Com grande atividade agricultora, a pequena Vila Valério (ES), cuja receita está baseada nesse setor da economia, quer se tornar uma referência em Cidade Digital. No município capixaba, com 471,3 quilômetros quadrados e 13.865 habitantes, os moradores começam a contar com internet em suas residências. Trata-se do projeto Vila Valério 100% Digital, que, pelos planos da administração municipal, beneficiará os moradores das zonas rural e urbana e o poder público.
O trabalho de implementação, que começou a ser executado em fevereiro de 2010, foi concluído em junho , e o sinal já começa a chegar às comunidades. Para isso, foram instaladas 18 torres repetidoras de sinal, das quais seis formam o anel principal da rede, proporcionando redundância ao sistema.
A expectativa é que a rede alcance os locais mais remotos do município. “O projeto tem como objetivo levar a inclusão digital a todos os cidadãos do município, seja através da internet ou mesmo pelo sistema VoIP”, comenta Estevão Henrique Holz, diretor da E&L Produções de Software, empresa que implantou o Vila Valério 100% Digital.
Benefícios para a zona rural
Segundo Elenir Guimarães, consultor técnico da ME Projetos, que participou da elaboração do projeto e da fiscalização na execução da obra, mais de 75% da população de Vila Valério está situada em áreas rurais. E para atender essa grande parcela de munícipes, outros investimentos serão efetuados.
“Alguns dos moradores zona rural estão em áreas de sombra [onde há dificuldade para chegar o sinal] e dependerão da instalação de antenas adequadas”, explica.
Com a chegada do Vila Valério 100% Digital à zona rural, os produtores contarão com diversos recursos para comunicação. Para Holz, essa é uma das principais vantagens do projeto. “Como o município é um grande produtor de café, coco, pimenta, entre outros, os produtores terão condições de diversificar as formas de contato com os compradores, seja por telefone (VoIP), e-mail e videoconferência”, afirma.
“O projeto oferece a possibilidade de o produtor fazer cotações de preços sem ter que se deslocar da área produtiva”, acrescenta Guimarães.
Holz acredita que o acesso dos munícipes à internet será responsável por uma transformação do ensino e uma melhora substancial no nível de conhecimento da população.
“Os estudantes da zona rural terão acesso à informação de maneira fácil, o que em muitos casos era impossível sem a concretização do projeto”, diz. “É muito gratificante poder presenciar crianças se interessando pela informática e tornar possível que elas tenham acesso fácil à informação. Paralelamente, as pessoas com mais de 60 anos procuram informação sobre como se faz para acessá-la", comenta.
Economia e modernização da máquina pública
Para ter acesso à internet gratuita em suas casas, os moradores de Vila Valério devem efetuar um cadastro na prefeitura. Durante esse processo, serão verificadas pendências com o município e também a situação escolar dos menores da família.
“A população em geral, que não tinha condições de pagar uma mensalidade para acesso à internet, terá apenas que investir em equipamento específico, que é de propriedade do cidadão, e fazer um cadastro junto à prefeitura”, explica Holz.
Guimarães faz as contas da economia que o projeto proporcionará à população. “Imagine uma cidade onde 500 assinantes de telefonia fixa pagam de assinatura básica R$ 42 por mês. Se estes 500 assinantes migrarem para o VoIP, a economia imediata será de R$ 21.000 por mês, ou seja, R$ 252.000 ao ano”, calcula. “Este recurso economizado vai mover o comércio interno, gerando receita dentro do próprio município”, acrescenta.
Além dos benefícios da inclusão digital para os moradores, a infraestrutura possibilitará ainda mais para o município. “O poder público modernizará a gestão, com a implantação de diversos sistemas para a agilização dos processos nas áreas administrativa, de segurança pública, educação, saúde, etc”, afirma.
“Será possível interligar as secretarias; otimizar o uso das ambulâncias; controlar o plantio e as áreas produtivas; promover o ensino a distância e implantar sistemas de vídeo para monitoramento em áreas de risco e escolas”, exemplifica Guimarães.
Data: 29 de julho de 2010
Autor: Gabriela Bittencourt
* fonte: Guia das Cidades Digitais
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