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27 de Maio de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

Algumas dicas sobre Software Livre que vivenciei nos últimos tempos...


Serviços livres para quem não quer ser mais um cativo

17 de Fevereiro de 2014, 12:43, por Adriano Araújo Duarte

Recentemente começou uma discussão acalorada no Br-Linux.org sobre o movimento de Software Livre no Brasil e a chamada "Geração Ubuntu". Apesar do posicionamento radical e o ataque frontal à Canonical, desenvolvedora da popular distribuição GNU/Linux, algumas colocações são pertinentes e me fizeram pensar - e pesquisar - acerca de alternativas livres para os populares aplicativos Web controlados por megacorporações estadunidenses, como Google, MSN e Skype.

A grande celeuma está focada nos aspectos de privacidade e de liberdade. De fato, após as ocorrências do caso Snowden, fartamente divulgadas pela mídia tradicional e amplificadas pelas declarações e ações, conclusas ou não, do governo Dilma, muitos usuários, especialmente aqueles ativistas mais ferrenhos da causa do Software Livre, começaram a atacar os provedores de serviços mais fortemente do que já faziam. A questão com a Canonical está ligada diretamente com o seu modelo de negócios, que se utiliza de ferramentas e aplicativos considerados proprietários e/ou que representam uma ameaça à privacidade de seus usuários, como pesquisas patrocinadas pela Amazon. Sobre as redes sociais, este pequeno artigo e seus comentários são bem interessantes.

Em uma parte do seu texto, base deste presente artigo, o autor e ativista Anahuac de Paula Gil faz a seguinte conclamação: "Deveríamos ter mais GNU e menos Linux, mais Zimbra e menos Gmail, mais Duckduckgo e menos Google, mais Diáspora e menos Facebook." Sinceramente, eu pouco sabia ou me lembrava desses serviços e resolvi pesquisar sobre o assunto, além de procurar serviços disponíveis gratuitamente que pudessem substituir aqueles que geralmente utilizo no meu dia a dia. 

Comecemos pelo webmail, de longe um dos serviços mais utilizados pelos usuários finais. Após muita procura, consegui encontrar o que queria: um webmail gratuito que pudesse substituir minhas contas do GMail e do Hotmail. O serviço chama-se OpenMailBox. Ao invés do Zimbra, utiliza Postfix, que também é Software Livre. Além disso, oferece bons serviços de filtro anti-spam (Spamassassin) e antivírus (Clamav). Oferece inicialmente 250 MB de espaço, mas que pode ir aumentando sob demanda. Outra solução que também só utiliza SL é o Mailoo. Sua vantagem é oferecer espaço de 1 GB, mas em compensação não possui filtro de vírus.

Serviço de Busca - tenho experimentado nos últimos dias o DuckDuckGo, que pode ser facilmente configurável em seu navegador - não testei ainda no Chrome(ium) mas, se é pra sair das garras do Google, é melhor usar algum outro navegador não-proprietário, como o Firefox ou o Arora - e posso dizer que ele não deve nada ao seu mega concorrente. Com uma vantagem: nada daquelas indicações chatas na lateral da pesquisa nem links patrocinados, o que já é uma bênção.

Vídeo Chat - muitos usuários são cativos do Skype, recentemente adquirido pela Microsoft. A importância do Skype para a Microsoft é tanta que ela simplesmente sepultou o antigo MSN Live e mesclou toda a plataforma de mensagens instantâneas e vídeo chat no Skype. O que poucos sabem é que esse serviço de mensagens, vídeo e telefonia está começando a receber competidores a altura e, o que é melhor, gratuitos. O primeiro a despontar nesse segmento é o Talky.io. Ele utiliza a tecnologia WebRTC (Web Real-Time Communication), desenvolvida pelo Google (que abriu o código do mesmo) e em vias de padronização pela IETF e pela W3C, para fazer do seu navegador web uma plataforma de comunicação completa. O Talky.io não exige assinatura nem cadastro. Basta dar nome a uma sala de conversação, repassar o endereço do link da sala criada para as pessoas que pretende contatar, autorizar o uso da câmera e começar a conversar! O serviço é suportado apenas nos navegadores Firefox e Chrome(ium).

Redes Sociais - essa é uma seara que se desenvolve cada vez mais. Embora o Facebook seja o mais conhecido, existem miríades de serviços espalhados pela Web, como o outrora soberano Orkut, o Google+, o MySpace, o LinkedIn e o Ning, além das redes de relacionamento tipo Badoo. A tendência desses serviços é se tornarem cada vez mais especializados, focados em um público distinto, fugindo do generalismo dos grandes servidores e seus consequentes inconvenientes, como aplicativos e joguinhos chatinhos que os amigos (da onça) adoram nos convidar a participar. Nesse segmento, o próprio Anahuac disponibiliza o Diaspora*Brazil, POD (servidor) do serviço em língua portuguesa. Na mesma linha do Diaspora* está também o Friendica. Ambos os serviços oferecem servidores descentralizados e mantidos por colaboradores, sem o envolvimento nenhuma grande corporação. Segundo comentários de usuários, o Friendica é mais maduro para o usuário final, permitindo compartilhamento com outras redes sociais (inclusive as "do mal") e também mais simples de instalar e manter para aquele que deseja criar um servidor de rede social só seu.

Microblog - quase todo mundo tem uma conta no Twitter para ficar por dentro das novidades - e besteiras - ditas por todo mundo. Mas também nesse ambiente existem alternativas abertas e livres. A mais importante delas é o identi.ca, que agora faz parte de uma plataforma maior chamada pump.io. Esta plataforma agrega rede social, microblogging e outros serviços, que ainda estão sendo desenvolvidos. Para usar o serviço, é preciso se registrar em um dos servidores federados que fazem parte da rede do pump.io. Um deles é o microca.st.

Blog - nesse quesito, o grande concorrente do Blogger da Google sempre foi e sempre será o Wordpress. A Automatic oferece um serviço de hospedagem baseado em Wordpress que é referência nesse segmento, embora não seja o único em sua categoria. Neste artigo em inglês é possível ver pelo menos mais cinco serviços também baseados na plataforma livre.

 

Fontes:



Traduções: por que se faz tão pouco?

18 de Janeiro de 2014, 0:08, por Adriano Araújo Duarte

O trabalho de tradução na ambiência do Software Livre geralmente é relegada a segundo plano. Aqueles versados na área de programação normalmente se engajam na parte de desenvolvimento e os demais usuários/integrantes da comunidade consideram ou como uma atividade inferior, ou incapazes de fazer traduções pela falta de conhecimento do idioma estrangeiro (muitas vezes até pela falta de conhecimento do próprio idioma materno...). Também existe no imaginário nerd tupiniquim que quem usa Software Livre tem que ler tudo em inglês. E o que vemos é um exército de analfabetos funcionais no idioma gringo.
Particularmente, acho tudo isso uma bobagem e um desserviço não só ao Software Livre, mas também à sociedade como um todo. Traduzir aplicativos e documentação significa, de maneira mais ampla, proporcionar a todas as pessoas que lêem e falam seu idioma natal oportunidade para conhecer, estudar, entender e usar aquelas ferramentas de software, o que pode fazer a diferença na dita "inclusão digital".
Ultimamente tenho me dedicado à tradução do sistema operacional Haiku, do Synfig Studio e do Tupi 2D Magic. É uma experiência bastante enriquecedora. Através deste trabalho voluntário - não recebo um centavo pra isso - posso conhecer mais profundamente cada um desses aplicativos, seus desenvolvedores e colaboradores, bem como reforçar meus conhecimentos em línguas estrangeiras. Atualmente faço um curso de inglês pago pela empresa onde trabalho e as traduções servem como atividade complementar para reforçar o entendimento da língua. É através de traduções que compreendi, por exemplo, como diferenciar um escritor nativo de um estrangeiro com conhecimentos medianos do inglês. Sim, eu não sou um "bambambam", mas os equívocos alheios muitas vezes são perceptíveis.
Apesar de não ganhar dinheiro, às vezes o tradutor é recompensado de alguma forma pelo mantenedor da tradução, geralmente o próprio desenvolvedor do aplicativo/sistema. Na tradução do pacote de treinamento do Synfig, por exemplo, ganhei acesso grátis ao curso em inglês. A versão paga custa $40. Mas, muito mais do que isso, traduzir o curso me permitiu contato diireto com Konstantin Dmitriev, líder do Morevna Project e uma das cabeças do Synfig Studio. Não que ele seja inacessível por outros meios, mas traduzir me faz sentir parte da equipe de desenvolvimento.
Nas oportunidades que tive de traduzir o Synfig e o Tupi, observei que os trabalhos eram iniciados por alguns colaboradores mas, algum tempo depois, eram abandonados, sem continuidade por outras pessoas. É a síndrome da empolgação inicial: no início tudo são flores, mas depois de algum tempo a vida pessoal fala mais alto e o utilitarismo toma conta: "Não estou ganhando nada com isso. Melhor eu ir cuidar da minha vida". Uma triste mas real constatação.
Não se engane: não estou fazendo isso apenas porque sou bonzinho. Claro que tenho intenções com esse trabalho. Primeiro, traduzo geralmente projetos cujos produtos vou utilizar. Nos casos citados, estou focando minha carreira para um projeto com meu irmão e um amigo que é experiente no mercado de animação. Portanto, conhecer ferramentas de animação 2D e 3D em Linux é fundamental. Nosso projeto também visa a capacitação de crianças e jovens nas ferramentas citadas, dando oportunidades a elas no mercado aquecido da animação. O próprio projeto Morevna faz algo semelhante na Rússia. Assim, dispor de ferramentas e documentação traduzidas para o português é absolutamente necessário.
Quanto ao Haiku, trata-se de uma alternativa promissora ao Linux, com uma performance muito boa em equipamentos antigos e atuais. No futuro, espero poder usar o Synfig e o Tupi no Haiku, o que seria uma combinação perfeita. Assim, estou construindo hoje tanto o meu futuro como o de tantos outros que pensem semelhantemente.
Assim, se você não é um programador e deseja ajudar o movimento de Software Livre, ajude na tradução da sua ferramenta de software favorita, facilitando o acesso de quem não domina a língua inglesa. Ganham você, a comunidade e toda a sociedade lusófona - sim, portugueses, angolanos e até galegos se beneficiam das traduções para o Português, ainda que no nosso "sotaque" brasileiro. Pense nisso.

 



Fork, remix ou spin: qual é a sua, meu rei?

26 de Janeiro de 2012, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Nos comentários dos blogs sobre GNU/Linux volta e meia aparecem as velhas discussões sobre a existência de um número muito grande de distribuições, que isso enfraquece o movimento, que os desenvolvedores deveriam se concentrar em um ou outro medalhão que se firmou no mercado, que distros nacionais são natimortas, que distros estrangeiras são geniais, e blá blá blá...
O fato é que nem sempre aquilo que nos é oferecido pelos desenvolvedores ou pela comunidade nos atende plenamente e as quatro liberdades do Software Livre nos convida à customização, para que estejamos plenamente (ou ao menos razoavelmente) satisfeitos com os softwares que temos para nosso uso.
Dando um exemplo prático, eu comecei a me interessar por programas voltados à pintura digital, edição de imagens e Desktop Publishing. Praticamente todas as distros atuais oferecem ferramentas voltadas para essa área, mas não são focadas. O Ubuntu Studio, por exemplo, é mais voltado para a edição de áudio e vídeo. Além do que, eu gostaria que a distro fosse mais enxuta, a interface gráfica fosse mais leve que os dominantes KDE e Gnome, houvesse suporte ã minha mesa digitalizadora e tivesse um ar mais brazuca.
Os críticos de plantão certamente me lançariam pedras por estar fazendo derivação de trabalho, deixando de ajudar uma distro maior, de estar sendo egoísta, que eu deveria usar Ubuntu, etc. Ao dizerem isso, estão tolhendo a minha liberdade de escolha, ao imporem o seu ponto de vista e os seus interesses. Pouco importa se só eu penso dessa forma: existe uma demanda e ela deve ser atendida. E a equipe da distro original não tem o mínimo interesse de me atender, por razões óbvias.
Se resolvo pegar um .iso de uma distro conhecida e colocar a mão na massa, as críticas aumentam e a torcida pelo meu fracasso também. Nem mesmo posso dizer que estou criando uma distro nova. No máximo, estou criando um remix. Mas poderia ser um fork. Ou um spin. Qual a diferença? Tive que pesquisar um bocado pra achar alguma coisa que explicasse...
Em geral a gênese de uma distro novata é outra distro maior, com o qual compartilha os repositórios. Quando a comunidade de desenvolvedores e mantenedores aumenta, ela cria sua própria base de pacotes, tornando-se cada vez mais distante e independente da distro original. Quando isso acontece, é dito que foi feito um fork da distro original. Um exemplo emblemático disso é o Mageia, fork do Mandriva, surgido após a primeira grande crise financeira da distro franco-brasileira. Criado pelos ex-funcionários da Mandriva, o Mageia se mantém fiel à base do Mandriva 2010, lançado antes do Mandriva passar ao controle de acionistas russos e adotar as inovações do Rosa (leia-se Rossa) Lab. Forks geralmente ocorrem quando há discordância no seio da comunidade, provocando o racha.
Quando uma distro lança versões alternativas oficiais de si mesma, estas passam a ser spins. Esse termo é usado pelo pessoal do Fedora para referir-se às suas versões específicas com KDE, a voltada para games, a multimídia tipo o Ubuntu Studio, etc. Note que a distro permanece a mesma, utiliza os mesmos repositórios da distro original, etc. Apenas seu .iso é customizado.
Semelhante ao spin é o remix. A diferença é que no remix a equipe mantenedora geralmente não é a mesma da distro original, embora possa ser apoiada e até encorajada por eles. É o caso da maioria das distros novas que pululam por aí, atendendo a todos os gostos e preferências. E seria o meu caso, se eu tivesse começado a montagem da minha distro personalizada. Outro exemplo seriam as .iso produzidas no SuSE Studio, que nesse caso são versões customizadas do OpenSuSE geradas via Web pelo próprio usuário. Serviria para mim, caso o OpenSuSE tivesse suporte à minha tablet gráfica.
É claro que existem também distros originais que não são oriundas de nenhuma outra, possuem sistema de empacotamento próprio e até filosofia única. Mas estas exigem uma equipe mais técnica e uma dedicação bem maior para sua manutenção.
Pretendo montar meu remix a partir do Mandriva 2011, caso ele permaneça ativo. Há quem sonhe com uma volta da distro brazuca Conectiva, o que seria uma boa, pois nos meus planos está o uso do gerenciador de janelas WindowMaker, criado pelo brasileiro Alfredo Kojima.
Abraços livres!



Distros Nacionais: o caminho é profissionalizar

13 de Agosto de 2010, 0:00, por Software Livre Brasil - 22 comentários

Esta semana acompanhei as discussões no site http://br-linux.org sobre o suposto avanço do nome Ubuntu em popularidade, suplantando o nome Linux (http://br-linux.org/2010/ubuntu-ultrapassando-a-popularidade-do-linux-acho-que-nao/) e sobre a “morte” das distros nacionais (http://br-linux.org/2010/distribuicoes-nacionais-estao-morrendo-–-e-kurumin-ainda-e-a-mais-popular). Os pontos que me chamam a atenção em todo este discurso é: 1) usuários GNU/Linux brasileiros que opinam sobre distros tendem a menosprezar as iniciativas nacionais e incensar as distros estrangeiras; 2) o Ubuntu é o que hoje por ter toda uma estrutura empresarial por trás dele, a Canonical; 3) por conta do disposto no primeiro item, algumas distros nacionais, como a GoblinX/ImagineOS e DreamLinux, optaram por se dedicar a mercados falantes de língua inglesa e vão bem, obrigado; 4) distros mantidas por empresas possuem desenvolvimento continuado, por serem sustentáveis.

Não há como negar que ninguém vive de “brisa amorosa”: todo e qualquer projeto, para manter-se vivo, precisa ser auto-sustentável. Todos as grandes distros conhecidas possuem uma empresa ou fundação amparando-as financeiramente e com infra-estrutura. O interesse é claro: criar um ecossistema de produtos e serviços ao redor da distro ou gerar conhecimento e aplicações que alimentarão seus produtos principais – e pagos. A visão é e será sempre o lucro, e isso não é ruim.

No geral, os críticos têm razão ao afirmar que a maioria das distros nacionais nem mereceriam o título de distribuição, uma vez que são, no máximo, personalizações ou remasterizações de uma outra distro maior e mais utilizada.

O que não cabe, porém, é atacar e minimizar estas iniciativas que, bem ou mal, atendem aos interesses de nichos de mercado, mesmo que este seja o próprio ego do mantenedor. Por outro lado, fala-se muito em contribuir para as distros principais, mas há um ponto geralmente omitido por muitos críticos: nem sempre sua distro favorita terá interesse em implementar a sugestão que você ofereceu, por motivos os mais diversos. O Ekaaty Linux surgiu por esse motivo: a equipe do Fedora não aceitou a sugestão de alguns embaixadores brasileiros, os quais decidiram pela criação de uma outra distribuição que contemplasse as mudanças, gerando mais estabilidade do sistema e maior facilidade de uso, divergindo em muitos aspectos do Fedora original.

Podemos usar uma analogia semelhante a que Stallman usou em Revolution OS, o filme: a culinária. Suponhamos que você foi a um restaurante e saboreou uma deliciosa carne de sol. A carne é muito boa e tal, mas você gostaria que colocassem um pouco de queijo ralado ao servir a carne. O garçom lhe traz o queijo ralado em uma vasilha e permite que coloque a vontade. Você passa a adorar a carne de sol e sempre come naquele restaurante, pedindo o queijo ralado. Sugere a outras pessoas que frequentem aquele restaurante, pois a carne de sol com queijo ralado de lá é maravilhosa. As pessoas vão e gostam. O número de pessoas que querem a carne de sol com queijo ralado cresce, mas o restaurante mantém no cardápio a carne sem o queijo. Então você sugere que eles sirvam a carne já com o queijo, como um prato diferenciado. Contudo, o dono do restaurante argumenta: “há 20 anos que sirvo carne de sol sem queijo e ninguém reclamou. Vou oferecer o queijo apenas se solicitarem” e não aceita a sugestão. Então você e alguns dos que queriam que a carne já viesse com o queijo resolvem abrir um restaurante para oferecer carne de sol com queijo ralado. Ambos os restaurantes são sustentáveis, possuem clientela constante e não há prejuízo nem pra um, nem pra outro.

Contudo, alguém observando de fora os acontecimentos diz: “Que desperdício de mão de obra! E ainda divide a clientela! Por que o pessoal que serve carne de sol com queijo não se junta com a que serve carne de sol sem queijo para servir uma melhor carne de sol? Acho que esse pessoal deveria fechar as portas, é um empreendimento morto! Vão pra casa comer sua carne de sol com queijo e ajudem o restaurante a servir carne de sol sem queijo!” Parece absurdo, não? Mas é o que muitos fazem ao criticar iniciativas brasileiras de novas distros. Ninguém é obrigado a comer carne de sol com queijo ralado, mas ninguém pode impedir alguém de abrir um restaurante para servir este prato específico.

Observem que aqui há um componente extra: estamos falando de empreendimento. E as distros nacionais que vigoram hoje falham justamente neste aspecto. Muitos mantenedores encaram a coisa como um hobby, algo para fazer nas horas vagas, sem critério ou planejamento. E querem obter reconhecimento e usuários dessa forma. É uma doce ilusão. Não estamos mais em 1991. Nenhum de nós é Linus Torvalds. E nem estamos desenvolvendo um kernel novo. Distros novas que querem vingar precisam: 1) ter propósito, visão de futuro e valores que contemplem o público-alvo, e não os mantenedores/desenvolvedores; 2) entender e obedecer as leis do mercado (produto, preço e prazo); 3) ter equipes dedicadas ao desenvolvimento e suporte técnico; e 4) identificar e manter fontes de recursos para dar sustentabilidade ao projeto. Não entrarei em detalhes sobre estes tópicos, pois existe vasta literatura na área de Administração que trata destes e de outros assuntos relevantes.

Se a finalidade de “fazer” uma distro é só para satisfazer o ego do mantenedor, pode esquecer o que está escrito aqui. Mas se a intenção é fazer uma séria concorrência com as distros tradicionais, angariar usuários e buscar seu lugar ao sol no mundo do Software Livre, este texto é só um pontapé inicial. Uma distribuição é um empreendimento e deve ser sempre encarado como tal.

 



Marina Silva não sabe do SL no Governo?? Valei-me, Jesus!!

7 de Agosto de 2010, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Vi um Buzz do Google esta manhã sobre uma mensagem da candidata do PV à presidência da República, Marina Silva, perguntando o seguinte: “Software livre: quais são as vantagens e desvantagens no uso governamental? Quais são os principais casos?” No mesmo buzz havia a resposta do paladino Sérgio Amadeu a essa pergunta. (http://www.trezentos.blog.br/?p=4873)
Mas me preocupa deveras que a referida candidata, a esta altura do campeonato, tendo já transitado entre as mais altas esferas do governo, esteja se perguntando sobre as vantagens e desvantagens do SL. Será que não havia um BrOffice.org instalado nos computadores do seu gabinete (Ministério do Meio Ambiente)? Será ela uma analfabeta digital? Pior: estará ela sendo cooptada pela Microsoft a adotar uma estratégia semelhante à de Serra, apenas para se distanciar do discurso de Dilma/Lula?
Se, no afã de cuidar de assuntos ambientais, ela adotou um Neoludismo (aversão a tecnologia), seu projeto ambientalista está capenga. Hoje, é imperioso que o projeto de sustentabilidade ambiental englobe a Tecnologia da Informação, uma das atividades mais poluentes do planeta, dada a sua obsolescência acelerada. Com SL, podemos dar sobrevida a computadores mais antigos e modestos, reduzindo sensivelmente o impacto ambiental destes componentes, além da economia gerada com a redução de aquisição de novos hardwares.
Estou fortemente propenso a votar em Marina Silva no primeiro turno. Contudo, cumpre a ela definir sua posição quanto ao SL e sua aplicação na sociedade brasileira como um todo. Caso ela desbandere para o lado de Serra nesse quesito, não perderei meu tempo e voto - terá que ser Dilma na cabeça, pois essa já tem o discurso pronto.



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