Com ‘Primo’, uma interface de desenvolvimento de software com ‘cara de brinquedo’, crianças aprendem lógica de programação antes mesmo de serem alfabetizadas.
‘Primo’ é um jogo, um brinquedo formado por um kit de peças montáveis que usa formas, cores e consciência espacial para ensinar lógica de programação para crianças. O objetivo é criar uma experiência de aprendizagem táctil, envolvente e mágica, e assim descortinar as possibilidades das linguagens de ‘programação’ para a mente infantil de forma agradável e divertida.
O projeto apareceu inicialmente no site de crowdfunding ‘KickStarter”, e rapidamente alcançou os recursos pretendidos. Seu principal mérito é criar método de aprendizado que empodera as crianças como criadores, e não apenas consumidores neste mundo digitalizado em que vivemos. Insistimos em entreter nossos filhos com tablets e smartphones, mas nos esquecemos que as crianças aprendem de forma mais eficaz através do brincadeiras físicas, tácteis. Isto é cultura digital!
O Kit de Peças
Primo é um jogo / brinquedo constituído por um kit de peças com 3 itens principais, que combinados criam a experiência de aprendizado proposta.
1 • “Cubetto” um robô amigável.
2 • O “Tabuleiro”, uma interface física (analógica) de programação
3 • O “Código”, composto por um conjunto de blocos de instrução (frente, esquerda, direita e função)
Como funciona?
O objetivo do jogo é guiar o Cubetto ao seu destino, que pode ser representado por uma casa, um grande cubo, ou qualquer outro objeto de sua escolha.
O robô executa em seqüência as instruções colocadas no tabuleiro. Ao jogar com Primo, as crianças experimentar com a sequência de instruções.
Não há uma única solução ou caminho a seguir, e também é interessante ver como crianças diferentes chegam a soluções diferentes.
A Sequência (queue/fila)
A “seqüência” é, basicamente, onde as crianças estão “jogando”. Ao criar uma seqüência de instruções para que o ‘Cubbeto’ chegue ao seu destino, as crianças tornam-se gradualmente mais familiarizadas com conceitos muito importantes que representa as bases lógicas da programação real.
Dominando o “bloco de funções”
O bloco verde simboliza uma “função”, e cada vez que aparece na “sequencia”, invoca a última linha de comandos no tabuleiro, que abrange o conjunto de até quatro instruções. Este recurso simboliza uma sub-rotina representada no tabuleiro. Uma vez assimilado, o recurso “função” introduz novas e potentes possibilidades no processo de resolução de problemas. Há também uma maneira de “hackear” a linha de função para estabelecer um loop infinito!
Primo é Open Source
Primo nasceu como um conceito na universidade , em SUPSI Lugano, onde o primeiro protótipo foi realizado. Com o objetivo de transformar o conceito em um produto real, o protótipo foi melhor desenvolvido no FabLab de Turim, sempre utilizando placas Arduino, cortadores a laser e impressoras 3D. Sem as ferramentas de fabricação digital , a tecnologia open source, e a cultura do compartilhamento promovida no âmbito da comunidade Maker, Primo não estaria aqui.
Todos os arquivos fonte e documentação do Primo estarão disponíveis no website Primo.io sob uma licença Creative Commons, incentivando fabricantes de todo o mundo a hackear, melhorar e brincar com o conceito lançado.
“Coração de Arduino”
O projeto Primo participa no projeto “Arduino at Heart‘, o que significa que o núcleo eletrônico de Primo é de fato totalmente compatível com Arduino. Está incluido no projeto o desenvolvimento e compartilhamento de uma específica para simplificar as interações do robô.
“Programe ou Seja Programado”
É com grande satisfação que compartilhamos informações sobre o projeto Primo, que além de explorar de forma lúdica um grande desafio dos dias de hoje, que é o ensino de lógica de programação para crianças, também incorpora em sua execução os princípios de abertura típicos da cultura digital.
O século 21 evidencia o surgimento de novas elites, que estão baseadas no conhecimento profundo sobre o código que fundamenta o ecossistema digital. Formar nossos jovens na lógica fundamental de funcionamento deste código deve ser alvo da política pública, até por uma questão de soberania nacional.
Mas além disso, o conhecimento do código e das possibilidades do ecossistema digital pode disseminar a inovação em diversos setores da sociedade, os quais precisam urgentemente ser repensados. A cultura hacker, em outros locais reconhecida como cultura maker, e que aqui no Brasil se organiza e auto intitula como cultura digital, tem demonstrado este potencial de questionar o ‘sistema operacional’ que determina o funcionamento da política, da economia, das cidades, etc.
No vídeo abaixo, Douglas Rushkoff, teórico da mídia que reflete sobre o impacto do digital na sociedade, apresenta ótimos motivos para colocarmos o conhecimento do código como prioridade na sociedade do conhecimento. “Programe ou seja Programado“.
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