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Centenário de nascimento de Marighela será comemorado com anistia de baianos

5 de Dezembro de 2011, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Caravana da Anistia promove sessão no dia 6 de dezembro

A 53ª Caravana da Anistia estará em Salvador para celebrar o Centenário de nascimento de Carlos Marighela – militante morto pela Ditadura Militar, em 1969. A homenagem é travestida de importante ação política. Na ocasião, serão anistiados sete baianos (lista abaixo), entre eles Juvenal, da famosa barraca de Itapuã. O evento é uma promoção do Ministério da Justiça em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado.

A programação se divide em dois dias: no dia 5 de dezembro (segunda-feira), às 15h, acontece uma sessão de apreciação de requerimentos de anistia política de Carlos Marighela. Às 20h, no Cine Glauber Rocha, no Espaço Cultural Unibanco, na Praça Castro Alves, será exibido, em sessão especial, o documentário Marighella, de Isa Ferraz.

No dia 6 de dezembro (terça-feira), as atividades serão retomadas, a partir das 9h, no Conselho Estadual de Cultura. Às 14h, acontece Sessão de Apreciação de Requerimentos da Anistia. Neste momento serão anunciados os baianos anistiados. São eles: Juvenal Silva Souza, Lourival Gusmão, Edvaldo Dias, Delmiro Martinez Baqueiro, Manoel Barreto da Rocha Neto, Luiz Carlos Barbosa Costa, Sinval Araújo de Andrade, Lucia Maria Pereira de Andrade, Nilton Jorge Kosminsky, Evan Felipe de Souza, Edmundo Dias de Farias, Jairo Cedraz de Oliveira, Luiz Carlos Café da Silva, Aristiliano Soeira Braga, Lourival Soares Gusmão, Josafá Costa Miranda, Tânia Aarão Reis, Mário Barbate e Wesley Macedo de Almeida, natural de Jequié, hoje sofrendo graves transtornos mentais em função da tortura.

O evento é aberto ao público. “Marighella foi um revolucionário importante na luta contra a ditadura no Brasil. Membro do Partido Comunista e depois da ALN, foi preso diversas vezes e acabou sendo brutalmente assassinado em 1969, em São Paulo. Foi um ícone de luta contra a Ditadura, um grande homem, que deu a vida pelo seu ideal”, declarou Ana Guedes, da direção do Grupo Tortura Nunca Mais na Bahia e da Comissão Nacional da Anistia.

BIOGRAFIA

Carlos Marighella nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de dezembro de 1911. Era filho de imigrante italiano com uma negra descendente dos haussás, conhecidos pela combatividade nas sublevações contra a escravidão. De origem humilde, ainda adolescente despertou para as lutas sociais. Aos 18 anos iniciou curso de Engenharia na Escola Politécnica da Bahia e tornou-se militante do Partido Comunista, dedicando sua vida à causa dos trabalhadores, da independência nacional e do socialismo.

Conheceu a prisão pela primeira vez em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor Juracy Magalhães. Libertado, prosseguiria na militância política, interrompendo os estudos universitários no 3o ano, em 1932, quando deslocou-se para o Rio de Janeiro.

Em 1o de maio de 1936 Marighella foi novamente preso e enfrentou, durante 23 dias, as terríveis torturas da polícia de Filinto Müller. Permaneceu encarcerado por um ano e, quando solto pela “macedada” – nome da medida que libertou os presos políticos sem condenação — deixou o exemplo de uma tenacidade impressionante

Transferindo-se para São Paulo, Marighella passou a agir em torno de dois eixos: a reorganização dos revolucionários comunistas, duramente atingidos pela repressão, e o combate ao terror imposto pela ditadura de Getúlio Vargas.

Voltaria aos cárceres em 1939, sendo mais uma vez torturado de forma brutal na Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo, mas se negando a fornecer qualquer informação à polícia. Na CPI que investigaria os crimes do Estado Novo o médico Dr. Nilo Rodrigues deporia que, com referência a Marighella, nunca vira tamanha resistência a maus tratos nem tanta bravura.

Recolhido aos presídios de Fernando de Noronha e Ilha Grande pelo seis anos seguintes, ele dirigiria sua energia revolucionária ao trabalho de educação cultural e política dos companheiros de cadeia.

Anistiado em abril de 1945, participou do processo de redemocratização do país e da reorganização do Partido Comunista na legalidade. Deposto o ditador Vargas e convocadas eleições gerais, foi eleito deputado federal constituinte pelo estado da Bahia. Seria apontado como um dos mais aguerridos parlamentares de todas as bancadas, proferindo, em menos de dois anos, cerca de duzentos discursos em que tomou, invariavelmente, a defesa das aspirações operárias, denunciando as péssimas condições de vida do povo brasileiro e a crescente penetração imperialista no país.

Com o mandato cassado pela repressão que o governo Dutra desencadeou contra o comunistas, Marighella foi obrigado a retornar à clandestinidade em 1948, condição em que permaneceria por mais de duas décadas, até seu assassinato.

O endurecimento do regime militar, a partir do final de 1968, culminou numa repressão sem precedentes. Marighella passou a ser apontado como Inimigo Público Número Um, transformando-se em alvo de uma caçada que envolveu, a nível nacional, toda a estrutura da polícia política. Na noite de 4 de novembro de 1969 – há exatos 30 anos — surpreendido por uma emboscada na alameda Casa Branca, na capital paulista, Carlos Marighella tombou varado pelas balas dos agentes do DOPS sob a chefia do delegado Sérgio Paranhos Fleury.

Publicação: 02/12/11 | 16H12 - Última Atualização: 02/12/11 | 16H12

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