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População Negra pede Socorro

27 de Agosto de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - 1Um comentário | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Na sociedade contemporânea, percebe-se de forma inquestionável uma retomada de valores e premissas eugenistas que ratificam a situação de assepsia social e limpeza étnica.

Por Jaqueline Barreto || Publicada originalmente em www.nucleoomidudu.org.br

Campanha Nacional Contra o Extermio da Juventude Negra

Campanha Nacional Contra o Extermio da Juventude Negra

Na sociedade contemporânea, percebe-se de forma inquestionável uma retomada de valores e premissas eugenistas que ratificam a situação de assepsia social e limpeza étnica. Os jovens negros devido ao seu fenótipo e condição social, representam para o Estado e o aparato policial, elementos indesejáveis que devem ser eliminados do convívio social. Jovem, negro, morador da periferia de Salvador, com idade entre 15 e 29 anos é considerado de antemão como um perigoso em potencial. Através da atuação de grupos de extermínio aliada a um sistema policial intrinsecamente racista está ocorrendo um verdadeiro genocídio da juventude negra na capital baiana.

Salvador, com essas execuções sumárias, está imersa em um processo de constitucionalização da pena de morte. A concepção de Estado Democrático e de Direito está completamente esquecida e em vez disso, a sociedade assiste de braços cruzados uma situação clara de racismo institucional. Desse modo, cláusulas e conceitos defendidos pela Constituição de 1988 não passam de letras mortas. O direito a defesa e a responder processo judicial estão sendo negados e negligenciados. A condenação, promovida pela polícia da caatinga de “pai faz, polícia mata” posta em prática sob o auspício da Secretaria de Segurança Pública do Estado, não permite a esses prováveis “bandidos” ou “marginais” como queiram intitular, o direito nem a ser presos.

De acordo com o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, em 2004, das 706 vítimas de homicídios em Salvador, com idade entre 15 e 29 anos, 699 eram negros e 7 brancos. Ou seja, um jovem negro tem 30 vezes mais chances de ser o próximo nome na lista das vítimas que um jovem branco.Infelizmente, esse cenário não se restringe à realidade soteropolitana. Segundo dados da (Organização dos Estados ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) no Brasil, a taxa de homicídios de negros é 74% superior a de brancos).

Esse quadro desenhado pela violência policial lembra estudos de cientistas do Séc. XIX que partiram do postulado de que o homem negro devido a algumas características físicas como braços largos, mãos avantajadas e estatura elevada, era um criminoso em potencial. Assim, nesse contexto de “laboratório Racial”, o racismo encontrou força no carimbo da ciência. Os homens negros foram apontados como elementos de alta probabilidade ao crime.

Portanto, espera-se que a Secretaria de Segurança Pública de forma conjunta com o Estado brasileiro revisem suas práticas nazi-fascistas e concebam a violência não apenas por um olhar estigmatizado e preconceituoso e sim, como resultante de um processo histórico de exclusão e abandono social. Afinal de contas, esse quadro de extermínio subtrai um dos principais pilares de sustentação da dita cidadania.


Fonte: Cecup - Ba

1Um comentário

  • E8a56fbc47b47766111ef921ade88ed7?only path=false&size=50&d=404George Cardoso(usuário não autenticado)
    14 de Outubro de 2009, 22:07

    é necessário um novo levante...

    Ler esse artigo é praticamente como reler um fato importante da história de luta da população negra da Bahia na primeira metade do século XIX, quando lembro dos versos da canção do Malê que diz "a comunidade negra clama numa só voz: reparação já! (...) levanta a cabeça, acorda negro. É hora da união". É da consciência coletiva-popular que é aguardado esse novo levante contra essa injustiça. para isso, é necessário noticiar mais e mais essas atrocidades. É uma vergonha já, de cara, que o IML da Cidade de Salvador leva o nome desse pseudo-doutor, que cuja maior tese foi apontar por um racismo científico a pré-disposição física do negro para a marginalidade.
    É preciso reler a obra "O genocídio do negro brasileiro" do doutor Abdias do Nascimento e repensarmos as prioridades sociais, judiciais, governamentais... dum país de maioria física e cultural de afrodescendentes.


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