open Source realmente faz? Através de uma primeira análise podemos dizer que a natureza quase anárquica de evolução destes modelos deixam pouco espaço para a existência de uma liderança. Essa análise, entretanto, é equivocada. Em primeiro lugar, como já descrito, o líder define a visão do projeto. Se o líder é respeitado pelos colaboradores e se a sua visão é convincente, as expectativas de sucesso são positivas. Em segundo lugar, mesmo que os participantes sejam livres para levar o projeto pelos caminhos que quiserem (pois todos possuem o código fonte), a aceitação ou rejeição de modificações ou adições no sistema por parte do líder do projeto provê uma certa forma de certificação de qualidade do produto final, mantendo a integração e compatibilidade com o resto do projeto.

Acima de tudo, os programadores devem acreditar na sua liderança. Devem acreditar que os objetivos propostos pelo líder são convergentes com os seus, e que não estejam contaminados nem influenciados por opiniões e decisões políticas, comerciais ou que promovam o “ego” do líder. A confiança na liderança é também a chave para prevenção de um fork do projeto. A presença de um líder carismático reduz a probabilidade de divisão do projeto em ao menos duas maneiras: os colaboradores indecisos ficam mais propensos a seguir as alternativas do líder, e a facção dissidente pode não ter um líder natural com o mesmo nível de carisma do original, desencorajando adesões ao fork.

Por fim, uma boa liderança deve claramente comunicar os objetivos e procedimentos de avaliação do projeto. De fato organizações Open Source optam por fazer a natureza de seu processo de tomada de decisão o mais transparente possível: o processo pelo qual um comitê avalia novas propostas de soluções é freqüentemente enviado à uma lista de correio eletrônico e todas mensagens são arquivadas.

Como em empresas tradicionais, percebe-se que muito da probabilidade de sucesso ou fracasso de uma iniciativa no mundo livre depende da postura tomada pelas pessoas que estão à frente do processo. Atitude.


Fonte: http://webyes.com.br/2007/10/23/caracteristicas-dos-lideres-open-source/

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