Uma das 50 personalidades do ano pela revista Scientific American e um dos 100 formandos mais importantes da Universidade de Harvard, Tim Wu é professor da Columbia Law School, integra o grupo de reforma da mídia da Free Press e é um dos principais articuladores do movimento Save the Internet, além de pesquisador dos direitos autorais e da política de telecomunicações. Nesta entrevista ao Fórum da Cultura Digital Brasileira, Wu fala sobre provedores, copyright e identifica o maior inimigo da liberdade na rede.
Ele também estará presente ao Seminário Cidadania e Redes Digitais com Langdon Winner e Alexander Galloway.
O FCC americano tem adotado medidas para garantir a neutralidade na rede. No Brasil, ainda há resistência por parte dos órgãos reguladores em debater medidas semelhantes. Com base na experiência americana e de seu conhecimento a respeito da internet do Brasil, o que você sugere como estratégia diante dos provedores pela neutralidade?
Acho que começa por afirmar princípios – que é a coisa mais importante a fazer em primeiro lugar. Expor que a Internet é concebida como um fórum de livre expressão, e que, em geral, todos devem ser livres para manter contato com quem quiserem.
Depois de ter uma política como essa, você pode constatar se ela é violada. Mas isso começa com uma política.
O copyright ainda é um dos pilares da indústria cultural e com base nele o acesso à cultura torna-se bastante limitado. Ao mesmo tempo, as novas tecnologias têm possibilitado cada vez mais a difusão cultural e a democratização do acesso. Como superar a lógica dos grandes produtores?
Grandes produtores dependem do copyright, e continuarão a gerir os seus negócios dessa maneira. Essa é a única maneira que sabem, e é difícil de mudar. Mas a minha grande esperança é que os artistas individualmente governem o futuro, e que o poder dos grandes produtores decline lentamente. Esta não é uma queda súbita, mas mais como uma desaparecimento do antigo modelo de negócios.
Neste contexto global de tentativas de repressão, que dificuldades você enxerga para liberdade na internet? Quem você identifica como inimigos?
Há, naturalmente, Estados repressivos. No entanto, penso que, globalmente, o maior inimigo da internet livre é o telefone. O telefone é uma ferramenta maravilhosa, mas tem uma ideologia muito diferente da internet. É uma ideologia que é impulsionada pela propriedade dos fios e do espectro e pelo interesse da companhia telefônica no lucro. Essa é uma ideia muito diferente da Internet.
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