Fonte: Jornal do Império
Os quadrinhos começaram entre os anos 40 e 50, com histórias curtas e de rápida conclusão e diversos seguimentos focados em gêneros como terror e ação. Não é fato desconhecido que naqueles tempos, as mulheres tinham uma importância mínima ou nenhuma para o desenvolvimento da história apresentada, e, mesmo quando tinha, geralmente era para alavancar o papel do herói na história.
A partir dos anos 60, com a consolidação de heróis que temos até hoje, tivemos o começo das aparições de membros femininos nas equipes, mas ainda era bastante raro, com uma média de 1 mulher a cada 4 ou 5 personagens masculinos. E dessas poucas mulheres que apareciam, elas possuíam muito mais a função de “embelezamento da equipe”, alívio cômico na história ou eram o interesse romântico do herói principal.
Chegando nas décadas de 70 e 80 é onde temos o boom das personagens femininas. Com as equipes já conhecidas, as editoras começaram a apostar em outros seguimentos de heróis e dessa gama surgiram várias versões femininas de heróis já existentes, nesse caso temos como exemplo a Miss Marvel, Mulher Hulk e Mulher Aranha. Um fato importante sobre essa época é que as mulheres tinham como enfoque não só a beleza ou romances, todas elas tiveram histórias e arcos muito bem desenvolvidos.
A década de 90 quebrou essa bom ritmo da representatividade das mulheres nos quadrinhos. As duas décadas passadas, onde houveram histórias profundas e arcos desenvolvidos, deram lugar a banalização do corpo da mulher com personagens que mais uma vez servia apenas para o deleite masculino com suas roupas curtas e apertadas. Mas, ultimamente, essa situação vem mudando novamente e desenhistas e roteiristas vêm cada vez mais buscando ter uma visão feminina para suas histórias.
Além das mudanças nas histórias, o público feminino também vem crescendo ao longo dos anos, um pesquisa recente feita pela Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação (Esamc) revelou o perfil dos leitores de quadrinhos. Apesar dos homens ainda serem maioria com 85,1%, o estudo mostra o crescimento do envolvimento das mulheres, atingindo 14,8%, valores semelhantes aos da pesquisa do site Omelete sobre o Universo nerd/geek.
Levantamento do blog Papo de Quadrinho, especializado em HQs, também apontou aumento, com 31% do público leitor feminino contra 69% masculino. As mulheres vem ocupando espaço como personagens, leitoras e também como roteiristas. Diversos sites tem seu conteúdo apenas de quadrinhos produzidos por mulheres e histórias como o “Lady’s Comics”. A saga “Universos Desconstruídos” também é outro bom exemplo, a coletânea é composta apenas de histórias com mulheres e discute questões de sexualidade, raça e gênero.
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