“Tava dormindo
Angoma me chamou
Disse levanta povo
Cativeiro se acabou.”
Jongo no Sudeste, bem imaterial registrado
O jongo, também chamado caxambu, tambu e batuque, é uma forma de expressão tocada, cantada e dançada, marcada na percussão de tambores. Tem suas origens na cultura dos povos africanos, principalmente os de língua bantu, e é um elemento de identidade e resistência cultural de várias comunidades formadas a partir dos escravos que trabalhavam nas lavouras de café e cana-de-açúcar do sudeste brasileiro.
Coube ao Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular – CNFCP/Iphan realizar o inventário nacional de referências culturais dos grupos de jongo, que resultou no Registro do Jongo no Sudeste.
Mais de vinte grupos de jongos e caxambus dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo demandaram, ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan, o Registro de sua manifestação cultural. Em 2005, o Jongo no Sudeste foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil.
Encontro Capixaba de Jongos e Caxambus
A partir de 2008, os grupos de Jongos e Caxambus em atividade no Sul do ES vêm participando de ações de salvaguarda, através de encontros locais organizados com o apoio das prefeituras de Cachoeiro de Itapemirim, Itapemirim, Presidente Kennedy e Alegre.
O Encontro Capixaba de Jongos e Caxambus, que aconte nesse ano nos dias 3 e 4 de outubro na Vargem Grande, em Cachoeiro de Itapemirim, ES, é organizado em articulação com o Iphan, o Ministério da Cultura, o Pontão de Cultura do Jongo/Caxambu, a Secult, as prefeituras municipais, a Comissão Espírito-Santense de Folclore e as associações de folclore do ES. A expectativa dos grupos, assim como a das instituições envolvidas, é a construção conjunta de um programa de inclusão nas políticas públicas do patrimônio cultural, a partir de momentos de convivência, troca de experiências, discussão e proposição.
Além dos grupos de jongos e caxambus do ES e dos representantes dos órgãos públicos e entidades, participam do Encontro as lideranças das comunidades reunidas no Pontão de Cultura do Jongo/Caxambu, a saber: Angra dos Reis/RJ, Arrozal (Piraí)/RJ, Barra do Piraí/RJ, Campinas/SP, Carangola/MG, Guaratinguetá/SP, Miracema/RJ, Pinheiral/RJ, Piquete/SP, Porciúncula/RJ, Serrinha/RJ, Santo Antônio de Pádua/RJ, São José dos Campos/SP, São Mateus/ES, Quilombo São José da Serra (Valença)/RJ, Vassouras/RJ.
O Pontão do Jongo/Caxambu reúne hoje dezoito grupos. É desenvolvido em parceria entre a Universidade Federal Fluminense, o Iphan e comunidades jongueiras, e suas atividades estão concentradas em três eixos de ação: articulação, capacitação/qualificação e difusão/divulgação. Para jongueiros (as), o Pontão é um ponto de encontro. Foi criado para manter a cultura viva. É uma conquista dos afro-descendentes, para manter suas raízes e sua cultura É um programa desenvolvido para o reconhecimento das comunidades.
A superintendência do Iphan no ES buscou ampliar a participação do Espírito Santo no programa de salvaguarda do Jongo no Sudeste, identificando e reconhecendo os grupos existentes no Sul do estado, juntamente com as prefeituras, e os do Norte, com o Inventário das Referências Culturais das Comunidades Quilombolas do Sapê do Norte – municípios de São Mateus e Conceição da Barra –, realizado através do Instituto Elimu. A realização dos inventários se apóia na participação dos grupos enquanto sujeitos da pesquisa, num processo de conhecimento e auto-conhecimento a partir do resgate da memória, da percepção e da reflexão sobre a inserção das comunidades em seus contextos históricos regionais, visando à sua valorização e à construção de sua participação cidadã, ampliada através de programas culturais e educacionais.
Fonte: www.pontaojongo.uff.br
Encontro Capixaba de Jongos e Caxambus - ES
2 de Outubro de 2009, 0:00 - sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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