Post de Felipe Fonseca
Originalmente publicado no blog RedeLabs
Ao longo do segundo semestre de 2014, a Coordenação-Geral de Cultura Digital do Ministério da Cultura desenvolveu um levantamento sobre o estado da arte em arranjos experimentais criativos em cultura digital. A intenção do estudo era fornecer subsídios para a elaboração de políticas públicas relevantes para a área. Eu fui convidado a coordenar este levantamento, para o qual contei com a valiosa ajuda de Luciana Fleischman. Estudamos partes da história recente da cultura digital brasileira, entrevistamos pessoas envolvidas com projetos no Brasil, América Latina e restante do mundo, e por fim fizemos algumas recomendações.
É de amplo conhecimento o papel de protagonismo internacional assumido pela estratégia de cultura digital concebida e adotada pelo Minc a partir de 2003. Entretanto, se as bases daquela estratégia eram perfeitamente adequadas para meados da década passada, hoje os tempos são outros. Não mudaram somente a infraestrutura de rede e o acesso a equipamentos conectados (em 2003, por exemplo, a internet sem fios praticamente inexistia no Brasil), como mudaram também diversas questões de imaginário e contexto. Se naquela época a indústria do entretenimento (e, cumpre notar, boa parte dos produtores e agentes da cultura) resistia à digitalização, hoje o perigo mora no outro extremo, com um panorama de total captura pelos algoritmos de digitalização e constante mensuração, avaliação e venda de informações pessoais e coletivas por corporações internacionais. Passamos por ondas sucessivas de adoção, uso e desaparecimento de serviços online, redes sociais, celebridades e equipamentos. Talvez ainda mais importante para o momento atual, perdemos muitas ilusões com as revelações de Edward Snowden que mostraram como a geopolítica continua sendo um aspecto central da sociedade contemporânea.
Nesse contexto, quais seriam os caminhos para rearticular o potencial formulador da cultura digital brasileira? Para explorar esta questão, entrevistamos um monte de gente interessante atuando com laboratórios experimentais e outros projetos que podem, em uma perspectiva mais ampla de laboratórios, ser entendidos como tais. Em outras palavras: tratamos de expandir a visão de laboratório para muito além da usual “sala recheada de equipamentos”. Encontramos processos experimentais em residências artísticas, ocupações temporárias, parcerias com escolas e muitos outros arranjos, frequentemente temporários e precários. São espaços criativos e dinâmicos, nos quais emerge muito do que é feito de interessante nos dias atuais.
O estudo tem três partes, que estão disponíveis para acesso online no website Rede//Labs:
- Arranjos Experimentais Criativos em Cultura Digital (I): Mapeamento (2014),
- Arranjos Experimentais Criativos em Cultura Digital (II): Contexto e Recomendações (2014),
- Arranjos Experimentais Criativos em Cultura Digital (III): Estratégias (2014)
O estudo está disponível para download em formato PDF no Scribd (1ª Parte, 2ª Parte, 3ª Parte).
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